XI

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Rádiuzz

As horas se passaram, todo o templo ficou num grande silêncio, Seymon e Victória resolveram dar uma saidinha, logo eu e Nihara ficamos sozinhos. Isso me fez sentir vergonha, acho que estava gostando dela.

— E então Rádiuzz, o que está achando de Lycar?

— É tudo muito diferente, minha vida parece que girou de ponta cabeça.

— Entendo... — a voz de Nihara era tão graciosa. — Quando pequena, fui sequestrada, perdi tudo... Então Seymon e Victória me salvaram e eu tive uma nova chance, sou muito grata a eles.

— Por que diz isso só agora? — perguntei inquieto.

— Por que nossa raça e o mundo corre o risco de entrar em colapso e você tem chance de mudar isso!

— Como? — falar sobre esse assunto apenas me deixava mais preocupado. — Preciso de ajuda.

— Nós vamos lhe ajudar.

— Eu não entendo nem essa tal profecia.

— Nem eu. — respondeu Nihara com um sorriso. — Só temos que deixar as coisas fluírem... O mundo é uma história, e nós somos como fio e agulha que tecem os acontecimentos.

Sorri envolvendo sua mão fria nas minhas, Nihara transmitia algo tão bom.

— As coisas sempre são complicadas por aqui?

Nihara balançou a cabeça positivamente, com um belo sorriso no rosto.

Naquele momento pensei em minha antiga vida no Olimpo, chata, porém tranquila. Vivia num mar de confortáveis mentiras. Fiquei me perguntando se meu Zeus, estava neste momento me observando, será que ele sempre soube que eu era um olícero?

— Nihara! — chamei sua atenção. — Os deuses podem nos rastrear ou algo do tipo?

— Que bom que perguntou isso. — ela abriu um sorriso. — De alguma forma todos nós somos camuflados.

Aquilo me trouxe um pouco de tranquilidade.

— Sério? Então quer dizer que os deuses nunca sabem onde os olíceros estão.

— Exatamente, por isso existem as tropas de Guerreiros Olimpianos e os Lobos Cinzentos. Eles barram todos que julgam ser suspeitos.

Senti a dracma de prata pesar em meu bolso, passei a mão sobre ela e imaginei qual deveria ser o segredo para transformá-la numa arma, algo que poderia nos trazer vantagem sobre os deuses.

Meu pai me disse que com aquela moeda poderia me tornar um capitão das tropas dos Guerreiros Olimpianos, por sorte, os olíceros me encontraram primeiro.

— Venha Rádiuzz. — Nihara se levantou. — Vamos dar um passeio, lá fora.

Saímos do templo, silenciosamente para não acordar nenhum dos humanos desabrigados que dormiam por ali.

Nihara segurou em minha mão e me puxou, correndo.

— Opa!

Ela dava risadas e me puxava.

— Por aqui. — ela me puxou. — Cuidado!

Seus cabelos brancos como a neve, cortados na medida do pescoço, pareciam flutuar, enquanto ela corria. A franja voava em meio ao vento.

— Vem seu lerdo!

Puxou-me mais um pouco, até que paramos num campo gramado entre o vilarejo e a floresta.

A Sombra dos Deuses - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora