Capítulo 35

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Na mesma tarde, consegui que Cristofer e Olívia viessem até minha casa. Reuni toda coragem que tinha para me preparar para contar da minha suspeita a eles.

Olívia trouxe comida chinesa, para variar. Ainda bem.

Os dois entraram em casa como se estivessem em território inimigo. Logo ali, o lugar que costumava ser nosso quartel general.

- Estamos famintos - Cristofer anunciou tirando o casaco.

- Oi, Cristofer - reclamei.

- Oi - devolveu me dando um beijo despreocupado na bochecha.

Nós três estávamos sentados no tapete como de costume, em volta da mesinha de centro, comida chinesa espalhada por ela enquanto a gente comia com voracidade.

- Está tudo certo? - Olívia quis saber.

- Não muito - titubeei.

Os dois engoliram a comida sem falar nada, provavelmente esperando alguma reclamação minha sobre o segredo que esconderam de mim.

- Não estou falado do fato de vocês terem escondido tanta coisa de mim - justifiquei para que não pensassem errado.

- O que mais aconteceu? - Olívia se apressou a perguntar.

- Estou doente de novo.

- O quê? - Cristofer largou o hashi dentro da caixinha.

- Não tenho me sentido bem e foi, vamos dizer, sorte eu ter recobrado a memória - contei lembrando o motivo de eu ter recordado de tudo. Se Olívia soubesse que ela foi o estopim...

- Mas tem sentido o quê? - Cristofer quis saber.

- As mesmas coisas de antes.

- Você pode estar só cansada. Você bateu a cabeça e perdeu a merda da memória - Olívia parecia brava, não comigo, mas com a hipótese.

- Por isso chamei vocês aqui. Quero fazer os testes novamente, mas não quero espalhar a notícia, preciso que fique em segredo. Não vou alertar ninguém. Quero voltar a trabalhar e se o pessoal do hospital souber, vão querer me colocar de molho. Pelo menos até ter certeza... - quase que implorei quando senti o olhar de dúvida dos dois.

- Eu concordo - Cristofer foi o primeiro a responder.

- Eu só estava esperando o rabugento falar, porque minha resposta era óbvia - Olívia falou enfiando mais comida na boca.

- Só estou pensando aqui se eu deveria descobrir se realmente estou doente antes de procurar o conselho pra voltar a trabalhar. Porque, se eu estiver doente de novo, vai ter sido em vão e... - as palavras saiam de mim como se eu estivesse falando comigo mesma, então Olívia me interrompeu.

- Sofia, você precisa estar lá dentro para conseguirmos fazer os exames sem levantar suspeitas.

- Além disso - Cristofer começou depois de tomar um gole de sua bebida - você não está doente.

Meus olhos arderam e uma lágrima escapou pela minha bochecha.

- Não vai ser nada - Olívia segurou minha mão.

- Preciso arrumar a bagunça que minha vida ficou, quero voltar para o hospital, preciso trabalhar. Vou fazer a avaliação para retomar o trabalho, e aí iniciamos os exames.

Cristofer assentiu segurando minha outra mão. Eu não podia estar melhor amparada.

Limpei minha lágrima que já chegava quase ao queixo com as costas da mão assim que Cristofer a soltou, respirei profundamente chacoalhando a cabeça para espantar a sensação de tristeza.

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