A Sombra dos Deuses - Livro 1

VII

Victória

Meu dia foi complicado, depois, de noite, vimos alguém caindo do céu, isso mesmo, o olimpiano caído, era Rádiuzz, o garoto da profecia. Logo em seguida nos atacaram e eu nem pude ajudar. Por sorte, meu amigo Kiff arriscou em confiar naquele garoto sinistro e medonho, filho de Hades, Jhon. Fomos salvos, e agora acabo de saber que ele veio para nos ajudar a decidir o destino, do universo.

Isso parece até ser interessante, mas é muita responsabilidade. A vida de um olícero não é fácil. E eu posso até ter esse meu jeito agressivo, mas lá no fundo sou sensível, apenas querendo uma vida normal, sem ditadura dos deuses, sem guerra, sem maldição.

Passei toda a infância sendo caçada... Eu e Seymon nos conhecemos no mesmo vilarejo, ele vivia com uma família de nômades e eu morava com uma pobre família de humanos que me adotou. Tinha sete anos e Seymon nove quando nos conhecemos, foi então que descobrimos o que possuíamos em comum, nossos olhos mudavam de cor, os meus eram verdes como esmeralda e então ficavam laranja e ardentes como o fogo. Os de Seymon era Âmbar e passavam a ser cinzentos como a névoa.

O mais legal, foi que Seymon conseguiu fazer com que seus pais adotivos ficassem em meu vilarejo, então nós crescemos juntos. Aos dez anos descobri meus poderes, quando um homem idiota tentou se abusar de mim. Descobri que podia controlar a defesa e que minha pele era imbatível como diamante. E não estou exagerando! Se alguém tentar fincar uma espada em mim, a lâmina quebrará e eu não sofrerei dano algum.

Naquela mesma época, Seymon tinha dozes anos e foi desde então que ele descobriu que podia controlar a magia, fazendo ilusões e com isso podia manipular várias coisas e enganar a muitos.

Os rumores sobre nós dois foram aumentando, nossos pais humanos, ficaram com medo e nos abandonaram. E naquela mesma noite sombria, Guerreiros Olimpianos passaram por nosso vilarejo, quase fomos pegos, mas usando minhas destruí quase todo o vilarejo, porém consegui proteger a mim e a Seymon.

Naquela noite, nos beijamos, foi maravilhoso, um beijo puro e inocente de duas crianças... Seymon me disse que jamais iria me abandonar e foi então que nossos destinos se entrelaçaram. Seymon disse que ficaríamos juntos até o fim de nossas vidas

Infelizmente, o fim estava se aproximando, talvez fosse bobagem minha, mas a lua de sangue surgiria no próximo ano. Se não encontrássemos uma maneira de fugir da maldição... Tudo estaria perdido.

Então, enquanto nos beijávamos, ouvimos gritos, era uma menina que se aproveitou da confusão, ela tentava fugir dos Guerreiros, porém fora pega novamente. A garota tinha o dom de criar e manipular gelo, porém estava fraca para usar o poder a seu favor. Seus cabelos eram brancos como a neve.

Foi aí que Seymon e eu percebemos que ela era uma de nós, corremos para salvá-la e juntos, Eu, Seymon e aquela garota fugimos. Seu nome era Nihara.

Tempos depois descobrimos ser olíceros, uma raça que em minha opinião é magnifica, porém os deuses sentem medo de nós, por isso somos caçados.

Um dia, viajando pelo mundo paramos em Delfos, e acabamos encontrando Kiff. O resto da história se resume em fugas e salvamentos de vários outros olíceros.

E foi assim que eu tirei a prova de que vida de olícero não é boa. Porém, agora eu e meus amigos tínhamos a responsabilidade de proteger e guiar Rádiuzz, o Ômega.

É... Aquele garoto tem cara de que não faz a mínima ideia do que estava acontecendo, até que chegou o momento em que recitou a primeira parte da Profecia das Eras. E essa era a resposta de que ele realmente era o Ômega.

Nós estávamos ali, sentados, discutindo esse assunto. Jhon havia dito que estava aqui para nos ajudar, mas mesmo depois de salvar nossas vidas eu ainda não confiava nele.

Porém, agora o Ômega estava aqui, não tinha como voltar atrás, eu tinha que aceitar, Seymon e eu não teríamos uma vida normal, acho que tentar salvar o universo poderia ser melhor para todos.

— E então Jhon?! Diga. — Seymon chamou a atenção de Jhon. — Diga o que temos de fazer.

— Oh... Perdoem-me, fiquei observando sua namorada. — agora ele deteve minha atenção. — Ela ainda não confia em mim.

— Como sabe disso? — perguntei.

— Consigo ver as almas das pessoas. E com isso sei o que estão sentindo. Mas é muita falta de educação falar os sentimentos dos outros.

Ótimo, além de aquele sinistro roubar almas, ele também pode sentir o que os outros sentem. Isso me deixou furiosa, mas acredito que não seja um momento muito conveniente para mata-lo.

— Não se preocupe Victória, se eu quisesse mata-los já teria feito isso. Ah... E tem outra, salvei a vida de todos aqui, há alguns minutos, então acho que não tem motivo para me odiar.

— Tudo bem Victória. — Seymon me abraçou, ele era o único que conseguia entender a minha personalidade temperamental. — continue Jhon.

— Bom, como eu estava dizendo... O Ômega está aqui na Terra, agora é preciso encontrar a próxima parte da profecia.

— E onde você acha que ela pode estar? — perguntou Rádiuzz.

— Não sei. — disse Jhon. — A única coisa que sei é que a segunda parte pertence aos humanos.

— Eu tenho um palpite. — disse Kiff, os olhos baixos e o rosto entristecido demonstravam receio.

Segurei a mão de Seymon com força e disse a ele. — Acho que sei onde é.

— Onde? — perguntou Jhon, olhando para Kiff.

— Em Delfos, a cidade onde eu nasci e cresci.

— Delfos! — disse Jhon alarmado. — É a cidade mais bem guardada de toda a Terra Conhecida.

— Eu sei... — confirmou Kiff, ele estava um tanto nervoso. — A cidade inteira é vedada por um enorme muro, existem guardas por todos os lados.

Não sei se Kiff iria aguentar o fato de voltar em Delfos... A história dele é complicada.

— Os deuses tomaram aquele lugar. — afirmou Jhon

— Por quê? — perguntou Rádiuzz.

— Justamente pelo fato de Delfos guardar Oráculo. — concluiu Victória. — O mais poderoso de todos os tempos.

— Será um desafio e tanto. — alertou Jhon. — Mas se todos trabalharmos juntos, teremos uma chance.

Foi então que o garoto, Rádiuzz, me surpreendeu. Ele se levantou e disse — Vocês me convenceram. Eu sou Rádiuzz, o Ômega, o último olícero. Se eu sou o escolhido para trazer Paz ou Caos, que seja!

Então ele tirou sua camiseta, de início, isso pareceu estranho. Um garoto magricelo, fraco a ponto de parecer doente, mas quando virou de costas, pude ver algo incrível. Uma marca, a letra grega Ômega "Ω", oscilando num brilho dourado e em trevas.

— Estava formigando desde o momento em que eu pisei nesta terra. — continuou Rádiuzz. — Eu sou o Ômega, e juntos, vamos trazer Paz, não sei como, mas sinto que ao lado de vocês as coisas serão mais fáceis... Pelo o que me disseram, os deuses tomaram tudo, a terra se tornou um lugar hostil e pobre, uma ditadura olimpiana, correto?

Kiff se levantou e caminhou até Rádiuzz.

— Vamos acabar com isso e trazer esperança para todas as raças novamente. — Rádiuzz finalizou, com suas últimas palavras, trazendo mais união e força para todos nós. — Juntos, podemos mudar... Quem está comigo?

Logo Jhon caminhou até ele, Nihara se levantou e também seguiu. Era um sinal de que novos tempos se aproximavam. Seymon e eu nos olhamos, parecíamos pensar a mesma coisa, Juntos, até o fim. Levantamos e de mãos dadas caminhamos até Rádiuzz e os outros.