A verdade é que quando me beijava, parecia me dopar com alguma droga bem potente, capaz de me deixar fazer o que ele quisesse. Momentos de lucidez passavam por minha mente como um relâmpago e eu tinha que acatar imediatamente, ou perdia o momento e me entregava. Completamente.
Hoje foi assim.
Simplesmente aceitei o que ele estava fazendo como se eu fosse o mar e ele a correnteza. E ele bem parecia o mar, que amanhece calmo num dia, mas em outro está agitado.
- O que estava ouvindo? – falou parando de me beijar para colocar uma mecha de cabelo atrás da minha orelha.
Mas que droga...
Permaneci de olhos fechados em protesto à pausa no nosso beijo.
Escutei o sorriso que eu amava se formando no seu rosto e fui obrigada a abrir os olhos para admirá-lo.
Eu tinha acertado. Estava parado com um sorriso de garoto no rosto, os olhos apertados por conta do sorriso.
- As músicas que você me emprestou – falei fazendo aspas com os dedos.
- E aí? – quis saber pegando no meu cabelo.
- Eu conheço a maioria, mas Fix You nunca tinha ouvido. Acho que ela está com grandes chances de se tornar a melhor delas.
- Que bom – falou dando de ombros, olhando para frente.
- Por quê? – eu perguntei rindo e enfiando a minha cara na frente da dele para que ele me olhasse de novo.
- Porque eu não gosto de dividir minha música favorita.
- Egoísta – ri me jogando nos braços dele que me aconchegou no seu colo.
Ele se apoiou nos braços esticados para trás e olhou para cima inspirando profundamente enquanto que, com a cabeça apoiada em suas pernas, eu via seu queixo e a copa das árvores.
- Eu não queria estar em nenhum lugar que não fosse aqui – falou olhando para cima.
- Jura? – meu coração inchou dentro do peito.
- Sim – endireitou a coluna e colocou uma mão no meu rosto, passando o dedão de leve pela minha bochecha.
Meus olhos encheram de lágrima. Foi tão sincero, e o toque dele me deixou ainda mais à flor da pele.
- Sabe – continuou – tem dias que a gente daria tudo para estar em outro lugar, estar longe. Agora, eu estou bem onde eu queria estar, bem aqui. Com você.
Fui obrigada a sair do conforto do seu colo e sentei para poder beijá-lo.
As mãos dele se enfiaram pelo meu cabelo com uma urgência nova para mim. Quase doía. Ele mal respirava. Parecia que se me soltasse, eu escaparia no ar e ele nunca mais me recuperaria, como se eu fosse uma bexiga cheia de gás hélio prestes a voar.
- Alguma coisa. Em você – falou pausadamente ainda me beijando. – Me faz perder o bom senso – continuou.
- Espero que nunca encontre – respondi tomando fôlego.
Estava ficando muito frio, a umidade da grama já tinha atravessado a colcha que estávamos. Pude sentir quando ele me deitou nela e se debruçou sobre mim. Mas dessa vez, nenhum de nós dois tinha a intenção de parar. Ele estava sendo a minha maré e eu a dele. Nenhum dos dois no controle, mas mesmo assim, reféns um do outro. Sua mão fria encontrou minha pele por baixo da minha camiseta e blusa de lã. Me retraí com a sensação emitindo um gemido baixo. Os olhos dele encontraram os meus e eu queria poder engolir ele, ou estrangular, não sei.
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Alucinante
Storie d'amoreSofia sempre nutriu amores platônicos por astros do rock. Alucinar com um deles parecia um sonho até virar um pesadelo em potencial. Uma história que, dadas as condições, deve ser interpretada com a devida liberdade poética. TODOS OS DIREITOS RESERV...