O espelho

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Bruxa, Feiticeira, Xamã... esses eram alguns dos nomes que costumavam chamar pessoas como eu.

Costumo sempre pensar que esse poder que a mim foi concebido era apenas um dom. Não somos seres cruéis. Existem sempre dois caminho e cabe a nós decidir qual deles iremos seguir.

Sou filha de um duque e uma duquesa. Meu pai era um bruxo poderoso, seus poderes eram superiores ao de todos que viviam nessas redondezas. Quando minha mãe engravidou, ela teve gêmeas.

Ele sabia que nasceríamos com um poder igual ao dele. Por isso nos explicou desde cedo o que era e que não éramos más. E que quando o primeiro sinal de magia surgisse, o procurasse o mais rápido possível que nos ajudaria a controla-los.

Nos meus quatorze anos, eu acordei no meio da noite com alguns objetos flutuando em cima da minha cama. Gritei assustada por meu pai, acordando todos da casa. A partir desse dia ele começou a me treinar e cada vez mais eu controlava a magia que crescia dentro de mim.

Eu queria aquela magia. Ele dizia que meu desejo e aceitação fez com que ela crescesse e tomasse grandes proporções. Diferente de minha irmã, Úrsula, que nunca quis. A magia dela apareceu alguns anos depois. Fraca. Não conseguia fazer grandes coisas. Era como se apenas eu tivesse adquirido todo o poder. Aprendi que nossa magia era mutável de acordo com nossas escolhas, e só a tornaria das trevas se usássemos para o mal. Ela em seguida nos controlaria.

Após nosso pai morrer. Isso foi subindo a minha cabeça. Eu me sentia poderosa e invencível. Meu pai era um bruxo de magia das trevas, mas aprendeu a não deixar a magia o controlar.

Quando tinha dezenove anos, me apaixonei por um Rei. Eu estava disposta a fazer tudo que ele desejasse. Eu me vi completamente perdida por ele. Mas não sabia de seus sentimentos.

Decidi um dia que faria um feitiço para buscar essas respostas. Criei então um espelho revelador. Nele aparecia um rosto sempre que o chamava.

- Espelho meu, existe jovem mais bela do que eu? - perguntava a ele desejando que o rei notasse que eu era a mais formosa.

- Sim, a princesa Aurora. - respondia ele.

Eu ficava furiosa, como ele ousava dizer que uma princesinha qualquer era mais bela. Ela jamais iria roubar o Rei de mim.

Alguns meses depois, Aurora casou-se com ele. O único homem que eu amei em minha vida. Eles tiveram dois filhos.

Certa vez havia ido visitá-los com minha irmã, que também havia casado com um Rei. E sai para caminhar pelo jardim. Vi seus dois filhos de longe brincando e sua mãe indo buscá-los, colocou o mais novo no braço e saiu. Me pareceu que o mais velho ficou um pouco enciumado.

Sentei em um banco e procurei uma forma de me vingar. De destruir toda aquela felicidade. Após pensar muito, cheguei a uma conclusão. Precisava visitá-los outra vez e assim colocaria meu plano em prática.
E assim o fiz!

Os Dois Lados do Espelho (romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora