Capítulo 26

5.1K 714 55
                                    

Narrado por Henrique

Consegui uma vestimenta dos soldados do Ethan e me infiltrei entre eles. Para está sempre por perto, e poder segui-lo sem ser reconhecido, já que havia capacetes que cobriam todo o rosto. Essa era a única forma de poder encontrar o Charles antes dele.


Me juntei aos demais soldados e fiquei a espreita, esperando algum movimento do Ethan. Algum tempo depois ele se aproxima de onde estávamos e então anuncia.


- Preciso sair agora em uma missão, e terei que levar alguns de vocês comigo. Os demais ficarão aqui no Castelo, atentos para qualquer movimento suspeito. Ninguém entra e ninguém sai, além de mim. - ele dava as ordens, enquanto eu me segurava com todas as forças para não avançar em cima dele. - Vocês três irão vir comigo. - disse apontando para os três que estavam na minha frente.


Droga, precisava pensar em algo e rápido, não podia ficar ali e deixá-lo ir. Sai de onde estava os demais e me escondi no estábulo onde estavam os cavalos. Poucos instantes depois um dos escolhidos para acompanhar o Ethan vai até lá pegar alguns cavalos. Espero ele separar os cavalos e com uma pedra bato na cabeça dele o fazendo cair desmaiado no chão. Arrasto seu corpo para dentro e escondo atrás de alguns fenos. Certifico se ele continua vivo e se realmente está apenas desacordado.


Os demais chegam onde eu estava, e seguimos de encontro ao Ethan que já estava a nossa espera. Saímos do castelo em direção a floresta. Cavalgamos algumas milhas até o Ethan ordenar que parássemos.


- Você. - aponta o dedo para mim. - Irá me acompanhar, os demais esperem aqui até eu retornar.


Ele desce do cavalo e faço o mesmo. Sigo ele por entre as árvores da floresta. As árvores daquele lugar eram grandes e haviam muitas flores e frutos. Deveria ser alguma propriedade de camponês. Avisto uma casa grande e algumas plantações ao lado. Nos aproximamos do local, me mantinha sempre em silêncio para que ele não pudesse me reconhecer.


De longe, vejo um corpo jogado no chão na frente da casa. Precisei chegar mais perto para reconhecer. Era ele, Charles.


Narrado por Ethan


Não vejo a hora de poder colocar as mãos naquele insolente, ousou me desafiar achando que eu ia deixar por isso mesmo. Pensava enquanto caminhava a procura da casa que a Úrsula havia falado. Depois de caminhar mais um pouco, avisto a casa e um corpo na escadaria. Provavelmente deve ser do meu irmãozinho. Sorrio de leve ao ver ele ali. Precisava andar rápido, ele não permaneceria desacordado por muito tempo.


Me aproximo do corpo dele e me agacho.


- É irmãozinho, parece que finalmente agora você vai ter o que merece. - digo passando a mão em seu rosto. Ouço o barulho de uma espada sendo empunhada.


- Fique longe dele. - dizia uma voz conhecida atrás de mim. Me levanto e me viro devagar.


- Hora, hora... se não é meu querido cunhadinho. - dou um sorriso e bato palmas. - Você está de parabéns, não esperava que fosse tão esperto a esse ponto.


- Não me faça pedir novamente... fica longe dele. - disse levantando a espada. Já estava perdendo a paciência com ele. Retiro a espada e a seguro firme.


- Se você prefere tratar as coisas dessa forma. Vamos tratar dessa forma. - avanço para cima dele.


Trocamos alguns golpes até ele me acertar no braço esquerdo. O infeliz havia cortado meu braço. Isso não vai ficar assim. Volto a empunhar a espada com mais firmeza, e espero ele me atacar. Ele vem e vejo toda ira no seu olhar, tenta me acertar, mas revido. Tenta novamente e me defendo. Até o ponto que o ataco e nossas espadas caem no chão.


- Prefiro desta forma. - digo indo até ele e agarrando-o pelo pescoço. - Se você quer ficar com meu irmão, você vai ficar, mas é debaixo da terra.


Dou um soco em seu rosto e ele cai. Chuto seu estômago para garantir que ele fique deitado. Me viro para ir de encontro a meu irmão. Mas não o encontro deitado.


- Que diabos... - me viro procurando por ele e não o vejo. Me viro novamente e o encontro em pé me olhando. - Ah, aí está você. Vamos conversar um pouco, irmãozinho. - estendo a mão para ele.


- Não tenho nada pra conversar com você. - ele diz e sai correndo.


Corro atrás dele, tentando não o perder de vista. Me encontro no meio da floresta, olhando para todos os lados a procura dele. Não o encontrava em lugar algum. Maldito.


- Charlie... Apareça, você não pode se esconder de mim para sempre. - gritava o procurando. - CHARLIE! - ouço algo se mover atrás de alguns arbustos. - Peguei você.


Vejo ele correndo e vou atrás dele. Ele corria mancando, devia ter se machucado enquanto se escondia. Paramos perto de um penhasco, ele não tinha mais pra onde correr. É agora que eu pego você.


Narrado por Charlie


- Por favor Ethan, não me machuca. - dizia assustado enquanto ele se aproximava. - Eu juro sumir se você quiser. - meus olhos já transbordavam e meu corpo tremia de medo.


- As coisas não precisavam acabar dessa forma, mas você quis dificulta-las, terá que sofrer as consequências agora. - ele terminou de falar segurando forte em meus braços e me empurrando para trás, mas próximo do penhasco. - Tudo vai parecer um acidente. - disse sorrindo.


Eu estava chorando. Olhei para trás e vi o quão alto era o lugar e não iria escapar daquela queda vivo. Voltei a olhar para ele, seu rosto estava coberto de fúria. Suas mãos tremiam enquanto me segurava. Ele parecia estar lutando forte com alguém. Vejo então uma lágrima descer do seu olho. Uma única lágrima descia de seu olho, em meio aquela fúria que dominava sua face.


Em um momento de desespero, chuto entre suas pernas o fazendo gritar de dor, me soltando e escorregando em seguida. Tudo aconteceu muito rápido e não consegui acompanhar. Mas quando abro os olhos, o vejo pendurado no penhasco. Segurando-se com as duas mãos para não cair. Fico imóvel.


- Charlie. - era Henrique. - Se afasta, vem comigo. - ele me chamava enquanto eu continuava lá de joelhos. Meus olhos choravam sem ao menos perceber.


- Não... não posso. - dizia baixo. Me aproximei do penhasco e estiquei a mão para o Ethan. - Segura minha mão, por favor. - suplicava para que ele o fizesse.


Em um impulso ele segura minha mão tentando subir. Mas ao invés disso, o peso do seu corpo faz com que eu seja arrastado para frente.


- NÃO! - grita Henrique.

Os Dois Lados do Espelho (romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora