Capítulo 28

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Duas semanas se passaram desde o desaparecimento da Ágatha. Henrique nem ao menos conseguiu encontra-la no castelo quando foi buscar os irmãos. Ainda estamos em sinal de alerta. Mas a companhia e presença do meu irmão Ethan, e da verdadeira Rainha Úrsula tem tornado os dias mais felizes e seguros. 

- Adoro o seu Jardim. - disse Arthur se aproximando e me tirando de meus pensamentos. Ele sorriu quando o olhei. 

- Arthur... que alegria vê-lo aqui. - disse dando um abraço. - Sente-se. 

- Em que estava pensando? - perguntou ele. 

- Nos últimos acontecimentos... como tudo se desenrolou, onde estamos agora e até onde estaremos amanhã. - falei suave. – Incrível pensar que todas aquelas teorias que tínhamos eram mesmo verdadeiras. - conclui soltando um leve suspiro. 

- É verdade. Mas agora estamos aqui, conseguimos passar todo aquele sufoco. - falou ele. 

- E você não tem medo? 

- Não costumo ter, ela teve todas as oportunidades para nos machucar, e não o fez. E agora acredito que ela não aparecerá. - argumentou sorrindo. 

Conversamos mais algumas coisas aleatórias sobre leituras e contos mágicos. Arthur era o tipo de amigo que te guiaria por toda uma caminhada, e te levantaria em todas as suas quedas nesta caminhada. 

- Meu irmão está aqui. - falou ele sorrindo. 

- Eu imaginei que tivesse vindo com ele. Meu irmão casará com sua irmã, tem muito que conversarem. - falei. 

- Temos mesmo. - fala Henrique atrás da gente, me dando um susto. Olho pra trás e lá estava ele parado sorrindo. - E nós também temos que conversar. 

Senti meu rosto corando. O Arthur disse que ia onde estava sua mãe e saiu. 

- Oi... como você está? - falei meio tímido. Ele ainda me deixava dessa forma. 

- Estou bem. Muito melhor vendo você sem jeito. - disse abrindo um sorriso e me deixando ainda mais sem graça por notar que ele havia percebido. 

- Desculpa, é que... não sei. - tentei me explicar, mas falhei. - Você me deixa assim. 

- Mas eu não faço nada. - sorriu e piscou. 

- Ah para, você não é tão inocente assim. - enfim falei firme. - Sente-se, majestade. - ironizei sorrindo. 

- Acho melhor irmos caminhar... vem. - falou ele me estendendo a mão para me ajudar a levantar. E assim o fiz. 

Por um momento imaginei que ele soltaria minha mão depois que eu levantasse, mas ele não soltou. Me puxou para caminhar pelo jardim ainda segurando minha mão. Meu corpo estava trêmulo e meu coração acelerado. Eu podia sentir meu rosto corando cada vez mais, diante daquela situação. Mas ao mesmo tempo eu estava muito feliz com aquilo tudo. Era tudo muito novo pra mim. Nunca havia sentido sentimentos tão fortes. 

- Então, seu irmão se casará em breve. Não é mesmo? 

- Sim, verdade. E sua irmã também. - lembrei a ele esse detalhe e ele sorriu. 

Ficamos em silêncio por alguns instantes, só caminhando. Eu estava de cabeça um pouco baixa, ele passava o dedo polegar sobre as costas de minha mão enquanto a segurava. Era notório que o clima estava meio tenso. Como se ambos estivessem entalados com algo. 

- Charlie... - ele me chama e eu o olho. - Eu gosto de você. - disse abrindo um pequeno sorriso. Sua afirmação me surpreendeu muito. Mas não hesitei em responder. 

Os Dois Lados do Espelho (romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora