Capítulo 17 Arcanjo Uriel

263 6 1
                                    

O Arcanjo Rafael levantou uma das mãos, se concentrou e conjurou uma forte luz branca que cobriu todo o deserto, Natan tapou os olhos com a palma das mãos, pois a energia de seu irmão era muito forte.

Ao abrir os olhos, Uriel se viu no Éden, nos arredores do seu castelo.

-Como viemos parar aqui Rafael?- Perguntou Natan apreciando o lugar.

-Nós voltamos no tempo, chegamos aqui através das suas lembranças, mas somos meros espectadores, não podemos mudar o que já passou.

-Bons tempos... Sussurrou o celestial.

-Uriel, veja quem você era, preste bem atenção. Falou Rafael.

Quando os anjos eram criados, as Potestades os designava para suas funções, na maioria das vezes para auxiliar os Arcanjos no mundo humano. Alguns eram designados para ajudar Rafael em seus experimentos científicos e cura de enfermos. Outros para o serviço de comunicação junto a Gabriel. Uma parte eram enviados para o centro de treinamento de combate junto ao Arcanjo Uriel e o restante iria para o Arcanjo Miguel para se tornarem anjos da guarda, permanecendo ao lado de um ser humano em tempo integral até sua morte ou quando o mesmo se torna ateu, ai nesse caso, o anjo da guarda tem a autorização para retornar ao céu para servir em outra função.

Natan olhava atentamente o que se passou.

Um tempo ensolarado, sem a presença de nuvens e com uma leve rajadas de vento para refrescar o lugar, o máximo que fazia era entardecer, depois o sol voltava a raiar seus raios solares, pois no Éden não havia noite.

Eram cerca de cinco mil anjos em fila indiana aos arredores do castelo de Uriel, muitos cochichavam entre eles. Um celestial olhou para o outro ao lado e falou:

- Dizem que esse Arcanjo é desprovido de misericórdia, a criatura maligna que atravessar seu caminho, sente o corte da sua lâmina.- É mesmo? - Perguntou o anjo. Um outro celestial complementou: - Ouvi falar que foi Uriel que matou os primogênitos do Egito antigo na época do profeta Moisés.- Nossa ele já derramou sangue humano! - Um anjo veterano me contou que esse Arcanjo e mais dez outros anjos combateram sozinhos, um exército de mil Demônios e saiu vitorioso. Esses e muitos mais relatos sobre Uriel eram comentado entre os anjos na fila.

O Arcanjo estava ausente. Na frente de onde os anjos estavam, havia um palanque e os cochichos se tornaram conversas sem fim. Foi quando um ser magro e de baixa estatura, trajando uma túnica marrom com um cordão preto em volta da cintura e descalço, subiu na estrutura de diamante para que todos o avistasse. Imediatamente todos os anjos cessaram as conversas paralelas. Nem toda beleza em volta do lugar chamava tanta atenção quanto ao ser que estava em cima daquele palanque, era Uriel. Ele estava com o semblante sério, ouvia de longe todos os comentários a seu respeito, mas não dava importância, pois no fim das contas, tudo era verdade.

Quando o silêncio tomou conta do lugar, com uma voz calma, mas num tom sério, o Arcanjo começou o pronunciamento:

- Irmãos... É um prazer conhecer vocês. Meu nome é Uriel. O meu treinamento se baseia em táticas de combates e métodos eficazes para o manuseio de suas espadas perante o inimigo. Enfrentarão Demônios, almas penadas, bestas e tudo que represente o mal para o ser humano.

Depois de uma pequena pausa, o Arcanjo continuou:

- Antes de tudo, preciso explicar alguns detalhes para que o entendimento dos senhores sejam eficaz.

Todos os anjos estavam muitos atentos com as palavras do Arcanjo.

- Nós, seres celestiais, somos imortais, desde que não tenhamos o nosso coração perfurado. É o nosso ponto fraco. Dentro de nossa aura, em nossas veias, percorre sangue, ele é azulado. Esse líquido divino que nos dar a existência, é uns dos maiores objetos de desejos dos Demônios, por isso, quando forem para o campo de batalha, se caírem perante o inimigo, serão devorados.

Muitos anjos arreganharam os olhos e sentiram um frio na espinha com as últimas palavras do Arcanjo.

- Além de combater, temos que proteger os humanos, somos proibidos de tocá-los, machucá-los e não podemos mostrar a nossa forma física a eles. O sangue deles é vermelho porque são corrompidos pelo pecado.- Quando estiverem no campo de batalha, destrua o inimigo, sem misericórdia, não dialoguem e tenham certeza que os mataram, pois os Demônios são seres que não merecem a existência, não terão pena de vocês, lembrem-se, eles desejam destruição, morte e o sangue dos senhores. Não procuram a redenção, pois escolheram o lado sombrio, o sangue maléfico é escuro como o petróleo.

Mais um momento de silêncio.

-O meu comando consiste em guerra, esse é o propósito para quem habita em meu castelo, irão para diversos tipos de batalhas e passarão pelos piores tipos de conflitos contra o mal. Muitos irão cair, eu não posso proteger a existência de todos, por isso se algum de vocês quiserem se transferir para o grupo de algum outro arcanjo, não tem problema.

Nenhum celestial pediu para sair, eles estavam prontos para que o destino os reservou.

Um anjo levantou a mão, tinha uma pergunta, Uriel deu a palavra:

-Se por acaso, um de nós cair pela espada do inimigo, o que acontece a seguir?

-Quando um anjo morre, a aura é levada para o mundo das almas mortas, conhecida como o terceiro mundo. Não faço minima ideia de como seja esse lugar. -Respondeu o Arcanjo.

Todos os anjos compreenderam tudo que o Uriel falou até o momento.

- Tudo bem, dentro do meu castelo estão alguns anjos veteranos, vocês irão até lá e eles lhe entregarão armaduras e espadas para o treinamento começar.

Mais uma turma se iniciando, pensou o Arcanjo, ele já fizera isso diversas vezes, fez muitas amizades com o seu contingente, viu muitos serem mortos e derramou muitas lágrimas a escondida por causa disso, mas para ele, a vida é um rio que segue o seu rumo.

Natan assistia essa cena com muito entusiasmo, eram lembranças maravilhosas para ele.

E então, tudo ficou branco novamente, a ponto de quase cegar Uriel. Ao abrir os olhos, estava de volta ao fim do abismo, ele e Rafael sobre as areias do deserto.

-Viu quem tu eras? - Falou Rafael- Um comandante absoluto, cheio de brilho, um guardião do Éden.

-Depois que o Anjo de luz se rebelou contra nosso Pai, a minha existência se destinou a guerra contra ele, isso foi a muito tempo.- Falou Uriel - Irmão, eu já derramei muito sangue inimigo, perdi companheiros de batalhas, irmãos de guerra que morreria por mim de novo se fosse preciso, trago comigo diversas cicatrizes, por toda a aura. Não tinha a consciência que algum dia, eu corria o risco de quebrar as regras divinas.

-Você se perdeu do seu caminho no início da guerra cósmica. Vamos voltar no tempo até aquela época.      

ArcanjosOnde histórias criam vida. Descubra agora