Capítulo 8

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- Rainha Úrsula, é um prazer revê-la. - disse meu irmão beijando a mão dela.

- Que rapaz formidável. - disse ela a meu irmão. - Entrem e fiquem a vontade.

Entramos acompanhando ela. Toda a decoração era rústica e bonita. Haviam vários quadros e móveis antigos, era tudo cheio arrumado detalhadamente, com muita graça e harmonia.

- A quanto tempo existe esse reino? - perguntei enquanto caminhávamos.

- Não sei ao certo, minha família está aqui a oito gerações. Mas antes já tiveram outras. - respondeu ela.

- Nossa. É tudo muito belo. - disse admirado com o local.

Andamos mais um pouco, e chegamos a uma sala onde havia poltronas. Lá estava o Rei Henrique e a Princesa Valentina, que sorriram ao nos ver entrando.

A princesa estava usando um vestido simples, mas belo, seus cabelos estavam soltos e repartidos ao meio. Linda, como na última vez que havia visto. Henrique estava com uma calça preta e uma camisa branca. Não estava trajado formalmente, mas estava esplendido.

- Mãe, não avisou que teríamos visitas. - disse Henrique se aproximando. - Sejam Bem vindos. - falou apertando a mão do meu irmão. E me olhando em seguida e sorrindo.

A princesa se levantou para nos cumprimentar saudosamente. Meu irmão beijou a sua mão e em um gesto de simpatia a elogiou.

- Está bela, tão linda quanto um raio de sol. - disse.

- Encantada. - respondeu ela.
Todos sentamos e a rainha então chama um de seus cavaleiros.

- Sir, leve o Príncipe Charlie até a biblioteca onde está o príncipe Arthur.

- Não precisa, mãe. Eu mesmo o levo. - falou Henrique. - Quero pegar o álbum de fotos do Pai para mostrar ao Ethan.

- Será ótimo. - Disse ela. - Você sabia que conhecíamos sua família. Acredito que nesse álbum deva ter uma foto nossa com eles. A última vez que os vimos vocês eram apenas crianças.

- Sério? - disse meu irmão surpreso e sorrindo depois. - Isso é incrível. Sinto-me mais de casa agora.

- Gostaria de ver também. - digo.

Henrique se levantou e me conduziu pelo corredor. Ia na frente e eu o seguia atrás. Caminhamos por alguns corredores, achei que não iria acabar mais. Era realmente muito grande.

- Você resolveu cumprir sua promessa cedo. É um homem de palavra. - falava entre sorrisos. Não estava vendo, mas podia perceber que estava sorrindo.

- Na verdade não foi escolha minha. - falei seco. - Digo, apenas segui meu irmão... não que eu não quisesse vir. Enfim. – decidi não tentar mais me explicar.

Ele ficou calado, entramos numa sala. E ele se virou para mim.

- A biblioteca fica ao lado, mas quero falar com você um minutinho. - disse ele. - Sente-se.

Eu não sentei. Permaneci em pé o encarando.

- Porque você quer tanto me ver? Digo, você é um Rei e eu sou apenas um Príncipe que por consequência do destino vou entrar na sua família, meio que indiretamente. Mas até mesmo antes de saber disso você já queria me ver... - falava rápido e ele me interrompeu.

- Calma, Charlie. Assim você não vai conseguir respirar. – falou ele sorrindo. - Eu te conheço a um tempo, na verdade. Eu vi você na floresta algumas vezes, mas tive receio de me aproximar. Não sabia como iria reagir. Costumava andar muito por lá. - explicava.

- Então você estava me vigiando? - questionei.

- Não. Pelo menos não era essa intenção. - defendeu-se. - Eu te encontrei chorando uma vez lá. E quis me aproximar, mas como falei, tive medo de sua reação. E lhe vi outras vezes, me parecia está sempre triste.

- Não deveria observar os outros dessa forma. Algumas pessoas precisam de um tempo sozinhas. - falei firme e um tanto envergonhado com sua confissão.

- Eu sei, desculpa. Eu me preocupei. - falou se aproximando. - Dai você esbarrou em mim, e depois descobri que era um Príncipe. Me pergunto como alguém tão encantador pode ficar triste dessa forma.

- E... eu ainda sinto a perda de minha mãe. - abaixei a cabeça.

Ele então leva a mão até meu rosto e com o indicador alisa meu rosto. Nesse momento senti novamente aquela sensação estranha.

- Tem certeza de que é apenas isso? – questionou ele com um tom de voz suave que fez meu corpo inteiro se arrepiar.

- Você tem de voltar. - Falei me afastando.

Ele segurou meu braço e aproximou seu rosto do meu ouvido.

- Não precisa ficar na defensiva. Só quero que saiba que pode contar comigo. Se em algum momento alguém lhe ferir ou algo de ruim te afetar. Pode me procurar. - disse e me soltou em seguida.

Ele caminhou até a porta e entramos na biblioteca. Ele pegou o livro e saiu.
O Príncipe Arthur estava sentado lendo um livro. Ao me ver seu rosto enche de felicidade.

- Você veio mesmo. - disse vindo até onde eu estava.

- Não poderia deixar de vir. - falei. Sentamos em uma mesa onde haviam vários livros antigos.

A biblioteca era maior que a nossa, tinham estantes com vários livros.
Eu estava definitivamente encantado com tudo aquilo. Era incrível.

- Então, após conversamos ontem, tive a curiosidade de vir aqui e procurar sobre o assunto. - falou ele me entregando um livro.

Ao pegar vejo que era um livro antigo e estava um pouco empoeirado.

- Bruxas e feiticeiras. - lia o nome do livro.

Olhei para o lado e vi vários outros com o mesmo tema. "As filhas de Salem". "Feitiços". "O sobrenatural entre os humanos." Mas o que me chamou mais atenção, foi um que parecia um documentário de algum escritor. Na capa estava escrito "Histórias reais de bruxas entre os reinos."
Olhei pra ele de olhos abertos. E ele olhou pra mim um pouco entusiasmado.

- Acha mesmo que isso é possível? Existir seres sobrenaturais entre nós? - perguntou ele.

- Acredito que temos muito o que analisar agora.

Os Dois Lados do Espelho (romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora