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Rádiuzz


Até pouco tempo, sempre detestei minha vida. Eu era literalmente um príncipe, meu pai é Zeus, o rei dos deuses e deus dos céus. Vivi num luxo, perambulando pelo imenso castelo do Olimpo, que é um lugar, onde vários deuses, musas, ninfas e auraes vivem... É uma imensa ilha flutuante, noutra dimensão.

O Olimpo pode até ser um lugar repleto de seres imortais e maravilhosos, com lugares banhados em ouro e possuir uma arquitetura completamente desenhada, mas lá é tudo muito chato! Muitas regras, todos muito sérios. Meu pai até tenta ser presente, mas pelo fato de ser o rei dos deuses tem várias responsabilidades.

Aos sete anos de idade, ocorreram algumas mudanças em meu corpo, de uma maneira muito estranha e inexplicável, eu nunca mais senti sono, fome e nem sede. Passava noites em claro, nos meus aposentos ou perambulava pelo Olimpo.

Vivi toda a minha infância lá, todos me tratavam como se eu fosse o príncipe, o que realmente faz sentido, pois eu era um príncipe. Na grande maioria do tempo, brincava com musas, ninfas e alguns deuses que preferiam assumir a forma de crianças.

Mas agora tudo mudou. Há cinco dias, eu completei quinze anos de idade, era o primeiro dia, do quinto mês do ano... Hoje, neste exato momento, acordei numa floresta da Grécia. Porém, para entender melhor como tudo aconteceu é necessário recordar o passado, no primeiro dia do quinto mês do ano, em meu 15° aniversário...

...

— Espero que esse dia não seja tão chato quantos os outros. — murmurei a mim mesmo, naquela manhã.

Levantei-me da cama, da qual passei a noite toda acordado, pensando em como seria o dia de hoje. Caminhei até um espelho imenso que havia em meu quarto, usava um pijama branco, levemente frouxo, que as ninfas teceram especialmente para mim.

Sério, eu nunca gostei de ser um príncipe.

Parado em frente aquele espelho observei-me bem como de costume e vi meu próprio reflexo, um garoto branquelo e magricelo. Cabelos lisos e escuros, num corte médio. Todo embaraçado, como de costume... A parte do meu corpo que eu mais gosto, são meus olhos, um castanho cor de terra, muito reluzente. Por incrível que pareça, quando olho neles consigo ver minha alma.

Após fazer o que faço toda manhã, tratei de me limpar, em seguida vesti as mesmas roupas de sempre, uma calça de couro escuro e uma camiseta de algodão tingida num tom escuro, feita pelas ninfas.

Eu era um dos pouco habitantes do Olimpo que não usava aquelas togas, vestidos ou túnicas ridículas, eu tinha meu próprio estilo.

Quando finalmente saí do castelo, notei que todo o Olimpo estava vazio, não ouvi um som sequer. Então imaginei que ao menos os doze deuses principais poderiam estar no Salão dos Tronos, tomei o rumo para lá, andando num corredor cujo chão era feito de mármore, tão liso que refletia a minha imagem.

Chegando lá, abri aquelas imensas portas, que sempre fazem um estrondo. A sala estava vazia, ninguém. Todos ausentes.

Onde será que estão todos? Pensei, enquanto seguia de volta pelo corredor, repleto de pilares que sustentavam um telhado.

Enquanto caminhava pelo corredor, finalmente ouvi alguns sons, eram gritos de alegria talvez, vindos do lado leste do Olimpo. Corri pra lá na esperança de encontrar meu pai, e saber o que havia atraído todos os olimpianos.

Passei pelos campos e pelas quadras de moradas dos deuses e deidades, pelo quartel de treinamento dos Imortais Guerreiros Olimpianos, até chegar a uma estrada bem construída que dava exatamente onde todos do Olimpo estavam.

A Sombra dos Deuses - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora