O despertador tocou às sete da manhã. Ao contrário dos outros dias, eu tinha acordado com um meio sorriso. Estava entusiasmada demais para reprimir sorrisos às sete da manhã.
Meus pais estavam zanzando pela cozinha quando eu cheguei lá.
Abri o armário e peguei uma xícara para mim, enchi de café e peguei um pedaço de pão.
- O que está fazendo acordada, Sofia? - meu pai quis saber com um sorriso surpreso.
- Vou ao mercado.
- Mas, são sete horas da manhã, querida - minha mãe retrucou.
- Eu sei, mas - me sentei dando uma mordida no pão - acordei disposta hoje. Vou até fazer almoço.
- Que maravilha. Quer que a gente venha para o almoço?
Não!
- Eu sei que gostam de ficar por lá pela floricultura - tentei parecer imparcial. - Mas faço o suficiente para jantarmos.
- Tudo bem - ela aceitou feliz.
Terminei meu café e peguei o carro do meu pai na garagem. Pedi instruções para eles de como chegar ao mercado maior e em menos de dez minutos eu estava lá.
Dentro do lugar, fiquei um pouco desesperada.
O que eu vou fazer para o almoço?
Devia ter pensado nisso antes, mas talvez andando pelos corredores alguma ideia surgisse.
Entrei num corredor que tinha alguns itens estrategicamente lado a lado. Corri os olhos pelos tipos especiais de arroz para risoto e alguns molhos. Até os vinhos para acompanhar estavam dispostos ali.
Peguei o arroz especial e um vinho. Depois escolhi alguns cogumelos frescos. Lembrei que minha mãe sempre fazia, e era algo que eu ainda sabia como fazer.
Também comprei uns brownies prontos na delicatessen do mercado para a sobremesa. Eu ia ficar devendo uma grana pros meus pais, tudo gasto em comida.
O que será que eu já aprendi a cozinhar?
Tanta coisa que eu já devia ter feito e que não fazia a menor ideia.
Chacoalhei a cabeça para voltar meu pensamento para o almoço e, com tudo que eu precisava, voltei para casa.
A primeira coisa que fiz foi preparar os cogumelos porque sabia que ficaria um cheiro forte de tempero pela casa. Liguei o exaustor e com tudo meio encaminhado, fui tomar um banho.
Estava terminando de vestir minha blusa de lã cor de creme quando ouvi a campainha tocar.
Desci os degraus em pulinhos como costumava fazer quando tinha dez anos, um frio na barriga me percorrendo por dentro.
Quando abri a porta, senti vontade de rir.
Ele usava uma calça e uma blusa de moletom pretas, bem largas, muito diferente do que ele tinha usado nos outros dias. O boné enterrado na cabeça e um tênis de corrida.
Cadê as botas cafonas?
- O que foi? - ele perguntou notando minha avaliação.
- Nada não - ri.
- Não posso andar mais confortável? - falou passando por mim sem ser convidado para entrar.
- Pode entrar - eu disse brincando quando ele parou atrás de mim.
Tirou o boné imediatamente dos cabelos (compridos os suficiente para fazer um coque) e eu me preparei para o evento que era toda vez que ele mexia nos cabelos.
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Alucinante
RomanceSofia sempre nutriu amores platônicos por astros do rock. Alucinar com um deles parecia um sonho até virar um pesadelo em potencial. Uma história que, dadas as condições, deve ser interpretada com a devida liberdade poética. TODOS OS DIREITOS RESERV...