-7- Amber

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Eu me sentia exausta, mas ele ainda não reagira. Fiz massagem cardíaca nele. Mas ele não reagia. – Droga, não morra!!! – Eu já sentia as lagrimas surgindo, meu rosto esquentando.

Ainda com os olhos fechados ele falou: – Vai ter que fazer respiração boca à boca.

E uma explosão de risadas do outro lado do lago emoldurou a cena como uma trilha sonora.

O até então afogado abriu os olhos e ria e como ria, parecia possuído. Me fizeram de otária.

Armaram pra mim. Me afastei dele como se fosse uma doença contagiosa enquanto ele recuperava o folego e tentava dizer: – Foi brincadeira. – Mas não conseguiu, pois estava rindo demais da situação.

Peguei meu casaco e caminhei para a estufa. Tia Mirian estava agachada mexendo na terra quando me postei na porta e disse: –Vou esperar no carro! – e sai antes de uma resposta ou olhada mais avaliativa. Pude ouvi-la dizendo: – Ela estava molhada?

Assim que fechei a porta do fusca azul, tia Mirian apareceu. – Amber, você se molhou...você entrou no lago? Amber sua saúde, você não pode. – ela abriu a porta do carro, mas não parecia brava, estava mais para preocupada. – Estou bem!

– Você está molhada e está frio, como pode estar bem? Venha, Agata te arrumara roupas secas.

– deixei ela me levar até as casinhas vermelhas. Ágata fervia café quando entramos, a cozinha estava quente com o forno a lenha do lado esquerdo ao fundo. Panelas penduradas sobre a janela, em frente da pia, e uma prateleira de xicaras diferentes pareciam forrar uma parede.

– Se divertindo no lago querida! –falou ela pra mim e eu pensei, que diversão não era o que eu tinha feito desde que cheguei. Optei por não responder apenas sorri rápido.

– Você podia me arrumar uma muda de roupa para essa aqui, ela realmente não pode abusar com esse frio... – Mas claro, venha Amber eu tenho muita roupa de frio por aqui. Ela tinha mesmo. De repente eu estava com calça, blusas e meias com pantufas de outras pessoas. Ela me deixou no quarto para me vestir. Quando sai ajustando o blusão um pouco grande, havia uma algazarra na cozinha de corpos semi nus, rindo e se empurrando. Mas a piada cessou quando cheguei.

–Amber, esses são meus netos, que vou matar se não pararem de molhar o chão da minha cozinha! – nossos olhares se trombaram e eu teria fuzilado a todos se pudesse fazer isso.

–Sente querida, vamos tomar um café. – Convidou Agata. Tia Mirian me indicou um lugar a mesa que me sentei, ainda olhando para seus netos. Será que tinham medo que eu contasse o que fizeram?

– O mais alto mas mesmo assim nem tanto o mais responsável é Estuardo... – ele ficou um tanto constrangido, pelo menos parou de rir.

– Essa é Angie, nossa menina. Acho que faria bem a ela ter uma amiga para variar, ela só anda com os irmãos... – ela cruzou os braços numa postura que discordava e a forma que me olhou enquanto me sentava à mesa indicava que as calças que eu usava eram dela.

– Aqui temos os gêmeos Bergan e Caled, juro que tento distinguir quem são, sempre me confundo, mas eles também não ajudam. – eles não pareciam carregar nenhum remorso por terem me enganado. Ágata poderia não reconhecer bem seus gêmeos, mas eu não esqueceria da cara que ele fez quando zombou de mim.

– E esse rapazinho na porta me deve satisfação sobre um certo telefonema da escola, não é mesmo Andrés? – ele estava encostado no batente da porta, com um dos pés apoiado na parede. Deveria ser o mais novo, mas isso não o tornava mais baixo, era um pouco mais alto que os gêmeos. De fato todos eles eram altos e de aparência saudável, de peles rosadas e cabelo preto contrastando, então cada um tinha sua versão de olhos azuis. Observando-os era evidente se tratar de irmãos.

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