O outro lado do espelho

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Eu não fazia ideia se o Ethan continuava alimentando o ódio e ciúmes pelo irmão ou se tinha parado com o tempo. 

Após visitá-los pela primeira vez, percebi que o Ethan tinha ciúmes do irmão mais novo e poderia usar isso a meu favor. Óbvio que era aquele ciúme de irmão mais velho, coisa de criança. Mas se isso avançasse de uma forma negativa com o tempo, poderia causar discórdia na família. Aurora teria dois filhos em confronto e poderia assim ter minha vingança concluída. Ver a sua família em ruínas. 

Então lancei um feitiço contra ele. Fui visitá-los novamente, e eu só precisava de uma demonstração de inveja ou raiva pra por meu feitiço em prática. Foi aí que pensei em colocar o Charlie no meu colo e dar muito carinho a ele, Ethan ao ver a cena ficou furioso. Tiro certeiro. Assim que a raiva surgiu, dei a ele uma dose de minha magia. A cada novo ataque de ciúmes, mesmo que o mais bobo, seu ódio pelo irmão aumentaria mais um pouco. 

Ao ver a atitude dele com o Charlie aqui na sala de casa, percebi que o que havia feito anos atrás ainda estava intacto. Percebi também que os pirralhos de minha irmã estavam feitos bobos pelo Charlie, e se continuasse assim, logo logo o Henrique estaria apaixonado por ele. Não seria a primeira vez que isso aconteceria. Antes o pai dele interferiu, fazendo que esse sentimento que vinha semeando por outro homem não florescesse. E agora, se esse sentimento surgir pelo Charlie, não terá mais pai para impedir e não poderei vê-lo infeliz. 

Precisava intervir, e rápido. 

- Salomão! Onde você está Salomão. - chamava o mensageiro da sala. - Diabos, onde será que esse incompetente pode ter ido. 

Alguns segundos depois ele aparece de prontidão para me atender. 

- Me chamou, majestade. - disse fazendo reverência. 

- Sim, meu querido. Gostaria que entregasse esse bilhete ao Rei Ethan, do reino vizinho. É muito importante, não deixe o meu filho ficar sabendo. É assunto de genro e nora. - ordenei e ele cumpriu. Saindo da sala. 

Pedi na mensagem que ele viesse até mim, para conversarmos. Recebi mais tarde a confirmação que ele viria logo após a viagem. Esbanjei um sorriso ao ler. 

Alguns dias depois Ethan chega no palácio, e eu o recebo. Como Arthur e Henrique havia saído, e Valentina estava com costura, não precisaria mentir para eles. 

- Úrsula, estás bela, como sempre. - disse Ethan beijando minha mão. 

- Obrigado, gentileza sua. - falei o pedindo pra sentar em seguida. - Tenho algo pra te falar, que me preocupa muito... - comecei dizendo, ele fez logo uma cara de assustado. - Então, seu irmão está tramando algo contra você. - disse direta. 

- Como assim? Ele não é capaz de matar um inseto. - falou ele espantado. 

- Eu não falaria nada se não fosse meu futuro genro, e me preocupasse com seu futuro... Ele esta encantando meu filho Henrique, que tem...como posso dizer... Desejos por homens. - ele parecia incrédulo com o que falava. - E está conquistando para tomar posso deste reino e futuramente o seu. 

- E como sabe disso? De que forma descobriu? - perguntava curioso. 

- Eu o ouvi outro dia, falava com alguém aqui. Não pude ver quem era. Acredito que está pagando um dos empregados. 

Ethan estava furioso, percebi que ele acreditou em cada palavra que falei. E isso era ótimo. Trocamos mais algumas palavras e ele anunciou que iria embora, estava cansado da viagem. Mas que daria um jeito nisso. Me despedi dele e continuei na sala. 

- Tenho que conseguir completar o que comecei há anos atrás. Não posso me perder desta vez, preciso de foco. E pensar bem... Pelo menos percebi que meu feitiço não foi quebrado ainda. E isso é ótimo... Agora eu não só quero destruí-lo, como quero tudo que é dele. 

Ouço a porta bater e me tira de meus pensamentos. 

- Mãe... Cheguei. Aqueles cavalos que estavam saindo, tinha símbolos de outro reino. Quem estava aqui? 

Maldição, ele havia visto o Ethan saindo. Logo eu desenrolei algo e ele acreditou. Desta vez eu estava a salva. Mas algo que me preocupou foi o Arthur ter falado que estava lendo sobre bruxas... Pivete insolente. 

Fui para meu quarto e lá abri meu closet. E fui diretamente ao espelho. 

- Espelho, espelho meu... Mostre-me seu outro lado. - pronunciei na frente do espelho. 

A minha imagem que aparecia no reflexo some, surgindo uma mancha de luz branca seguida da imagem de minha irmã. Estava irreconhecível. 

- Quando irá me tirar daqui? - falou ela. 

- Calada. Não tenho tempo para perguntas. - interrompi ela. - Onde você escondeu meus livros e feitiços.

Os Dois Lados do Espelho (romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora