Capítulo 15

6.3K 893 145
                                    

- Espera, Charlie. - falou Henrique colocando o braço para a porta não fechar. - Você foi incrível lá... Outro teria deixado no chão fácil, confesso que tive trabalho. - falou ele sorrindo escorado na quina da porta. 

- Você fala isso só para eu me sentir melhor e inflar meu ego... - falei segurando a porta e dando uma pausa. - Talvez tenha funcionado, mas não me convenceu. - sorri o desafiando. 

- E como posso convencê-lo? - falou ele se aproximando. 

Eu gelei quando ele se aproximou. Colocou a mão no meu rosto, alisando minha bochecha com os dedos. Eu fechei os olhos e senti seu toque. Sua mão quente descendo por meu rosto. 

Meus olhos se abrem rapidamente ao ouvir alguém se aproximando me tirando daquele transe. 

- Príncipe Charlie, aqui está as toalhas. - disse uma das empregadas. 

Pedi que botasse no quarto ao lado, ela botou e em seguida se retirou. Henrique se afastou sorrindo e foi para o seu banho. Fiquei estático alguns segundos em pé, feito um bobo. 

Tomei um banho rápido e desci para onde estava Arthur. Ao chegar lá vejo que o Henrique já estava sentado com ele. Sorri meio envergonhado ao entrar. 

- Bem, o almoço já está sendo servido... Vamos? - falo. 

Eles se levantam e me seguem até a mesa. Sento na ponta, onde meu irmão costuma sentar. É meio estranho sentar ali, onde ele senta. Arthur e Henrique sentaram um de cada lado. 

- Charlie é muito inteligente, irmão. Ele me ensinou tanta coisa sobre livros e literatura. - falou Arthur me olhando com cara de quem estava querendo alguma coisa com aquela conversa. 

- É mesmo? Além de ser bom lutando ainda é inteligente. Hm... Não sabia. - disse Henrique me provocando. Fiquei levemente corado. 

- Exagero do seu irmão. Apenas falo o que aprendo lendo. É um mundo diferente, sabe. Incrível. - falava entusiasmado. Tinha poucas coisas que eu sabia falar, e uma delas era sobre literatura. Eu realmente amava. 

Após almoçamos para a sala, onde Arthur deitou com a cabeça no colo de Henrique que permaneceu sentado na poltrona. Fiquei admirando a forma que eles agiam. Como o amor de irmão aflorava entre eles. Me bateu uma certa tristeza ao lembrar do Ethan e ver que ele não era assim. Nem um pouco gentil comigo. 

- Quando o Ethan irá voltar? - perguntou Henrique. 

- Amanhã... Acho que pela parte da tarde. - falei. - Vocês ficaram mesmo para a leitura, não é? 

- Sim... Eu tinha umas coisas pra resolver mas posso deixar para depois. 

Sorri ao ouvir isso que ele falou. A companhia dele realmente me fazia muito bem e eu não podia deixar isso sumir. 

- Charlie, gostaria de conversar contigo, se possível. - anunciou Henrique. Parecia está um pouco ansioso. - Não aqui. - sorriu. 

- Ah, tudo bem. Podemos ir na biblioteca. - falei me levantando. 

Ele se levantou com cuidado para não acordar o irmão e me seguiu. Entramos na biblioteca e escorei a porta. Sentei numa cadeira e ele sentou em outra. 

- Pode falar. – disse. Estava um pouco curioso sobre o que se tratava. 

- Tenho um carinho muito grande por você... E eu me preocupo com você. Não sei se está bem aqui... 

- Estou bem aqui. - falei interrompendo ele. - Sério, não tenho problemas maiores aqui. 

- Fico feliz em saber disso. - disse ele dando uma pausa e se levantando. 

Ele ficou de joelhos na minha frente, enquanto eu estava sentado, segurou minhas mãos e me olhou. 

- Charlie, eu lhe observei antes de te conhecer. Eu percebi que você não é completamente feliz...

 E eu não sei o porque isso está me preocupando de uma forma estranha e esquisita... Eu quero que confie em mim, se não quiser falar nada, tudo bem. Mas pode me procurar se as coisas ficarem difíceis.

Ele falava isso segurando minhas mãos. Sua respiração estava um pouco ofegante, mas sua voz era mansa. E eu estava completamente sem saber o que falar, ou fazer, ou sentir. Eu só ouvia e sentia meu coração palpitar. Eu o olhava nos olhos. Seu semblante demonstrava sinceridade . 

- Outra coisa é que... bem... tenho pensado muito em você, e isso pode ser meio estranho e esquisito pra você... - eu o abracei forte, e isso o fez parar de falar. 

Foi meio que um impulso. Algo me fez querer fazer isso. E eu apenas fiz. Ele me apertava forte e eu o apertava forte também. Não queria senti-lo longe de mim. Não queria ter de me despedir dele. Minha cabeça estava uma pilha de confusões. 

- Eu acho isso muito estranho sim... - falei ainda abraçado com ele. - Mas eu também tenho pensado em você. Não sei ao certo o que significa... Mas me faz bem. 

Ele sorriu. Não vi ele sorrindo, mas senti que ele sorria feliz. Assim como eu estava feliz. Ele se afastou um pouco e me olhou. Seus olhos penetravam os meus. 

- Obrigado por isso tudo. Você me deu algo bom, que a muito tempo eu não tinha mais... carinho. - falei sorrindo envergonhado. 

Eu me levantei e ele também se levantou. Ficamos nos olhando um pouco. Certo, o olhar dessa maneira me deixava mais tímido do que de costume. Mas outro lado meu deixava essa timidez de lado e apenas vivenciava esses momentos com ele. 

- Está quase na hora da leitura. Eles já devem está chegando. - falei quebrando o silêncio. 

- Sim, verdade. - disse ele sorrindo. 

- Então vamos. – disse me virando e saindo de lá.

Os Dois Lados do Espelho (romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora