-10- Will

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Quando cheguei ao colégio, não esperava encontrar Vanessa sentada nos degraus da escada da frente do prédio. Ela ficou em pé quando me viu se aproximar dela, subindo um degrau para ficar na mesma altura que eu. A vi juntar as sobrancelhas quando questionou com os olhos eu parecer mais alto e subiu outro degrau. Eu também estava ficando mais alto.

– Você sumiu. – ela falou e eu tentava captar em qual estagio ela estava, se era raiva, ódio ou de aniquilação total.

– Eu tive que correr pra casa naquele dia...

– Você está bem? – ela perguntou rápido.

– Estou ótimo! – menti.

– Nessa, sobre aquele dia, o beijo... – comecei.

– Não precisamos falar sobre isso, serio! – ela respondeu nervosa.

– Eu acho que não, acho que precisamos conversar, Nessa, eu, você é minha melhor amiga, assim desde o prezinho...

– Ta, eu não quero falar sobre isso, ta legal? – ela cruzou os braços e jogou o peso do corpo na perna da esquerda impaciente. – Estou tentando consertar as coisas, deixar como estavam. – tentei argumentar.

– Eu já entendi, você não está...– mas ela parou de falar encarando algo atrás de mim. – Estou ocupada agora Will, pode me dar licença. Também olhei. Era o fusca da Sra. Mirian estacionando na entrada da escola. Amber.

Foi então que percebi que Vanessa não estava nos degraus me esperando. Ela escrevia furiosa em seu celular. Abri o Twitter no meu celular, já adivinhando onde Vanessa estava navegando, naquele perfil dos Maledicentes, que publicam sobre a vida de todo mundo da escola e ja havia várias mensagens sobre a chegada de Amber.

– O que é isso Vanessa? – exige dela. – Eu não fiz nada, só comentei para os Maledicentes que a aparência dela podia chocar os alunos. – senti tanta raiva de Vanessa, mas agora já estava feito. Vi a porta do fusca azul se abrir, Amber se despedia da tia e de Lui, que estava no banco de trás. Olhei para Vanessa e ela olhava vitoriosa pra mim. Inacreditável.

Ela já tinha deixado todos a par de Amber, as mensagens postadas pelos Maledicentes eram cheias de ironias e chacotas.

– Porque faz isso? – mas vi seu sorriso se desmanchar antes que pudesse me responder. Voltei a procurar por Amber já esperando o pior, talvez algum grupo rindo dela, mas ela caminhava para longe do fusca azul, acenando para Lui. Ela havia cortado o cabelo e mesmo estando bem mais curto que antes, agora os lados estavam iguais e parecia penteado, suas olheiras sumiram e ela possuía até mesmo bochechas coradas, usava um jeans preto que deixava claro que suas pernas eram longas, moletom vinho com touca, botas de cano curto, mochila cinza. Ela subiu as escadas, parecia muito concentrada, passou por Vanessa e eu sem parecer ter nós visto. O celular de Vanessa vibrou, ela leu em voz alta: – A tia trabalha na confeitaria, por que ela é um docinho! – O novo visual de Amber varreu todos os meus receios, ela seria o assunto do momento, talvez isso até abafasse o fato de que eu iria deixar o time de futebol.

– Mal chegou e já está causando, novatos... – falou Vanessa sacando seu celular e eu associei a uma arma.

– O que você vai fazer?

– O que as rainhas fazem, colocam a plebe em seu lugar!

– Vanessa deixe a Amber em paz!

– Como é?

– Não se meta com ela...ela não te fez nada.

– Você está protegendo ela, porque? Você gosta dela?!

– Para de inventar.

– Então é isso, é ela, por isso você está estranho a dias, ou melhor, desde que ela chegou! – eu estava mesmo agindo estranho, mas Amber não tinha nada a ver com isso. Mas não seria eu a tentar explicar isso a Vanessa.

– Pense o que quiser! – agora foi minha vez de deixa-la falando sozinha. Eu tinha coisas mais importantes para me preocupar. Fui a biblioteca, pesquisar por remédios para dor forte.

ClepsidraOnde histórias criam vida. Descubra agora