capítulo 28

1.6K 147 18
                                    

Julia Narrando..

Eu estava extremamente puta, extremamente irritada, que caralho. Sempre tem algo para atrapalhar! Ks é um babaca, ele não tem vergonha na cara, ficou olhando aquela piranha uns 10 segundos, aquilo foi um tiro para mim..

Ela faz no quesito de me irritar e a vagabunda consegue, porque essa quenga não ficou lá nos Estados Unidos mesmo, ela tinha que realmente voltar para infernizar? Parece que sempre vai ter algo querendo interromper nosso relacionamento, que agora não se trata mais de dois e sim três.

Me sinto arrependida as vezes, sim.. Ks é um traficante, é procurado, jurado, marcado e os caralho a quatro. A qualquer momento ele pode morrer, a qualquer momento ele pode ser preso. Será que meu filho vai viver em paz? Sabendo que a cabeça do pai é desejada por várias pessoas. Assim como eu, meu filho também será marcado, vai viver em perigo, acordando sem saber se vai acordar em casa no dia seguinte.

Depois do sequestro, entendo totalmente as cautelas de Ks, é sempre perigoso para a gente, não devemos confiar nem no tiozinho que vende coxinha na praça. Antigamente eu pegava carona de moto com qualquer soldado do Ks, qualquer um mesmo. Ks quando descobriu ele surtou e proibiu todos os soldados de fazer isso.

Eu amo o Kauê, mesmo. Ele é maravilhoso, do jeito dele mas é. Me trata com carinho, ciumes e as vezes se altera por efeito de drogas, as vezes ele consome. Não posso reclamar quem escolheu essa vida foi eu. Mas.. Já basta aturar essas coisas, vou tem que aturar mulher também? Ah mas não vou mesmo, nem que eu abra a mão dessa relação, Mesmo grávida.

Estava sentada nas cadeiras que ficavam no balcão, com os braços apoiados no balcão e as mãos na cabeça, estava com uma dor terrível, eu estava esgotada.

Sentir um Abraço na cintura, que eu conhecia muito bem. Logo levantei na tentativa de fugir daquele Abraço.

- qual é o problema Julia?  - Ks perguntou.

- Você ainda pergunta - falei cruzando os braços.

- Cara, sinceramente.. Você tá muito problemática, ciumenta.. a menina sempre foi do morro, super gente boa, minha relação com ela vem de anos, a gente era amigos sim, logo viramos namorados, Mas isso é passado, hoje eu nem me importo com ela. Porque você não fica rilex, a mina trata geral bem, não fez nada demais.. Só me comprimentou - disse apontando na minha cara.

- Eu problemática, fala sério Kauê.. Você sabe que quando eu bato K.o com alguém não é atoa, porque se fosse atoa eu já teria tido K.o com todas essas monas piranha do morro que fica de galinhagem para o teu lado, mas.. pelo menos elas se assumem ser piranha, diferente dessa falsa aí, que finge ser o que não é - respirei fundo - e fodasse, caralho. Tá comigo por que então? Se eu tô te causando problemas é só mandar eu ir embora, eu passo por aquela porta e vou embora, esqueço até que o filho é seu. Você tá sendo um bundão, indo pela cabeça dos outros, não era nem para ela entrar nessa casa. Quando eu fico conversando com meus amigos da escola você também mete K.o, e é super desnecessário, e mesmo assim eu te entendo. - coloquei o dedo na cara dele - agora que é visse versa, é rilex.. " nãoo, coitada, ela é amiga de todo mundo.. deixa a pobrezinha".

- Mas eu sou homem Julia, você é mulher e é diferente.. mulher que tem amizade com vários leva fama de puta - falou descaradamente.

- Ah, então quer dizer que para homem é legal e para mulher não?  - perguntei indignada - me poupe Kauê, não vem ser machista para o meu lado que não cola. - falei revirando os olhos.

- Machista? Vai se fuder Julia, machista é o meu caralho, eu sou bandido, traficante e dono dessa porra toda - fez gesto com os dedos - as pessoas me tratam com intimidades que nem minha irmã tem comigo, e são pessoas que eu nem conheço.. Andreza sempre foi minha amiga e se for para tu ficar de k.ozada com a mina sem ela ter feito nada e melhor parar tá ligada. - disse gritando.

- Eu não acredito que você está defendendo ela - ele ameaçou sair, mas eu segurei - não.. fica, agora fique.. eu não acredito mesmo, cara.. eu fiquei sabendo coisas horríveis sobre essa garota.. vocês estão cegos? lembra quando ela meteu o chifre nessa tua testa aí - apontei e vi ele se alterar - e ainda fingiu uma gravidez, sabe o que é isso? Trouxisse sua - falei

Na mesma hora ele veio com tudo para cima de mim, me jogou contra a parede de maneira que meus braços ficasse presos de forma firme em seus braços.

- tu cala a porra da tua boca, não fala merda não caralho - disse com ódio no olhar - me chama de chifrudo de novo, esqueço logo o respeito que tenho contigo e começo a te exculachar. - disse e me soltou de forma que eu cambaleasse para trás.

Sentir ódio, muito ódio...

Como pode cara, parece que todos estão a favor dela.

Sair correndo dali, passei pela sala que estava vazia e subir direto. No corredor se ouvia vozes do quarto da Karen, bando de falsa do caralho.

Aqui eu não fico, não mesmo.

Entrei no quarto de Ks, grande parte de minhas coisas estavam ali, peguei minha bolsa e coloquei o que dava das minhas roupas e coisas necessárias, depois eu vinha buscar o resto. Peguei minha cachorra e as coisas dela. No meio do armário, achei um macacão unissex de bebê que minha sogra tinha me dado, larguei ali mesmo em cima da cama.. coloquei cristal na bolsinha animalar e desci, Ks não estava em casa.. melhor assim, sair de casa e graças a deus não tinha ninguém, deviam tá trocando de turno.

Recebi alguns olhares de dúvidas, logo vi a moto do Trerkeixo passar e fiz sinal para ele parar.

- Qual foi morena - perguntou.

- nada, me deixa no pé do morro por favor? - pedi

- já é, sobe aí pô. - disse trerkeixo.

Me ajeitei com a bolsa que estava minhas coisas de um lado e a com a cristal de outro, logo pedi a partida.

Trerkeixo me deixou no pé do morro e eu desci.

- obrigada, por favor não conte para Ks. - pedi.

- namoral Julia, preciso contar, já fiz cagada de descer você de moto até aqui sem a autorização dele, não posso dar outro mole. - disse meio sem graça.

- ah, tudo bem. Já me ajudou bastante.-agradeci

Me despedi de Trerkeixo e logo pedi um táxi, que parou em frente ao meu condomínio. Por fim, estou no Leblon.

Amando TraficanteOnde histórias criam vida. Descubra agora