Capítulo 20

5.4K 816 16
                                    

Narrado por Arthur 

Ao passar a mão mais a fundo, sinto algo solto e puxo. Era uma caixa de madeira. Não muito grande. E na frente dela havia uma fechadura. 

- Sinto que estou perto de descobrir esse mistério. - digo pra mim mesmo. 

Sento na minha mesinha, e coloco os livros e a caixa que havia achado em cima dela. Confesso que fiquei parado olhando para a caixa um pouco, eu sabia que ali teria algumas respostas e eu não sei se estava preparado para descobri-las. Afinal eu era apenas um garoto de quinze anos que só estava curioso com algumas coisas, e acabei aqui, nesse mistério. 

Olhei a caixa mais um pouco e peguei a pequena chave que estava dentro do colar. Eu a observei e percebi que ela era do tamanho da fechadura e parecia caber direito nela. 

- Não posso evitar, preciso fazer isso. Coragem Arthur, coragem. - disse a mim mesmo. 

Respirei fundo e abri a caixa. A tranca se destrava ao rodar a chave. Abrindo a tampa vejo alguns papeis dobrados, alguns vidrinhos com líquidos de cores diferentes dentro, umas pedras e um cordão igual ao que eu tinha encontrado. 

Peguei os papeis na mão com cuidado para não se rasgarem. Eles pareciam ser muito antigos e cheirava a poeira. Abro com calma o primeiro. Havia algumas instruções escritas, meio como se fosse um rito. Espantei ao ver e abri outro. Tinha uma árvore genealógica desenhada na folha. Havia escrito o nome dos meus avós, muito provável dos meus bisavós... O ciclo da árvore terminava nos nomes da minha mãe e minha tia. 

Peguei um outro bolo de papel, neste havia mais de uma folha, ao abrir me deparo com o nome "magia negra" escrito logo no início. Eu fico estático e espantado ao ler isso. Vejo que em outros papeis haviam outros tipos de magia, feitiços e instruções para realizar bruxaria pesada.
Meus olhos estavam arregalados e meu corpo fraquejava, como se estivesse entrando em um estado de choque com o que estava lendo. Não podia ser o que eu estava pensando.
Encontro um pequeno diário no fundo da caixa, e abro ele rapidamente. Na primeira página encontro o nome de minha mãe, Úrsula, escrito. Na página anterior havia um pequeno trecho. 

"Sou Úrsula Hastings, condessa de Keystone. Eu cresci acreditando no amor, e na bondade. Cresci buscando realizar meus sonhos, sonhos de uma garotinha. Sonhos esses que foram destruídos ao descobrir a verdade sobre minha linhagem. Linhagem que odiei a partir do momento que eu soube que pertencia. Escrevo aqui, neste diário, para canalizar essa dor e a magia que insiste em crescer dentro de mim. Sinto meu sangue ferver e meu corpo se entregar a ela aos poucos. Mas deixarei aqui, gravado com minhas próprias mãos, minha luta para não pertencer a ela. Sou uma bruxa e se eu falhei como humana, deixando me levar por minha magia, lhe peço perdão. Não era o que eu queria. Nunca foi." 

Meus olhos transbordavam inconscientemente. Eu não tinha mais controle sobre eles. Eu não conseguia mais continuar lendo. Aquilo não poderia ser verdade. Só poderia ser algum tipo de brincadeira. 

Ouço então alguns passos se aproximando da sala que antecedia a biblioteca. Rapidamente guardo tudo dentro da caixa. E boto ela dentro de uma gaveta junto com os livros. Pego outro qualquer que havia do lado e abro. Limpo meus olhos a tempo de baterem na porta. 

- Com licença, Príncipe Arthur. - era o mensageiro entrando na biblioteca. - Tenho uma correspondência para vossa alteza. - disse ele me entregando um papel.
- Obrigado. - falei e esperei ele sair. 

Coloquei a carta no bolso peguei as coisas dentro da gaveta. Eu não podia mais deixar elas aqui ou dentro daquele buraco. Se alguém botou lá, lembrará que existe e irá querer de volta.
Levei a caixa e os livros para meu quarto onde poderia guardar melhor sem que ninguém encontrasse. Coloquei tudo atrás de uns livros meus que havia em um móvel de madeira. Ninguém nunca mexia ali, estaria bem guardado até que eu encontrasse um lugar melhor.
Deitei na cama, um pouco eufórico com tudo isso que acabara de descobrir. Não conseguia pensar direito nem por as ideias no lugar. Apenas deitei e pensei em pedir ajuda ao Charlie, ele poderia me dar um caminho. Lembrei-me então da correspondência que havia recebido e tirei ela do bolso. Ao abrir percebo que é do Charlie. 

"Arthur, preciso de sua ajuda. Meu irmão está me trancando no quarto. Ele acha que eu quero tomar o lugar dele no reino, acredito que sua mãe deve está colocando algo na cabeça dele. Desculpa em acusá-la, mas ele me fez acreditar nisso. Por favor, se puder me ajudar, você e o Henrique. Eu estou com medo." 

Ao ler aquilo eu lembrei do que havia lido na caixa sobre minha mãe. Lembrei que o Ethan não se dava bem com o Charlie, e se minha mãe realmente falou algo para o Ethan, Charlie poderia está em correndo perigo. Preciso fazer algo e rápido. 

Longe dali 

- Não posso ficar mais aqui, preciso aproveitar esse momento e fugir.

Os Dois Lados do Espelho (romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora