XXVII

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Victória

Caí exatamente em cima de um batalhão de arqueiros, que já preparavam suas flechas com tranquilizantes para dopar todos nós e nos levar até as Masmorras do Norte.

Os arqueiros miraram em mim e sem pensar duas vezes atiraram. Dezenas de flechas perfurariam meu corpo, porém todas ricochetearam, como se eu corpo fosse feita de diamante, um guerreiro que estava no meio ainda arriscou fincar uma espada em meu peito, mas a lâmina quebrou-se no exato momento em que se chocara com meu corpo.

Resolvi por um fim naquilo, fiz os movimentos com as mãos, como mostrado no feitiço e recitei as palavras no idioma Arcaico.

— Anou Yohíul. — disse o feitiço em voz alta e clara, logo todos ao meu redor tontearam e caíram num sono profundo.

Fiquei ali naquela região da praça, atirando em Lobos Cinzentos, com flechas dos arqueiros adormecidos, banhadas com tranquilizantes, usadas outrora para nos atingir.

Da posição onde eu estava, podia ver perfeitamente os outros. Eydan foi pego desprevenido e uma espada o atingiu, atravessando seu corpo frontalmente.

Ele caiu ao chão, logo um braço de trevas surgiu e arrancou a espada, alguns segundos depois Eydan levantou-se do chão, porém estava furioso, podia ver sua aura negra.

A jaqueta e a camiseta branca uniram-se ao corpo e desapareceram, até que Eydan ficou sem nada. (Exceto pelas calças, é claro.). Os olhos tornaram-se inteiramente negros. Seu cabelo passou a cair, logo estava careca, a pele empalideceu quase num tom de cinza.

Os antebraços e as mãos apodreceram, criando uma casca dura e escura, superficial à pele. As unhas caíram dando lugar às imensas garras metalizadas. Enquanto sua boca era costurada por fios negros de metal.

Eydan havia se tornado uma coisa horrenda, silenciosa e poderosa.

Ele bateu suas asas e alçou voo, do alto, pude vê-lo fazer movimentos, elevando os braços, fazendo com que ondas de escuridão se elevassem sobre várias castas de Guerreiros Olimpianos, quando as ondas de trevas caiam, não havia mais nada além de um pó negro avermelhado.

Lá do alto, Eydan bateu a palma das mãos e imensas crateras se abriram, centenas de guerreiros encolheram, até desaparecerem.

Mas a batalha não havia acabado. Milhares de Daemons eclodiam do castelo, para nos atacar.

O dragão de Seymon espirrava ácido por todos os cantos, derretendo arqueiros e alguns Guerreiros montados a cavalo, enquanto do outro lado, Seymon usava seus poderes ilusórios para confundir os inimigos e os matar.

A área onde eu estava permanecia vazia. Atirava flechas em Daemons e guerreiros se aproximavam. As vozes de Guerreiros Olimpianos ecoavam por todos os lados: — Ataquem! — diziam os capitães. — Não recuem.

Eydan desceu ao chão, sua aura negra transformava tudo num raio de dois metros em matéria escura. Ele havia coberto a ponta de suas asas com lâminas feitas de trevas solidificadas e cortava ao meio os Guerreiros e Daemons mais próximos. Hora ou outra erguia, centenas de mãos e tentáculos das trevas, que agarravam nossos inimigos, fazendo-os serem engolidos por pequenos buracos negros no chão.

Fui cercada por Daemons, estes eram diferentes, possuíam bocas que se abriam além do normal, seus dentes pontiagudos e a língua comprida deixavam bem claro que eram caçadores e estavam famintos. Mas eles tinham algo de diferente.

Mais Daemons daquela espécie surgiram voando pela Praça da cidade. Os que me cercavam encheram o peito esquelético de ar que se dilatava para aumentar sua capacidade, em seguida produziram um som que talvez fosse o mais irritante do mundo, um chiado extremamente agudo que vibrava ameaçando estourar os ouvidos de quem estivesse por perto.

A Sombra dos Deuses - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora