Venha Até Mim (Concluído)

Jardins de Alfazema

Book trailer

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Aquele era um dia bom para viajar. Mas não era um boom dia para eu estar ali.

Tinha tido pesadelos a noite inteira, não preguei o olho até virar para o despestador ao lado da minha cama e perceber que já era hora de levantar. Suspirei e encarei o teto, ainda nem tinha nascido o sol,mas meu avô insistia em querer sair de madrugada para viajar. Eu odiava. Odiava levantar de madrugada e viajar para aquele lugar.

No banheiro, encaro os frascos de remedio. Eu deveria tomar? Era a pergunta que se formava na minha mente o tempo inteiro, mas decidi não tomar. Ja faziam meses desde a minha recuperação, não havia sentido continuar tomando aquelas medicações.

Escolhi um vestido azul florido e sandálias douradas, depois prendi o cabelo numa presilha de flor. Eu amava aquela presilha, tinha sido um presente...não de alguém que valesse a pena lembrar.

Era verão, quente e exalava diversão. Era exatamente o que íamos fazer, nos divertir. Precisava encarar isso como algo bom que minha família estava fazendo por mim. Tinham sido meses sombrios, meus pais se esforçavam para me ajudar a superar, mas era difícil. Uma coisa que aprendi é que o mundo pode tentar te ajudar, mas se você não fizer isso por voce, acredite: nada vai te tirar do buraco.

Observo meu quarto antes de escutar minha mãe gritando do andar debaixo. Suspirei novamente ao olhar pra janela e ainda não ter visto a luz do sol. Pego a mochila, que agora parece bem pesada para dois dias, ajeito ela nas costas e paro um instante.

Dou um sorriso para a foto no quadro da minha cabeceira. Minha última viagem a Bosque Livre, todos reunidos, inclusive meu pai. Um ano passa rápido e nesse último ano, tudo de errado aconteceu na minha vida. Mas a sensação inquietante de que as coisas poderiam mudar drasticamente não saia do meu peito, alg ode novo estar por vir. Algo que estou aguardando por muito tempo. Um pouco de felicidade outra vez.

Desço avidamente ao escutar buzina da van. Minha mãe já estava a minha espera na porta, ela segura uma mala pequena e um chapéu de sol, ela sorri ao me ver. Seu sorriso era lindo, assim como seus cabelos, loira como o sol,era radiante, estava sempre sorrindo, o que acabava sendo uma pressão grande encima de mim. A minha melancolia era quase um crime perto dela. Éramos tão diferentes, tanto fisicamente como na personalidade, mas ainda sim eram como se fossem uma só.

—Seu irmão isso que nao conseguir ir, seu pai fez planos com ele.- ela diz, com desdém.

Um ano desde que se separaram e ainda sim continuavam implicando um com o outro. Meu irmão havia passado alguns dias com meu pai, então seriamos so nós duas dessa vez. O que eu não achava ruim, já que eu sentia falta de passar um tempo junto dela.

— Pra mim, ótimo- dou de ombros e passo pela porta.

Assim que saio de casa, logo vejo a van do meu avô, está bem na frente de casa e ao seu lado, no carona, está a minha avó, ela sorri quando me vê.

—minha linda! Quanto tempo! Vem aqui, deixa eu te dar um cheiro.- ela estende os braços para fora da janel da van, na intenção de me puxar pra perto.

Eu fico com vergonha ao vê quem está na van, as janelas são escuras, mas eu nunca deixaria de reconhecer aquele olhar. O desdém estampado na cara daquela garota me persegue ate nos pesadelos.