Capítulo 23

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Meus pais estavam na sala. Cada um com um brownie na mão.

- Olha só quem resolveu aparecer - meu pai falou.

- Oi, querida. O jantar estava ótimo. Você está bem?

- Estou ótima.

- Por onde andou?

- Estava com Eduardo. Ele foi me levar para dar uma volta pela cidade.

- E o que aconteceu com a sua calça? - minha mãe pareceu espantada.

Me entortei toda para ver minha traseira e, realmente, estava terrível.

- Sentamos na grama. Isso nunca vai sair... - falei mais para mim mesma.

- Sai sim, querida. Deixamos de molho - ela me tranqüilizou.

- Precisamos conhecer esse Eduardo - meu pai nos interrompeu.

- É verdade, minha filha. Precisamos conhecê-lo. Saber quem é que está te fazendo tão bem - sorriu.

- Vou falar com ele. Vocês vão adorar.

- Tenho certeza que sim. Mas você já comeu?

- Ainda não. Estou mesmo com fome, bem lembrado - falei indo para a cozinha para pegar algo para comer. - Fomos a um lago aqui perto. Já ouviram falar? - gritei da cozinha.

- Um com várias árvores? - meu pai gritou de volta.

- Isso! - falei voltando da cozinha com uma banana na mão.

- A gente ia lá quando éramos jovens, lembra? - minha mãe sorriu para o meu pai.

- Claro que sim, querida.

- Hm... vou deixar o casalzinho a sós. Preciso tomar um banho. Se precisarem de mim, estou lá em cima.

Quando tirei minha calça no banheiro antes do banho, sorri olhando para a marca grotesca na parte de trás.

- Se fosse por qualquer outro motivo, eu estaria furiosa - falei para mim mesma.

Coloquei uma das camisetas enormes que eu sempre usava para dormir na época da faculdade, fechei a cortina do quarto e me ajeitei na cama. Não era tarde ainda, vi que o relógio marcava nove da noite e me animei a ler um pouco antes de dormir.

Não conseguia me concentrar na leitura. A todo momento Eduardo aparecia na minha mente em flashes da tarde que passamos juntos. Li uma página inteira sem me ater a uma palavra sequer.

Fechei o livro contrariada e o apoiei sobre o peito. Cruzei os braços sobre o rosto e um sorriso acabou escapando quando a memória daquela tarde mais uma vez surgiu. Então, tive a sensação de ter escutado um barulho.

Tirei os braços do rosto e abri os olhos. O barulho se repetiu. Sentei na cama deixando o livro de lado e o som voltou a se repetir.

Saí da cama e andei pelo quarto para descobrir de onde vinha o som e descobri que vinha da janela.

Abri apenas um fresta bem pequena da cortina e tive a surpresa de ver Eduardo lá embaixo.

- Mas o que ele ta fazendo? - sussurrei.

Abri a janela com cuidado tentando não fazer muito barulho.

- O que você está fazendo?- sussurrei mai uma vez sorrindo.

- Precisava falar com você - respondeu segurando a próxima pedrinha minúscula nas mãos.

- Não podia esperar até amanhã?

- Não!

- Fala baixo! - pedi olhando para os lados. - Fale. O que quer?

- Vou subir.

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