Capítulo 31

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- Sofia! – a voz invadiu meus sonhos juntamente com batidas na porta.

Sentei na cama assustada e senti o lençol deslizar pelo meu colo revelando minha pele nua. Com pressa, puxei o tecido macio novamente para cima para me cobrir e vi a maçaneta da porta mexer. Meu coração parou. Mas a porta não se abriu. Fechei os olhos agradecendo ao me lembrar que tinha trancado a porta na noite anterior.

Os cabelos despenteados caiam no meu rosto como de costume quando notei que Eduardo assistia a cena com um sorriso engraçado no rosto. Não falei nada, tinha que responder minha mãe antes.

Ele tinha ficado dessa vez?

- Oi, mãe – tentei soar sonolenta.

- Não vai levantar hoje?

Mirei Eduardo deitado com os braços atrás da cabeça e sorri balançando minha cabeça negativamente.

- Já estou indo, vou acordar primeiro e desço.

- Tudo bem, querida – ela aceitou.

Passei a mão no meu rosto para me recuperar do susto enquanto me jogava novamente para trás.

- Essa foi por pouco, hein?

- Tudo o que eu não fiz quando era adolescente estou compensando agora – falei olhando para o teto.

- Duvido – provocou.

- Eu não abusava tanto – respondi me virando de lado para olhar para ele.

Sua mão tocou meu rosto, repousando em parte no meu pescoço enquanto o dedão deslizava para cima e para baixo na minha bochecha.

- A gente precisa conversar – falou parecendo aflito.

Suspirei. 

Uma noite bem dormida, ainda mais depois da noite que a gente tinha tido, parecia ter amenizado os fatos, mas a verdade é que a gente realmente tinha muito o que conversar.

Ele fechou os olhos e inalou o ar profundamente.

- Fala – pedi quase que num lamento.

Abriu os olhos verdes novamente, sua mão ainda no meu rosto, mas ele parecia perdido.

- Eu não voltei pra ficar – soltou finalmente.

- Não? – me apressei em questionar ao colocar minha mão sobre a dele num ato instintivo.

- Ainda tenho que resolver algumas coisas.

- Que coisas? – não suportava mais os mistérios dele.

- Meus pais. Preciso ajudar eles.

Eu quis perguntar em quê, mas fiquei chateada com a falta de confiança dele para se abrir comigo, então aceitei.

Fiquei em silêncio e lentamente tirei a minha mão da dele me movendo na cama para que ele também tirasse a mão do meu rosto. Engoli a vontade avassaladora de chorar que estava aglomerada na minha garganta.

Ele notou meu descontentamento.

- Não vai ser por muito tempo, talvez umas duas semanas. Eu espero que passe rápido – disse tentando se aproximar mais uma vez.

Bufei em descontentamento, mas permiti que ele voltasse a me tocar. Segurou meu queixo e tentou me dar um beijo, mas eu recuei no mesmo instante.

- Não fique brava comigo – pediu

Eu estava, mas não recuei por conta disso.

- Acabamos de acordar. Não vou te beijar – falei colocando minha mão esquerda na boca.

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