Capítulo 19

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Ethan passou de todos os limites dessa vez, me trancar no quarto. O que ele está pensando? Que pode me prender aqui e me fazer de prisioneiro? Eu sempre achei que ele me odiasse, que não me quisesse por perto, mas nunca imaginei que chegaria a esse ponto. 

Sentei no chão ao lado da porta e fiquei com meus pensamentos. Sinto algo descendo na minha face e molhando minhas bochechas. Meus olhos choravam e eu nem estava percebendo. Me encolhi ali, no chão, abraçando meus joelhos e fiquei. 

- O que eu fiz pra merecer isso que está acontecendo? Eu nunca agi de forma errada, sempre o tratei bem... Sempre tratei todos bem. - falava lamentando. 

Fiquei sentado com meus pensamentos por horas. Sem nenhum movimento do lado de fora. O único som que ouvia era o do vento que entrava pela janela.
Acordei deitado no chão ao lado da porta, o sol entrava pela janela. Levanto e sinto uma dor no meu corpo quase todo. 

- Ai! - pronuncio pondo a mão na cabeça. Sentia uma dor forte na nuca. 

Me levanto devagar e vou até minha cama. Arrumo os travesseiros e me deito nela. Alguns minutos depois ouço alguém destrancando a porta e entrando. 

- Charlie, levanta. - era o Ethan. Estava de olhos fechados e continuei. - Anda Charlie, estou falando contigo. - disse ele mais uma vez batendo na cama. 

Abro os olhos sentindo um ardor neles, e o observo ali em pé. Não conseguia descrever o que estava sentindo naquele momento. Eu só estava... Vazio. 

Ele sentou na cama e eu permaneci com os olhos fixos nele. 

- Charlie, Charlie... Qual o seu plano? O que você pensa que está fazendo? - perguntava ele sem esperar respostas. - Eu achei que você era um bobo, que não seria capaz nem de pisar em um mísero inseto... E olha aí o que estava planejando, tomar os dois reinos pra você. - deu um sorrisinho de deboche ao acabar de pronunciar a ultima frase. 

- Você só pode está louco. - finalmente falei. - Em momento algum eu falei ou pensei em fazer isso. 

- E você acha mesmo que eu vou acreditar em suas palavras dissimuladas, Charlie? - disse ele com voz mansa, e isso me assustava. - Ela abriu meus olhos para verdade, ela me mostrou quem você era... Ou melhor, mostrou quem vocês são e o que pretendem fazer. - ele se vira me olhando. - Eu sei que o Henrique deve ter colocado coisas na sua cabeça para ir contra mim, e sei que o objetivo de vocês é dominar os dois reinos... Mas eu não permitirei isso. Ela irá me ajudar a impedir isso. 

Ele se levantou da cama e ia sair do quarto. Mas não iria permitir que ele fizesse isso. Levantei da cama rapidamente. 

- QUEM? - falei gritando. - Quem está induzindo você a ir contra mim, enchendo sua cabeça com essas barbaridades. - falava furioso. 

- Úrsula, a mãe do seu companheiro. - disse ele sorrindo, parecia que estava se sentindo vitorioso. 

- Você não precisa de desculpas medíocres pra me odiar e fazer algo contra mim, Ethan. Você sempre fez isso. Nosso pai teria nojo de você. - falei sem medir o que dizia. 

Ele se aproximou rapidamente quando falei isso, minhas pernas estavam fracas e a dor na cabeça estava mais forte. Mas não ia vacilar. Ele pegou no meu pescoço com uma mão e apertou. 

- Você nunca mais fale assim do meu pai e nunca mais ouse me desafiar se não... - ele falava furioso, seu rosto estava vermelho. 

- Se não o que? Vai me matar? - desafiei. 

Ele apertou mais meu pescoço e falou. 

- Escuta aqui garoto, eu não iria deixar você preso aqui, mas agora eu vou. Por mim você adoece e morre de vez. - ele soltou meu pescoço e me olhou. 

Eu o olhei e não enxerguei mais nada. Tudo começou a ficar escuro, ouvi que ele falou algo, mas não entendi o que foi. Apenas apaguei naquele momento.
Abro os olhos devagar, estava tudo meio embaçado. Olho pro lado e vejo Ethan sentado em uma cadeira um pouco distante. E ao meu lado na cama estava Antonela passando a mão na minha cabeça. 

- Ele acordou... Como você está se sentindo? - perguntava ela preocupada. 

- Estou um pouco fraco. O que aconteceu comigo? - perguntei um pouco confuso. 

- Estávamos conversando e você desmaiou. - disse Ethan se levantando da cadeira. - Você precisa se alimentar e ficar em repouso aqui no quarto. - disse mentindo, como ele era sínico. - Antonela, prepare uma refeição para ele e certifique-se que ele fique em repouso aqui no quarto. Sem visitas. - concluiu e saiu. 

- Não se preocupe, anjo, tudo vai dar certo. - disse Antonela passando a mão por meu pescoço que ardia. 

Não falei nada, apenas senti uma única lágrima saindo do meu olho e escorrendo. Antonela se levantou, mas antes de se retirar pedi a ela um papel e uma caneta. E que entregasse ao mensageiro para levar até o Arthur, sem meu irmão saber. Ela assentiu com a cabeça e saiu. 

Longe dali 

Estava na biblioteca com o cordão na mão, abri ele e vi a foto de minha mãe e minha tia. Preciso encontrar a ligação desse cordão com os livros. 

Sem querer derrubo o pingente no chão e uma das fotos se abre, percebo que debaixo da foto havia uma pequena chave escondida. Pego a chave e a observo. Vou até o piso falso e retiro todos os livros, mas nenhum tinha tranca. Sento no chão e fico observando os livros.
Resolvo colocar a mão dentro do buraco a procura de algo, estava um pouco com receio por poder conter algum inseto venenoso ali. Ao passar a mão mais a fundo, sinto algo solto e puxo. Era uma caixa de madeira. Não muito grande. E na frente dela havia uma fechadura. 

- Sinto que estou perto de descobrir esse mistério.

Os Dois Lados do Espelho (romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora