Doce deleite.

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A picape rodava devagar pela estrada de terra batida somente aqueles poucos trechos eram ruins, a fazenda ficava logo a frente, e era linda, terras herdadas de avô paterno de Harry, com um casarão antigo que precisava de reformas, mas que mesmo assim era bonito de se ver, a estrada ladeada pelos dois lados por altos pinheiros davam um aspecto fechado ao ambiente, seria assustador se não fossem as flores que nasciam ao longo da estradinha, Louis olhava tudo espantado, achava cada detalhe bonito de se ver, já tinha escurecido, mas a lua estava cheia e dava detalhes de tudo,  e o pequeno também pensava que ali era um lugar mais deserto, seria difícil o seu perseguidor encontra-lo.

-Está achando longe da cidade? Só meia hora de carro, nada demais...

-É lindo. Respondeu com suas frases curtas, mas sinceras o jovem de olhos azuis.

Numa curva eles observaram a casa, um belo casarão na verdade, imponente e belo se destacando com a luz difusa da lua, flores cresciam desordenadas pelos cantos da casa, mas isso não lhe dava um aspecto mal cuidado, na verdade deixava a paisagem bucólica e suave, toda a casa era pintada de branco, sem outras cores para destacar janelas e portas e Louis achou que ficaria lindo se portas e janelas fossem pintadas de azul cobalto, daria mais vida a toda a estrutura.

-Sabe, eu comecei a reforma-la quando a herdei, mas logo me mudei para a cidade grande e então comecei a trabalhar e só mexia nessa bela casa nas poucas férias que tinha, então não fiz muita coisa, minha mãe é que mantém tudo em relativa ordem, limpa a casa e a deixa habitável, mas agora que resolvi voltar e viver aqui pretendo reforma-la inteira.

O carro parou e eles desceram, com Louis analisando tudo, e achando lindo, das flores a casa e sua varanda bonita, podia se imaginar ali sentado num balanço tomando suco e observando o finalzinho do dia, com Harry ao seu lado, desviou o rumo dos pensamentos, tinha primeiro que entender porque era perseguido por um louco que o manteve preso por tanto tempo, porque tinha esses sonhos que se tornavam realidade e porque tinha sonhado tanto com esse homem lindo de olhos verdes que fazia seu coração saltar no peito a todo momento, e falando nisso seu coração saltou naquele exato momento pois sentiu a mão forte do outro tocar sua cintura para indicar que ele devia entrar na casa, disfarçou seu nervosismo o melhor que pode e entrou, não notando o leve sorrisinho que ganhou por seu pequeno susto e pelo rosto corado.

-Louis, sinta-se em casa, não tenho muitos móveis, mas tenho um quarto com uma cama grande e confortável que pode ser o seu, lá tem um banheiro que eu já reformei, fica no andar de cima, espero que goste, quer ver agora?

O rapaz sorriu e subiu as escadas, analisando a madeira gasta, mas que ficaria linda se fosse polida, o corrimão era antigo e também gasto, com tinta branca descascando, mas era bonito e com uma mão de tinta ficaria novinho em folha.

-Segunda porta a direita, pode abrir...

Louis abriu e parou estarrecido, ali estava a cama de seus sonhos, a mesma colcha onde tantas vezes se viu fazendo amor com esse desconhecido tão lindo, e só de ver a cama ficou corado ao lembrar dos sonhos quentes, e dos lugares onde essa boca linda que obviamente falava agora com ele era capaz de tocar.

-Então eu mesmo restaurei essa cama, era uma peça antiga, muito pesada, tive um trabalhão para colocar essa coisa aí, e Zany ajudou, mas ficou uma beleza não é?

Louis não conseguia pensar e nem ouvir nada, ele ainda sentia as mãos que em seus sonhos tocavam cada pedacinho do seu corpo nu naquela cama...O cheiro do corpo dele, uma mistura masculina tão pura que arrepiava seus pelos do corpo todo, ficou tentado a fungar em seu pescoço em busca desse aroma único, amadeirado e tão dele que arrepiava sua nuca.

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