Cara a cara com um sonho.

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Louis viu o homem sair levando os pais, estar ali naquela cafeteria, numa cidadezinha perdida no mapa não era coincidência, e ver o homem de seu sonho cara a cara, rindo com seus pais e amigos era incrivelmente maravilhoso,  sabia que era ele, o cara de seus sonhos, era impossível não saber, seus sonhos eram claros como o dia, podiam ser terríveis ou no caso daquele homem, maravilhosos, mas ele não sabia o que esperar, não agora. Estava cansado quase a exaustão,morrendo de sono, mas se dormisse tão cansado assim, molhado e com fome seria inevitável voltar aos sonhos ou melhor dizendo aos pesadelos.

Infelizmente notou o olhar demorado da atendente loira sobre ele e soube que seu tempo ali tinha acabado, saiu pela porta temendo os raios e trovões, mas eles tinham diminuído, pensou em entrar na caminhonete, mas se o fizesse dormiria logo...Resolveu ficar parado na chuva sob a luz do poste por mais alguns instantes, protelando o sono e os pesadelos um pouco mais, mas não notou quando o sono o pegou, escorregou pelo poste,caindo sentado no chão molhado e adormecendo em seguida, mesmo molhado e gelado.

O sonho veio...Primeiro o som de uma goteira, caindo longe...

Plic, plic, plic...

Insistente e macabro...

Plic, plic, plic...

Depois os respingos da goteira em seus olhos...

Irritante,insistente a ponto de faze-lo abrir os olhos.

E então a escuridão e dor em seu corpo gelado, quando sua visão se acostumou a escuridão, notou que estava no chão de um lugar vazio, suas mãos atadas em cordas finas, mas bem atadas, os pés também, seu corpo quase nu, as lágrimas vieram primeiro e logo os soluços, ele sabia que o seu sequestrador o tinha achado, de novo.

Ouviu a voz logo em seguida e sentiu as mãos macias e assustadoras tocando seu rosto sem permissão, limpando as lágrimas que ele tanto amava.

-Quantas vezes vai tentar Louis? Não pode entender que é meu? Você é meu bichinho de estimação e nunca vou deixa-lo livre enquanto estiver vivo, está é a quarta vez que foge? Ou a quinta? Já não sei...Mas confesso que gosto do sabor da caçada, te perseguir é lindo, ver seu medo todos os dias é perfeito, mas nada se compara a isso, ter você em meus braços, inteiro para mim...Infelizmente sabe que terei que castiga-lo não é meu querido?

Os soluços de Louis se tornaram mais altos e seu corpo tremeu nas mãos do outro homem, e ele sorriu satisfeito, colocou a câmera no tripé, preparou o equipamento assoviando e então o primeiro flash e veio, atordoando a visão de Louis por um instante, depois outro e outro, o homem que o raptou era um voyer, adorava tirar fotos e mais fotos de seu cativo,enquanto o mantinha preso em diversas situações, cada uma pior que a outra, as vezes o tocava, mas seu prazer era lhe proporcionar humilhação e alguma dor, e registrar isso, é claro.

-Vou deixa-lo meu querido, mais tarde eu volto, comprei um novo equipamento e vamos testa-lo hoje juntos, está vendo aquelas correntes? Vou suspende-lo ali, talvez eu faça algumas brincadeiras hoje, quem sabe? Vou filmar tudo com minha câmera nova, agora descanse...Deixei essa belezinha programada para fotos a cada quinze minutos, quero tudo de você hoje, por isso chore para mim meu pequeno.

Ele saiu e Louis se sentiu perdido, sozinho e apavorado, era a quarta vez que fugia do homem, mas ele era um sonhador também, descobria por suas premonições onde Louis se escondia e o encontrava sempre, muito embora Louis tenha descoberto que podia sonhar com seu sequestrador ainda não entendia como usar seus sonhos para se manter longe dele, e fugindo sem dinheiro e a pé era fácil ser encontrado de novo, mas não desistiria, nunca. Já tinha sobrevivido a lares adotivos com pessoas horríveis quase sua infância inteira, e desde de que foi sequestrado  vinha tentando fugir desse louco.

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