Capítulo 3

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Acordei logo cedo para o treinamento de manuseio de espadas. Já estava bem treinado em movimentar as espadas de forma rápida e estratégica. Meus avanços estavam cada vez maiores e melhores.

- Vamos Sir Nicolau, costumava ser mais rápido com seus golpes. - dizia com um sorriso sarcástico afrontando o cavaleiro durante o treinamento.

- Vossa alteza está tendo bons avanços, e em tão pouco tempo, isso é impressionante. - falou ele tentando me desarmar com sua espada.

- Você acha mesmo? "Espera só até ver o que farei" - pensei.

Ele continuou dando golpes contra minha espada e em todos consegui defender-me. Até que em um certo momento eu me deixei errar um golpe propositalmente, sabia que ele iria atacar por outro lado se fizesse isso, estava escrito no seu rosto, era óbvio.

Quando ele percebeu meu erro e viu um espaço de me derrotar, tentou acertar minha mão para que derrubasse minha espada, mas como já estava esperando por isso, contra-ataquei retirando a espada da mão dele e deixando a ponta da minha em seu rosto.

- Um deslize desse em uma guerra e o Sir perde a cabeça. - falei o encarando.

- Sim alteza. Treinarei mais meus movimentos. - abaixei a espada após ele falar. - você tem habilidades igual a seu pai.

Ele era o cavaleiro de confiança di meu pai, estava na família a anos. Antes de meu pai morrer ele o fez prometer que nos treinaria e nos defenderia de tudo. E assim vem fazendo.

Após o treinamento, tomei um banho e fui para meu quarto descansar antes do almoço. Apesar de ser muito novo e as vezes frágil em relação a algumas coisas, eu busquei focar em meus treinamentos para que pudesse tê-los como defesa. E estava me saindo muito bem.

Meu irmão não sabia de meus avanços, pois pedia ao Sir Nicolau apenas dizer que estava indo bem, caso perguntasse.

Cochilei um pouco para repor as energias e desci para o almoço. Na mesa, meu irmão falava com o Duque sobre a festa de boas vindas a família real que acabara de chegar no reino vizinho. Pelo que entendi, ele e a princesa de lá seriam apresentados nessa festa.

- Vossa Majestade acha que para o sábado dará tempo? - perguntava o duque.

- Claro, veja os inúmeros empregados que temos. Hoje ainda é quinta, terão tempo suficiente para preparar tudo.

Meu irmão poderia não agir bem comigo, me tratar de forma grotesca, mas não poderia negar que ele era um ótimo rei. Sabia administrar bem, pela pouca idade, e tinha garra e coragem. Ele não tratava os outros da mesma forma que tratava a mim, já havia percebido isso, ele era duro com os outros mas sabia relevar muita coisa.

- Príncipe Charlie, ansioso para a festa? - perguntou o duque me tirando de meus pensamentos.

- Um pouco, não gosto muito de festas. Acho que não me dou bem com essas formalidades. - fui sincero. Não tinha costumes com esses eventos do reino, apesar de gostar muito ds alegria do povo e de estar com o povo, mas as formalidades me deixavam com um pé atrás.

- Você é um príncipe, Charlie, preciso lembrar-lhe disso sempre? - falou Ethan. - Logo fará dezoito anos, precisa começar a tomar jeito.

- Tudo no seu tempo, irmão. Estou aprendendo aos poucos. - falei.

- Nossa mãe alisou muito sua cabeça, olha no que deu, está ai fraco e não cresce. Na sua idade eu já fazia de tudo por esse reino.

- Acontece que você é o primeiro sucessor, essa era sua função. - falei. Acho que esse excesso de responsabilidade nele o transformou em alguém mais seco.

- Você está muito alterado ultimamente, exijo mais respeito de sua parte. - falou em tom sério.

- Perdão, majestade. - disse.

Meu irmão e o Duque Teodoro continuaram a conversar sobre a festa. Descobri que o Rei era ainda mais novo que meu irmão, dezenove anos, e que a princesa estava prestes a fazer dezoito. Ao se levantarem da mesa, chamei meu irmão.

- Ethan, posso ir passear pelo bosque hoje a tarde?

- Não. Você estará ocupado. - falou.
- Como assim ocupado? Não tenho nada programado, fiz meu treinamento logo ced...

- Você vai no alfaiate, Charlie. - falou me interrompendo. - Precisa de trajes para a festa, não podemos causar má impressão para minha futura família. - disse piscando. - Agora suba pro seu quarto. Já cansei de sua voz por hoje.

Subi pro meu quarto muito furioso. Não sei por quanto tempo eu vou aguentar isso. E porque ele precisa que eu vá se já tem todas as minhas medidas?

Deitei na minha cama e pensei se teria uma maneira de avisar ao Henrique que não poderei ir, mas adormeci tentando encontrar uma forma de avisa-lo. Me acordei e já era noite.

- Droga, não acredito que fiz isso. - falei lamentando.

Meu irmão não mandou virem chamar para ir no alfaiate. Como havia dito que faria. Sai e perguntei ao primeiro cavaleiro se haviam me procurado para ir provar as roupas.

- Não, Alteza. O Rei mandou avisarem ao alfaiate para fazer as roupas pela manhã.

Eu não acredito que ele mentiu só para não deixar eu sair e impedir que eu fosse mesmo assim. Típico dele fazer isso.

Nesta noite meu jantar foi levado ao quarto. Ele deve ter enjoado mesmo de minha cara. Poderia preservar assim por muito tempo. Juro que não reclamaria.

A sexta passou rápido, treinei pela manhã. Fui para o jardim do palácio a tarde. Recebíamos nas sextas a tarde, no Jardim, moradores da cidade do reino para que houvessem tarde de leitura, onde um professor contratados pelo Rei liam histórias dos antigos reis e diversas ficções. Era tradição há anos. Meu pai costumava ler, lembro vagamente como ele contava as suas histórias. Convenci meu irmão à um tempo que me deixasse ler as ficções para eles. Não sei como, mas ele foi de acordo com isso.

Abro os olhos pela manhã, e vejo uma movimentação lá fora pela janela. Logo lembrei que era sábado, o dia da festa.

Os Dois Lados do Espelho (romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora