Por último, atrás de todos, vinha subindo o rei. Que logo era anunciado pelo duque.
- Saldem agora o Rei Henrique de Monte Keystone.
Meus olhos vão de encontro a ele.
"Não acredito. É ele." - penso nervoso.Quando seus olhar vem ao meu encontro e percebe quem eu sou ele para de andar por alguns segundos. Meu irmão o cumprimenta.
- Seja bem vindo ao nosso reino, Majestade. - faz reverência. - Sou o Rei Ethan.
- Só Henrique, Ethan. - falava e me olhava de canto de olho. Será que ele vai falar que já me conheceu? Se meu irmão souber que andei falando com pessoas no bosque, ele me proíbe de ir até no jardim.
- Este é meu irmão, Charlie.
- Príncipe, não é? - falou Henrique olhando para mim.
- Apenas Charlie, majestade. - fiz reverência.
Meu irmão os convidou para descer e sentar na mesa. Todos nós descemos e sentamos na mesa central onde haviam preparado especialmente para nós. Ele senta na ponta e diz que colocaria o Henrique na outra, mas pensou e achou melhor colocá-lo sentado a sua direita para que pudessem então conversar. A rainha sentou a frente de seu filho, do lado esquerdo. A princesa ao lado de mãe. E me sobrou para sentar ao lado do Henrique. Ao lado da princesa sentou o seu irmão mais novo e o Duque ao meu lado. Aquela situação estava me deixando constrangido e envergonhado.
- Você tem uma bela família, Henrique. - elogiou meu irmão.
- Gentileza a sua, você também tem. - disse ele com um sorriso no rosto.
Eles falaram sobre a união dos reinos e de assuntos administrativos. Descobri que eles moravam lá desde pequenos. Mas seu Pai, o Rei, havia falecido a pouco mais de dois anos e haviam saído de lá por esse tempo e deixado no comando do Duque até que retornassem. Esse tempo fora serviu para Henrique fazer um treinamento e assim está capacitado a assumir o trono.
Lembro de ter escutado várias conversas sobre eles, mas nunca tinha dado tanta importância.
- Então meu jovem, qual sua idade? - perguntou a rainha Úrsula.
- Tenho dezessete. - Respondi.
- Você é um belo rapaz.
- Obrigado, majestade. - sinto minhas bochechas arderem e minha orelha queimar. Eu devo ter ficado vermelho de tanta vergonha.
Percebi que a Princesa não parava de me olhar. Eu sorri pra ela várias vezes, acho que ela estava tão entediada quanto eu. O príncipe Arthur era quieto e muito comportado, assim como a princesa.
Meu irmão se levanta e pede a atenção de todos na festa.- Atenção a todos. Quero vos apresentar o Rei Henrique de Monte Keystone, e sua família. Alguns de vocês já devem ter escutado falar sobre eles, outros não, são de um reino muito antigo. É uma honra pra mim e para todos nós recebê-los aqui. E espero que possamos estreitar os laços entre os reinos. - falou sorrindo. - Um brinde a ele e sua família. Sejam bem vindos e divirtam-se.
Todos aplaudiram após meu irmão falar. Nos retiramos da mesa e cada um foi para um lado. Meu irmão ficou conversando com o rei e a rainha e eu caminhei um pouco pelo salão com a princesa Valentina e o príncipe Arthur.
- Não gosto desse tipo de formalidade. - dizia ela enquanto caminhávamos. - Ao contrário do meu irmãozinho. - falou ela olhando para ele.
- Não precisa usar o diminutivo, irmã. Já sou grande. - disse ele.
Sorri pela forma que ele falou. Como se quisesse provar que era um homem adulto. Eles eram muito simpáticos, por sinal.
- Eu costumava vir muito a festas, quando minha mãe era viva. Hoje não gosto. - disse. Percebi que enquanto caminhávamos vários olhares vinham de encontro a nós. De belas moças e rapazes da cidade. - Em particular tenho vergonha de ver toda essa gente nos olhando. - falei meio tímido.
- Eu nunca me acostumarei com isso. - disse ela.
Conversamos um pouco mais sobre coisas que gostávamos de fazer. O príncipe Arthur gostava de ler, me identifiquei com isso. E a princesa Valentina fazia pinturas e costuras. Eles decidiram sentar um pouco em uma mesa próximo a onde estava sua mãe e eu me dirigi ao jardim. Precisava tomar um ar.
Cheguei e sentei em um dos bancos que havia entre árvores que contornavam o chão em um formato de quadrado. O céu estava limpo e cheio de estrelas. Pensava nas coincidências da vida. Não imaginaria que ele seria um Rei. Era tão simples. Sorte a minha que ele não comentou sobre o ocorrido com meu irmão.
- Então o jovem Charlie é um príncipe. - disse Henrique se aproximando. Não percebi ele chegando. Tomei um susto.
- Nossa, você me assustou. - falei me levantando do banco. - Onde está meu irmão?
- Calma, ele está conversando com minha mãe. Acho que eles tinham alguns assuntos para falarem. - falou ele sorrindo. - Posso sentar contigo?
- Claro. - falei nervoso.
- Você não foi no dia seguinte. - indagou ele. - Eu suspeitei que não fosse. Imaginei que camponeses não andariam a sós por aquele lado.
- Perdão, majestade...
- Apenas Henrique. Por favor. - disse dando um sorriso antes de eu continuar falando.
- Perdão. - sorrio. - Meu irmão não gosta que eu saia por ali. E ele me pediu para ficar aqui no palácio. Não podia contrariá-lo. - disse me defendendo.
- Você tem razão. Por isso estava com tanta pressa... Vocês tem um belo jardim. - disse avaliando o local.
- Obrigado. - falei ainda nervoso.
- O que houve? Está envergonhado? - fiquei mais vermelho ainda. Ele sabia que eu estava e perguntou de propósito.
- Um pouco. - sorri de leve colocando a mão entre os joelhos. - Você é tão jovem, e já é um rei preparado.
- Verdade. Nos dias atuais o trono tem sido passado para os filhos mais rápido. Seu irmão também é jovem. - lembrou ele.
- Sim, tens razão.
- E o corte em sua mão, melhorou?
- Sim, não tive problemas maiores. - falei abrindo a mão e mostrando. Me assustei pelo fato de que ao fazer isso, ele segurou minha mão e passou o polegar por cima do corte que já estava quase cicatrizado.
- Fico aliviado por isso. - Me olhou sorrindo.
Eu sinto uma sensação estranha quando ele sorriu segurando minha mão. Um frio na barriga começou a subir até meu peito. Que me fez puxar minha mão da dele.
- Depois devolvo seu pedaço de pano. - falei sem pensar. O que o fez abrir um sorriso e rir alto.
- E porque eu iria querer um pedaço do tecido de minha capa? - falava rindo.
Percebi então a idiotice que havia falado. Ele deve está achando que sou a pessoa mais estranha que possa existir.
- Perdão pelo que falei. Disse sem pensar. - me defendi.
- E você guardou o tecido? - questionou ele parando de rir.
- Sim. - me levantei do banco. - Com licença, preciso voltar. Meu irmão já deve ter me procurado.
- Espera! - pediu ele. - Você já fez isso uma vez. Quero uma garantia de que vamos nos encontrar novamente.
- E porque devo garantir isso? - disse por impulso me arrependendo depois quando percebi sua feição sorridente fechar. - Desculpa... Eu... eu não sei... - falava gaguejando um pouco. - A gente se vê sim, prometo. Agora tenho que voltar. - disse e sai.
Voltei para o salão e vi meu irmão se levantando da mesa e perguntando ao guarda por mim.
- Você estava onde?
- Tinha ido tomar um ar. - disse.
- Quero que faça companhia ao príncipe Arthur, precisamos tratar de assuntos importantes. - disse ele e assenti com a cabeça demonstrando que havia entendido. - A propósito. Viu o rei?
- Estou aqui. - falou Henrique se aproximando. - Vocês tem um belo jardim.
Nesse momento o Ethan parou por alguns segundos, deveria está analisando algo.
- Vocês estavam juntos? - perguntou ele.
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Os Dois Lados do Espelho (romance gay)
Roman d'amourLivro 1 Já imaginou contos da disney com um enredo diferente? E se houvesse outro final? Nessa releitura do conto da Branca de Neve, você vai conhecer e se apaixonar por Charlie. Um príncipe simples e de coração dócil, que irá viver dias sombrios a...