Meus pais estavam na sala. Cada um com um brownie na mão.
- Olha só quem resolveu aparecer - meu pai falou.
- Oi, querida. O jantar estava ótimo. Você está bem?
- Estou ótima.
- Por onde andou?
- Estava com Eduardo. Ele foi me levar para dar uma volta pela cidade.
- E o que aconteceu com a sua calça? - minha mãe pareceu espantada.
Me entortei toda para ver minha traseira e, realmente, estava terrível.
- Sentamos na grama. Isso nunca vai sair... - falei mais para mim mesma.
- Sai sim, querida. Deixamos de molho - ela me tranqüilizou.
- Precisamos conhecer esse Eduardo - meu pai nos interrompeu.
- É verdade, minha filha. Precisamos conhecê-lo. Saber quem é que está te fazendo tão bem - sorriu.
- Vou falar com ele. Vocês vão adorar.
- Tenho certeza que sim. Mas você já comeu?
- Ainda não. Estou mesmo com fome, bem lembrado - falei indo para a cozinha para pegar algo para comer. - Fomos a um lago aqui perto. Já ouviram falar? - gritei da cozinha.
- Um com várias árvores? - meu pai gritou de volta.
- Isso! - falei voltando da cozinha com uma banana na mão.
- A gente ia lá quando éramos jovens, lembra? - minha mãe sorriu para o meu pai.
- Claro que sim, querida.
- Hm... vou deixar o casalzinho a sós. Preciso tomar um banho. Se precisarem de mim, estou lá em cima.
Quando tirei minha calça no banheiro antes do banho, sorri olhando para a marca grotesca na parte de trás.
- Se fosse por qualquer outro motivo, eu estaria furiosa - falei para mim mesma.
Coloquei uma das camisetas enormes que eu sempre usava para dormir na época da faculdade, fechei a cortina do quarto e me ajeitei na cama. Não era tarde ainda, vi que o relógio marcava nove da noite e me animei a ler um pouco antes de dormir.
Não conseguia me concentrar na leitura. A todo momento Eduardo aparecia na minha mente em flashes da tarde que passamos juntos. Li uma página inteira sem me ater a uma palavra sequer.
Fechei o livro contrariada e o apoiei sobre o peito. Cruzei os braços sobre o rosto e um sorriso acabou escapando quando a memória daquela tarde mais uma vez surgiu. Então, tive a sensação de ter escutado um barulho.
Tirei os braços do rosto e abri os olhos. O barulho se repetiu. Sentei na cama deixando o livro de lado e o som voltou a se repetir.
Saí da cama e andei pelo quarto para descobrir de onde vinha o som e descobri que vinha da janela.
Abri apenas um fresta bem pequena da cortina e tive a surpresa de ver Eduardo lá embaixo.
- Mas o que ele ta fazendo? - sussurrei.
Abri a janela com cuidado tentando não fazer muito barulho.
- O que você está fazendo?- sussurrei mai uma vez sorrindo.
- Precisava falar com você - respondeu segurando a próxima pedrinha minúscula nas mãos.
- Não podia esperar até amanhã?
- Não!
- Fala baixo! - pedi olhando para os lados. - Fale. O que quer?
- Vou subir.
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Alucinante
RomanceSofia sempre nutriu amores platônicos por astros do rock. Alucinar com um deles parecia um sonho até virar um pesadelo em potencial. Uma história que, dadas as condições, deve ser interpretada com a devida liberdade poética. TODOS OS DIREITOS RESERV...