Arcanos entrou na sala de reunião e avistou toda a classe celestial. Eles o aguardavam para o início do debate.
O assunto era o Arcanjo Uriel e a quebra da sua punição. A maioria optava por aplicar uma punição ainda mais severa, outros já queriam o declarar um Nefilin, ou seja, um anjo caído, tendo como sentença a expulsão do mundo dos céus. Miguel, Gabriel e Rafael insistiam na tese de um outro julgamento. Arcanos ouviu todos os lados e todas as opções possíveis sobre o que fazer com o Arcanjo Uriel.
Após ser jogado no portal de fogo pelos ceifeiros, a Áurea do Celeste queimava, as penas de suas asas em instantes viraram cinzas. Ele caia rumo ao inferno. Uma queda no abismo coberto de chamas sem fim.
Após sair do portal, Uriel caiu com tudo no solo infernal. Depois de superar a dor da queda e das queimaduras, o Arcanjo se levantou e viu o lugar onde estava. No solo havia ossos humanos, a terra era úmida, mas não de água e sim de sangue. Cidades destruídas e abandonadas, prédios e outras construções em ruínas. O aroma do inferno era de carne apodrecida. Dava para enxergar as coisas devido ao crepúsculo que tinha um tom amarelado, pois havia fogo quase que por todo lado.
Uriel nunca tinha visto essa parte do inferno, estava perdido. Não avistou nenhuma alma humana no lugar, mas sentia o chão tremer, algo se aproximava. Foi quando que uma alma que se escondia o chamou.
- Rápido, se esconda, venha por aqui, rápido. - Falou a alma alertando o Arcanjo.
O celeste correu e se escondeu na fenda de umas rochas, junto com a alma que o chamou.
- Quem é você? - sussurrou o Arcanjo para a alma.
- Meu nome é Adam, depois conversamos, vamos esperar o perigo ir embora.
Mal a alma parou de falar, uma horda de cães infernais apareceram no lugar. Conhecidos no mundo dos homens como lobisomens, os cães infernais eram seres que devoravam tudo o que viam pela frente. Mas as almas que eles achavam mais saborosas eram as suicidas, pois eram as mais fracas e cheias de medo.
Um dos cães se aproximou das rochas onde Uriel e Adam estavam escondidos. A fera peluda com suas enormes garras, estava a procura de algo para comer, quando ela iria entrar na fenda onde o celeste estava, eis que uma alma suicida cai ali próximo. Não deu tempo nem de averiguar o lugar, as feras foram para cima e devoraram a alma em questão de segundos. A única coisa que Uriel e Adam poderiam fazer era ouvir os gritos da presa que tinha a sua Áurea sendo despedaçada.
- Se eu tivesse uma espada, cortaria esses bichos aos pedaços. - sussurrou o Arcanjo.
- É uma longa história que te conto depois, mas tenho uma espada guardada.- Falou Adam.
- Onde conseguiu ? - Perguntou Uriel.
- Não temos tempo, o maldito já farejou o seu cheiro, rápido, temos que fazer algo. - insistiu Adam.
O aflito sobrevivente entregou a espada para Uriel.
- Faça o que você falou que iria fazer. - Falou Adam.
Uriel não pensou muito, pegou a lâmina e saiu do esconderijo.
Em campo aberto, o Arcanjo tirou a espada da bainha, e percebeu que era uma Katana. Estranhamente a lâmina possuía dois gumes, mesmo sendo uma espada curva.
- O que essa lendária arma faz nas mãos dessa pobre alma? - Pensou Uriel olhando para o esconderijo de Adam.
Os cães infernais avistaram o Arcanjo e foram em seu encontro. Essas feras o tempo todo tinham fome.
Depois de apreciar a Katana, Uriel a pegou com firmeza nas mãos e ficou à espera das criaturas infernais que se aproximavam.
Era um total de seis cães infernais. Seus dentes longos e afiados estavam banhados com a asquerosa saliva misturado com o sangue da alma que eles devoraram a pouco tempo. Seus pêlos escuros, olhos vermelhos e um robusto corpo intimidava o Arcanjo.
Uma fera lançou um ataque com suas garras, Uriel se desviou e com a lâmina, ele cortou o braço do infernal. Se virando rapidamente, arrancou a cabeça de outra criatura que se aproximava. Após isso, o Arcanjo deu um pulo para trás e se desviou de outro ataque. Levantando a Katana, ele deu um golpe em diagonal, cortando a fera e fazendo esguichar muito sangue. Girando a espada rapidamente, Uriel rasgou a barriga de outra criatura, fazendo suas vísceras caírem no chão. Os cães infernais pararam e começaram a rosnar. O Arcanjo pegou fôlego, pois se sentia cansado. Não demorou muito, ele partiu para o ataque trespassando um dos inimigos com a espada. Puxando a Katana, cortou em diagonal o tórax de outra fera. Restava apenas mais uma, justamente a que estava com o braço decepado. A fera sangrava, mas sua fome era mais forte que sua dor. Mesmo sem chance alguma de vitória, ela partiu para atacar o Arcanjo, que se desviou e deu um golpe mortal aniquilando a criatura de uma vez por todas.
Após a batalha, Uriel limpou a Katana nos trapos que vestia, a guardou na bainha e chamou por Adam.
- Pode vim… As feras foram contidas.
Adam saiu da escuridão do esconderijo e se aproximou do Celeste.
- Você me deve explicação. - Falou Uriel entregando a espada para seu dono.
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Arcanjos
FantasíaEsta é a história do Arcanjo Uriel, condenado a ter uma vida humana por consequências de seus atos como um celestial, ele enfrenta as dificuldades da vida e da justiça dos homens. Apaixonado, o Arcanjo conhece a morte, caminha pelo inferno, cruza o...