XXI

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Rádiuzz

Eu havia chegado ao Lycar há pouco tempo, porém dias depois, já sabia que Delfos era cidade mais bem guardada, Kiff vivia dizendo que ela é repleta de Guerreiros Olimpianos, e quando disse aquilo, não estava brincando.

O sol já nascia no horizonte, sua luz tentava atravessar as nuvens que cobriam todo o céu, porém a Maldição de Zeus, assim como Seymon a chamava, insistia em manter os céus escurecidos, com pouca luz durante o dia. Enquanto voávamos, Nihara me ensinara mais sobre as Doze Maldições, uma para cada deus principal do olimpo.

A de Hera trazia conflitos familiares e brigas. A Maldição de Atena impedia os humanos de obter mais sabedoria. Ares trouxe violência e mortes, Posseidon tirou a fartura das águas. Afrodite esfriou o amor. Dioniso e Deméter derramaram as pragas sobre as plantações e tornaram o solo infértil. Hefesto empobreceu a metalurgia. Hermes acabou com os contatos entre cidades e vilarejos. Apolo fez o sol brilhar com menos força, em conjunto com a Maldição de Zeus. E Ártemis dificultou a caça, a maioria dos animais desapareceu. Fome, miséria, medo e ódio caminhavam por todo o mundo.

No inicio da manhã, paramos no topo de uma das montanhas que cercavam Delfos. Olhei para Kiff e ele mantinha uma expressão séria, como se olhar para a cidade onde passara toda sua infância o incomodasse, talvez ele tivesse um motivo bem grande para não querer relembrar o passado.

Eydan se aproximou e convocou-me a mais um treinamento, ao lado de Seymon e Nihara, enquanto Victória mantinha-se estudando o livro que caíra do céu.

— Como nosso amigo caloteiro e traidor, Jhon, havia dito, os olíceros são uma verdadeira máquina de guerra, se bem treinados, é claro.

Continuei ouvindo a teoria de Eydan.

— Todos têm uma característica padrão...

— Os olhos mudam de cor! — adivinhou Seymon.

— Exato! — ele afirmou. — E quando os olhos mudam de cor, nossos sentidos se tornam cem vezes mais apurados.

— Eu percebi! — afirmei.

— Porém você ainda não controla isso, sua transformação é espontânea devido à situação que é colocado. — alegou Eydan. — Nós olíceros podemos mudar de forma quando quisermos.

Então os olhos escuros de Eydan tomaram toda sua orbita ocular, como dois pequenos buracos negros.

— Isto é assustador e incrível. — alegou Nihara.

— Sou filho de Érebo, o que esperava? Que minha transformação fosse linda! Não mesmo.

— Você é arrogante! — exclamou Nihara.

— Não tenho culpa! Faz parte da minha natureza.

Abracei Nihara, para tentar acalmar o clima, Eydan realmente incomodava o ambiente, com seu orgulho e arrogância, mas infelizmente precisávamos dele.

Seus olhos voltaram ao normal, apenas a íris negra.

— Pois bem, quero que façam isso agora!

Para Seymon e Nihara foi simples. No mesmo instante seus olhos mudaram de cor, afinal, já sabiam fazer aquilo. Os de Seymon mudaram de Âmbar para cinza, os de Nihara clarearam-se até tornarem-se brancos como a neve.

Logo eles olharam para mim.

— Sua vez! — ordenou Eydan. — Basta você querer que acontece, assim como um mero comando de seu cérebro.

A Sombra dos Deuses - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora