A economia alegre, a economia solidária
Falei no capítulo anterior sobre os inteligentinhos e sua negação de
que a vida econômica esteja mais para lista de supermercado que não
cabe no bolso do que para discussões sobre justiça social. Falei
também sobre antropólogos e afins que afirmam que deveríamos
viver como índios: 7 bilhões de índios vivendo da terra, mas
querendo iPhone...
Existe um produto na praça que afirma que há um modo
de a economia ser "alegre": trata-se da chamada economia solidária.
O que vem a ser isso? Simples: é um papo de gente que não é
responsável por nada na vida além de suas próprias férias e sua bike.
Existe "solidariedade" em troca de apartamentos via sites
especializados, por exemplo. O perfil é de gente com baixo
investimento em dependentes. Difícil é ter economia solidária com
seguro-saúde do filho ou compra de casa para morar. Para férias vai
bem, ou partilhar uma pizza. Por que a tal da economia solidária faz
tanto barulho? Porque ela alimenta, de novo, o marketing de
comportamento, essa necessidade monstruosa que nós,
contemporâneos, temos de achar que somos legais e melhores que as
gerações passadas, e que, por nós, nunca haveria guerra no mundo e
todos dividiriam suas posses. Nem mesmo dinheiro seria necessário,
bastaria boa vontade.
Um exemplo de economia solidária são espaços artísticos
em rede ou coletivos. Estão todos quebrando porque na hora de pagar
o aluguel o que conta é quem paga ou não paga.
A economia é triste porque a vida é triste na sua
sustentação econômica, mas como nossa cultura é meio retardada,
devido a essa dependência de autoestima que temos, tentamos negar
isso, afirmando que se artistas desconhecidos dividissem latas de
tinta num espaço malcuidado, é porque o outro mundo seria
possível. Haja saco.
Esse conjunto de comportamentos que nega a tristeza
como um traço indelével da existência, que tenta afirmar que tudo
ficará bem se formos todos índios ou artistas coletivos, será objeto
de nossa atenção nos capítulos seguintes, sob a rubrica "o que é o
contemporâneo"? E, ao longo da terceira parte deste livro, tentarei
deixar claro para você, meu caro leitor, o porquê de eu achar nossa
época a mais ridícula que já existiu.
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Filosofia para Corajosos- Luiz Felipe Pondé
AcakO objetivo deste livro é ajudar o leitor a pensar com a sua própria cabeça. Para tal, o filósofo e escritor Luiz Felipe Pondé, autor de vários best-sellers, se apoia na história da filosofia para apresentar argumentos para quem quer discutir todo e...