Eu sabia todas as músicas de cabeça. Os dois também sabiam a maioria. Cantei cada uma como se minha voz pudesse ser ouvida por eles no palco. Cada batida que vibrava ao sair das caixas de som potentes, penetravam meu corpo me fazendo estremecer.
O suor escorria da minha testa quando senti uma tonteada. Mas me segurei firme para que Olívia e Cristofer não notassem. O medo tentou contaminar minha euforia, como havia acontecido mais cedo na piscina, mas eu consegui controlar. Nem precisava imaginar Heaven, ele estava ali na minha frente, pulava e sacudia os cabelos enquanto cantava. Sua voz era a única coisa que eu queria ter dentro da minha cabeça. Queria poder substituir meus pensamentos todos por sua voz.
O acorde da última musica começou a tocar e eu senti uma pontada de tristeza. Queria mais.
Não cantei. Não pulei. A multidão gritava enlouquecida enquanto eu estava parada. Queria olhar para eles. Registrar aquele momento. A gente tem mania de não apreciar alguns momentos. Ficamos envolvidos demais. Quis me distanciar disso para sentir a realidade de estar ali, onde eu mais queria estar. Com pessoas que eu amava.
Olívia notou e me abraçou pelo lado esquerdo sem dizer nada e começou a apreciar o momento comigo. Cristofer fez o mesmo do outro lado e então eu derreti como um chocolate dentro do carro no verão.
Chorar de alegria é mais gostoso do que rir.
O som cessou, as luzes se apagaram e acabou. Gritos continuaram sem parar, mas lá dentro de mim, o silêncio dominava. Eu ainda queria mais.
- O que acham de mais uma janta de rico? – Cristofer falou quando viramos para sair.
- Com bastante champanhe dessa vez – eu disse pesarosa.
Ele riu e passou o braço sobre meu ombro enquanto nos encaminhávamos para a saída.
A comida estava como da outra vez, magnífica. Mas eu quase não comi. Estava apreciando o champanhe desta vez.
- Sofia, não vai tirar essa cara de emburrada? Parece uma adolescente – Olívia riu.
- Daqui a pouco passa.
- Daqui a algumas garrafas passa – Cristofer brincou.
Três garrafas depois Cristofer cochilava no sofá enquanto eu falava sem parar com Oívia até notar que ela também já estava dormindo.
- Três garrafinhas e nós três já estamos assim? – falei sozinha.
Encostei minha cabeça no encosto do sofá decidida a dormir por ali também. No entanto, o efeito da bebida não me deixava pensar direito.
Então num estalo eu senti vontade de sair do quarto e ir pro bar.
Levantei com dificuldade do sofá fofo e vi Carter parado perto da porta.
- Shhhhh... – fiz pra ele com o dedo indicador. – Isso mesmo, não fala nada, fica quietinho.
Então ele me seguiu porta a fora pelos corredores enquanto eu ria baixinho e andava cambaleante.
Tive que aguçar a visão dentro do elevador para achar o botão certo.
- Não me segue – falei para Carter. – Vê se me deixa em paz, cacete.
Imediatamente coloquei a mão na boca por causa do palavrão e caí na risada quando o elevador parou e abriu as portas. Nem senti que já tinha descido todos os andares.
Tentei me recompor para caminhar até o bar, e na minha percepção, de cima do meu salto super alto, funcionou. Não trombei, tropecei ou caí, então, sucesso.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Alucinante
Roman d'amourSofia sempre nutriu amores platônicos por astros do rock. Alucinar com um deles parecia um sonho até virar um pesadelo em potencial. Uma história que, dadas as condições, deve ser interpretada com a devida liberdade poética. TODOS OS DIREITOS RESERV...