Capítulo 17

6.2K 806 170
                                    

Acordei leve e sorrindo. Fiquei deitado na cama, pensando no que tinha acontecido no dia anterior. Era como se fosse um sonho. Mas não era, eu estava acordado. Não tinha certeza do que isso significava, mas acho que estava apaixonado. Sorri ao pensar isso. Deve ser assim que é está apaixonado. Sentir-se feliz só em lembrar da pessoa. Apaixonado pelo Henrique. 

Parei um pouco ao pensar isso. Meio que cai na real e percebi onde esses meus pensamentos estavam indo. 

- Eu não posso está apaixonado por outro homem. - falei pra mim mesmo. 

Em todas as histórias que já li, ou ouvi, nunca nenhuma relatava de amor entre homens. Eu só sei que príncipes tem suas princesas e reis suas rainhas... Isso estava me deixando confuso e angustiado. 

Porque temer por algo que é tão bom? Eu não entendia o porque de achar que isso poderia ser errado se eu estava feliz. Resolvo me levantar da cama e sair do quarto. Saio meio perdido nos meus pensamentos e esbarro em alguém. 

- Se foi assim que comandou o reino esses dias, tenho certeza que fiz a pior das escolhas em deixá-lo cuidando de tudo. - disse meu irmão. 

- Ethan... Você voltou? - disse surpreso. - Achei que viria só amanhã. 

- Triste com minha volta, irmãozinho? - perguntou em tom de deboche. 

- Fico aliviado que tenha voltado bem. - me resumo em falar apenas isso. E saio para a cozinha.
Meu ânimo mudou completamente depois desse pequeno encontro com o Ethan. 

- Vejo que já encontrou seu irmão. - disse Antonela me observando ao chegar na cozinha. 

- Já sim. De volta a meu inferno particular agora. - disse e percebi o quão dramático fui. - E agora serei obrigado a tomar café na mesa com ele. 

- Ele é seu irmão, Charlie. Um pouco de paciência. - disse Antonela. 

Fiz uma cara de tédio. Eu estava ficando muito chateado com a maneira que ele me tratava. Não conseguia mais ficar na defensiva com isso. Me deixava muito triste, mas estava disposto a tentar enfrentá-lo. Ainda mais pelo Henrique... 

Deuses, o que foi isso que acabei de pensar? Retira isso da minha cabeça. Ou... 

- Antonela... Você acha que toda forma de afeto entre os seres humanos é válida? - perguntei sério.

Ela soltou o pano que estava na mão e pensou um pouco. 

- Acredito que sim. Devemos sempre amar o próximo e semear o bem. Isso te faz um grande homem. - falou me fazendo sorrir. 

Sai da cozinha e fui para a mesa, sentar com meu irmão para o café. Ele havia acabado de sentar. O Duque também estava sentado na mesa e conversava alguma coisa com meu irmão, que não tive interesse em ouvir. Sentei e comecei a fazer minha refeição. 

- Parabéns irmãozinho, vejo que não destruiu nenhum reino esses dias. - falou sarcástico. 

- Não precisa me chamar de "irmãozinho" percebo seu deboche ao pronunciar isso de forma irônica a distâncias. - falei e temi o que viria em seguida. 

Ele me olhou meio boquiaberto. Ele não acreditava que eu havia o enfrentado e nem eu acreditava que havia feito isso. Eles colocou os dois cotovelos sobre a mesa e as mãos dobradas abaixo do queixo me olhando. 

- Duque, deixe-nos a sós. Por favor. - pediu ele. - Vejo que acordou um pouco ácido hoje. Acho que o poder de está no meu lugar deve ter subido a cabeça... Mas eu voltei. - disse firme.
Eu tremi todo, mas não podia voltar atrás. Tinha que desafiá-lo para saber o porque desse ódio. Não aguentava mais conviver com isso. 

- Eu só estou cansado de você me tratar como qualquer resíduo. - disse tentando parecer firme. 

- E vai fazer o que? Acha que me desafiar vai mudar algo Charlie? HA HA HA, faça-me o favor. Você não é nem um pouco esperto. - tomou um pouco de suco ao terminar de falar, ainda me encarando. 

Eu estava tremendo com a situação. Ele percebeu isso. Eu sabia que não conseguiria continuar agindo assim por muito tempo. 

- Já terminei. Com licença. - falei me levantando. 

- Eu não acabei Charlie, senta. - ordenou ele. 

- Mas eu já... - ele me interrompe. 

- SENTA NESSA MALDITA CADEIRA. - falou em um tom alterado e eu sentei com mais medo ainda. - Você começou com isso, agora vai ouvir... Não sei de onde está tirando essa coragem toda pra me desafiar, mas até imagino... Seu namoradinho deve está botando coisas na sua cabeça. - falava ele áspero. 

Eu gelei ao ouvir ele falar "namoradinho". Porque ele havia dito isso aqui? Não estava entendendo. 

- Não sei o que está querendo dizer. Mas você está completamente enganado. - me defendi. 

- Acha mesmo que eu somos tolos Charlie? - como assim somos tolos? De quem ele estava falando. - Eu só espero que você esqueça isso que esteja pensando. Seja lá o que for. Eu não permitirei pouca vergonha vindo de você. 

- Você está maluco. Não está falando nada com nada. - disse. 

- Ela estava certa. Óbvio que você ia se defender. - ela quem? Do que ele estava falando. Ou melhor, de quem ele estava falando e o que tinha a ver comigo? - E eu achando que continuaria tolo e ia se abrir pro irmão aqui... Eu quero que você suba e está proibido de ver qualquer pessoa até que eu diga ao contrário. 

Eu subi para meu quarto e me deitei. Eu sabia que tinha outra pessoa envolvida nessa história, só não sabia quem. Mas ia descobrir quem e o porque. 

Longe dali 

- Mãe... Cheguei. Aqueles cavalos que estavam saindo, não tinham símbolos de nosso reino. Quem estava aqui?

(foto: autoria própria)

Os Dois Lados do Espelho (romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora