Sonhos de sangue.

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"Espero que quem estiver lendo (alguém está?) esteja gostando..."

Harry olhou aterrorizado para seu menino com o sangue a manchar sua camisa antes branca, a faca em sua mão trêmula, ele havia sonhado com isso, muitas e muitas vezes, os sonhos de sangue e morte nunca o deixavam em paz, mas ele tinha certeza que seria capaz de poupa-lo, infelizmente não foi, porém ele ouviu o gemido do corpo caído no chão, o homem não estava morto, apenas ferido no ombro, a faca atravessou seu ombro pelas costas, devia estar doendo, mas não o mataria, porque Louis nunca seria um assassino, ele se levantou e cambaleou ofegante, irritado, ódio irradiando de seus olhos.

-Louis...Maldito Louis...Ele gruniu a frase entre os dentes, passando a mão no rosto, cobrindo sua face com seu próprio sangue.

O homem pegou a arma novamente e apontou para o coração de Harry mais uma vez, ele o odiava tanto que precisava mata-lo, mas Louis não podia permitir, mesmo de costas, sem ver nenhum movimento do Observador o pequeno rapaz empurrou Harry no último instante e a bala que deveria mata-lo apenas passou de raspão em seu braço direito, Louis caiu sobre ele, todo o peso de seu corpo leve solto sobre Harry. Lentamente Louis arrancou a camisa e pressionou o ferimento no braço, apertando a mão no local, depois sussurrou junto ao seu ouvido...

-Para ter todos os dons de alguém é preciso quebra-lo, submete-lo inteiro...Obter sua alma...Você me tem em todos os sentidos, eu sou seu...Mas você não me quebrou, você juntou meus pedacinhos, me curou...Por isso te dou tudo que sou.

Louis o beijou nos lábios e seu aroma de baunilha se intensificou, seus lábios macios se tornando doces e penetrantes e então tudo foi arrancado de Harry, pois o Observador puxou Louis de sobre o outro, o arrastando para longe do corpo ferido, sem nenhum resistência nova.

-Louis meu pequeno amante...Chegou a hora, eu quero tudo agora!

Auston nem mesmo olhou para Harry, acreditou que a bala o tivesse mesmo acertado e que ele estivesse morrendo agora, tudo que queria era Louis em suas mãos, e assim obter todos os dons dele, havia largado a arma no chão e estava com a faca que o pequeno havia descartado a pouco, puxou Louis pelas pernas e começou a cortar suas calças, arrancando o tecido molhado de seu corpo, desnudando sua pele fria e suja de sangue, Louis não lutava mais com ele, estava sem forças, apenas o observava em seu trabalho sujo, até estar nu em seus braços.

-Me de tudo Louis, cada pedacinho de seus dons, cada parte de sua alma, me de absolutamente tudo...Ele insistiu abrindo o zíper de sua calça, expondo seu membro ereto na direção do corpo largado a sua frente, ele o possuiria mais uma vez, sabendo que isso era o que mais horrorizava Louis no mundo, e assim o teria em pedaços e poderia absorver tudo dele, cada gota de poder.

Louis virou o rosto para Harry ofegante no chão e deixou os olhos marejados irem se fechando aos poucos...

Harry sentiu a tensão em seu corpo, um poder novo a percorrer cada célula, ele sentiu o vento, a chuva, cada gotícula a pingar pela casa, as chamas enormes a lamber quase o teto, a terra sobre seu corpo, abaixo do piso de onde estava deitado, ele sentiu e compreendeu no ato, Louis lhe deu todo seu poder, ele lhe passou seus dons...Precisava salva-lo agora, encontrar forças, acabar com aquele maldito homem, foi quando ouviu o grito e seus dons explodiram em sua pele. Virou o rosto e viu Louis gritando enquanto o corpo nojento de Auston se curvava sobre seu menino, o machucando.

Foi tudo muito rápido, o vento irrompeu novamente, desta vez jogando Auston longe, o fogo cercou a sala, a chuva cessou e Harry se levantou correndo até Louis que gemia se encolhendo no chão, sem roupas, sujo de sangue, o apertou nos braços, arrancou sua camisa e enfiou em Louis para cobrir sua nudez e o proteger, se virou e fez um pequeno aceno com a mão e as portas se abriram, lá fora a polícia vislumbrou o interior da casa, sua família estava lá, todos estavam, o mais alto olhou para o homem caído de modo estranho perto da lareira, os olhos abertos, o corpo meio torto, ainda ofegante.

Harry deitou Louis no chão por um breve instante, a polícia invadia o local, mas Harry estava cercado pelo vento intenso, nada podia se aproximar dele se ele não deixasse, se abaixou até estar próximo ao homem caído, ele balbuciava em meio ao sangue que saía de seus lábios.

-Maldito...Maldito Louis...Maldito menino...Ele deu a você...Todo o poder...

Harry sorriu ao ver o homem dar um último suspiro e morrer finalmente, cessou o vento, cessou o fogo, cessou tudo e se voltou a Louis o pegando no colo, a polícia olhava ao redor sem entender nada, a destruição era intensa, a casa ameaçava desmoronar a qualquer instante e todos saíram de lá, mal haviam deixado a porta e tudo veio abaixo, o teto e as paredes como se uma implosão tivesse sido detonada ali, o corpo do Observador esmagado entre pilhas de escombros.

-Filho! Gritou Anne correndo em sua direção, vendo o sangue manchado no ombro do homem que caminhava em sua direção, os enfermeiros vieram a seguir mas foi preciso muita interferência de Desmond para Harry soltar Louis, ele o mantinha em seus braços, mas o médico precisava assisti-los, ambos estavam feridos.

-Hazz, solta o Louis, ele está ferido querido, o médico só quer ver ele, dar remédio...Dizia Anne.

-Filho, somos nós, sua família, Louis está bem agora...Vamos filho...Dizia Desmond.

-Auston o machucou de novo pai, eu vi, eu estava ferido no chão, vi o maldito cortar as roupas de Louis na minha frente, ele...Ele o feriu!

-Calma...Você o salvou meu filho. Explicou Anne deixando seu carinho se espalhar na pele do braço ferido do filho, que finalmente deitou Louis adormecido na maca, inconformado em ver o sangue que manchava as coxas roliças dele, sinal de que mesmo que tenha vencido, ainda assim uma última vez Auston machucou seu menino.

Mary se aproximou e abraçou Harry com carinho.

-Louis não sabia como vencer, por isso ele lhe deu todos os dons que tinha, ele lhe deu a chave para vencer o monstro meu querido e você o venceu, ele está morto.

-Mas...Como ele poderia saber que eu seria forte o suficiente para vencer? Ele me deu seus preciosos dons que ele ainda nem tinha dominado, como sabia que eu seria capaz de domina-los?

Mary riu meio divertida.

-Porque ele sonhou, é claro meu querido...

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