Capítulo 13

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Entrei na biblioteca com o Arthur, que levava alguns livros. Sentamos na mesinha e ele colocou os livros em cima dela. Fui até a prateleira e peguei o que havia comprado.

- Olha, encontrei esse numa livraria aqui na cidade. - falei entregando a ele. - Ainda não li, mas acho que pode ter alguma coisa sobre.

- "A verdadeira história delas". Interessante. - falou ele colocando o livro sobre a mesa. - Não sei bem o que estamos procurando com isso. - falou ele sorrindo.

- Sabe que também não sei. Isso são histórias, certo? - disse.

- Espero que sim. Mas quem sabe não seja apenas isso... - falou pensativo.

Ficamos sentados lendo e conversando coisas aleatórias. Sobre a vida no reino e na cidade. Percebi que ele era mais simples do que imaginava. E era muito apegado aos irmãos.

- Onde está o Henrique? - pergunto.

- Cuidando das coisas do reino, acredito. Falou que viria me buscar amanhã. - falou ele me analisando.

- Entendi. - forço um sorriso enquanto olho para o livro.

- Me parece que ele tem um carinho muito grande por você. - disse ele me deixando surpreso.
- Você acha? - disse envergonhado.

- Tenho certeza. Me pediu para ficar de olho, ver se você estava bem... Não sei, talvez ele ache que você não é feliz. - disse. - Você é feliz? Digo, somos amigos, podemos falar sobre não é?

- Sim, somos amigos. E eu sou feliz. E estou feliz com sua amizade. Estou feliz com esse momento. Feliz de ter conhecido o Henri... - parei de falar antes de pronunciar o nome dele.

- Quis dizer o meu irmão? - me questiona curioso.

- Si... sim. Ele é um ótimo rei e acho que seremos bons amigos também. - falo meio nervoso. - Seremos todos da mesma família, isso é bom.

- Entendi. - exclamou Arthur. - Charlie, você já teve namorada?

- Não. - respondo ainda não acreditando na sua pergunta. - Nunca tive muito contato direto com as pessoas. Minha vida meio que se resume aqui no reino. - falei sincero.

- Sabe o que dizem... Todo príncipe precisa de uma princesa. - falou ele.

- Então não sou igual a todos os outros, porque eu não preciso. - falei meio impaciente com o rumo da conversa.

- Desculpe, não quis lhe irritar. - falou ele meio triste.

- Não precisa se desculpar. É que... bem... Eu não acho que me encaixo nisso. Eu me vejo diferente. Não sei como e nem porque. Mas me acho diferente, não sei... – pensei um pouco analisando as próximas palavras. Não tenho os mesmos pensamentos que meu irmão ou outras pessoas. - falei ainda meio confuso com o que estava dizendo.

- Não se preocupa com isso... Você é incrível assim mesmo. - me elogiou sorrindo e botando a mão no meu ombro.

- Hm... Obrigado. - sorri timidamente. - Então, desfocamos do que estávamos fazendo.
- Verdade. Temos que ler muita coisa ainda

Continuamos a leitura do livro que havia comprado. O livro falava várias coisas interessantes. Dizia que as bruxas surgiram em Salém e que houve um grande ataque a elas a milhares de anos atrás.

- Algumas bruxas fugiram para outros países, ilhas e reinos. Elas não são como costumam caricaturar por alguns livros. São pessoas normais, podem viver entre nós sem nunca desconfiarmos de sua verdadeira identidade. - lia em voz alta para Arthur. Que abriu bem os olhos nessa última parte. - Sua magia era hereditária. Passada de geração em geração...

- Espera! Quer dizer que se uma bruxa se casar com uma pessoa normal... Seus filhos, ainda sim, podem ter esses poderes mágicos?

- Acho que sim. - falei.

Ia continuar lendo, quando Arthur me chama atenção. Ele estava folheando um dos livros que estava em sua mão, e encontrou uma página com a folha marcada, parecia que algum tipo de corrente tinha sido presa entre as páginas e passado algum tempo com o livro fechado.

- Veja isso. - mostrou ele. - Você ainda tem aquela correntinha que achamos?

- Sim, falei. - me levantei e fui até meu quarto pegar. Demorei alguns minutos e volto. - Olha, está aqui. - falei entregando a corrente a ele.

Ele pegou a corrente com o pingente de sua mãe e possivelmente tia, e tentou encaixar entre a marca que havia nas folhas. Ficou espantado ao perceber que a corrente encaixou direito na marca.

- Charlie, acho que a corrente estava mesmo no livro... O que você acha que isso pode ser? - falou meio tenso.

- Ei, relaxa. Talvez alguém estivesse lendo e usou para marcar as páginas. - disse.

- Esses livros estavam escondidos e ninguém tinha acesso a eles. - falou ainda mais tenso com seus pensamentos.

Tirei o colar dele e fechei o livro. Peguei na mão dele em seguida.

- Já lemos o suficiente por hoje. Vamos procurar algo para comer. - disse o puxando pela mão o fazendo levantar.

Rapidamente ele se levanta e me abraça. Ele passou seus braços ao meu redor e encostou a cabeça no meu ombro. Por alguns segundos fiquei imóvel. E depois o abracei de volta.

- Obrigado por me distrair um pouco. Você é um ótimo amigo. - falou ele me soltando.
Apenas sorri, não soube o que falar depois dessa breve demonstração de afeto. Saímos de lá e fomos para a cozinha. Lembrei a ele que no dia seguinte era dia de leitura no castelo e o convidei para participar.

- Ótimo, vou querer sim. - disse ele. - Que horas será?

- A tarde. - respondo.

- Ah, meu irmão vem me buscar pela manhã. - falou triste.

- Ele pode ficar e participar. - falei. - Afinal, quanto mais ouvintes melhor. - disse sorrindo e o fazendo sorrir também.

Os Dois Lados do Espelho (romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora