Senti braços me pegando. A dor que sentia na minha cabeça era imensurável. Abri os olhos e vi meus pais.
- Vamos tirá-la desse chão! – meu pai falou extremamente nervoso.
- Não podemos mexer nela até o socorro chegar... – me olhou assustada e viu que eu abria os olhos.
- Mãe? – resmunguei.
- Sofia! O que aconteceu?
Um pouco confusa, fechei meus olhos e tentei pensar. Mas nada.
- Não sei. Não sei! Eu caí?
- Tudo indica que sim, Sofia. Mas tudo bem. Fique quietinha agora.
Em pouco tempo a ambulância que ela tinha chamado chegou.
Fizeram todos os procedimentos de segurança antes de me remover do chão. Olhei em volta e fiquei muito assustada. O sacrifício para me descer imobilizada pelas escadas foi grande.
Dentro da ambulância, minha mãe me confortou dizendo que meu pai iria de carro atrás da gente.
- Tudo bem – respondi com certa dificuldade.
- Como você está se sentido.
- Não muito bem, mas, mãe...?
- Sim, querida.
- Que casa era essa?
Os olhos da minha mãe se arregalaram.
- Querida, você não sabe em que casa nós estávamos?
- Não, acho que não.
- Está tudo bem. Depois te explico. Agora fique tranqüila – falou apertando minha mão com uma força tão grande que chegou bem no limite do confortável.
Dentro do hospital, a caminho do pronto atendimento, tenho certeza que vi uma pessoa desconhecida perguntando sobre mim para minha mãe. Falou meu nome. Mas de onde ela me conhecia?
Depois que os médicos de plantão me atenderam, minha mãe voltou a ficar perto de mim.
- Estou assustada – olhei para ela e só agora me dei conta de como ela parecia mais velha.
- Conversei com eles, você parece estar bem, mas não pode se mexer. Eles vão fazer exames para saber se você não machucou a coluna na queda.
- Estou com medo – confessei.
- Estou aqui do seu lado para isso, te confortar.
Fiquei quieta, a adrenalina me impedia de pensar direito.
- Me diga, querida. Do que se lembra?
- Não lembro de absolutamente nada. Não faço ideia de como fui parar naquele lugar e de porque estava só de toalha.
- Ontem. Me conte. O que fez ontem?
Parei um instante olhando para cima. Mas nada me veio à cabeça.
- Meu Deus, não faço a menor ideia. Que coisa assustadora, eu quero me lembrar!
- Calma. É normal depois de um susto. Vamos fazer diferente. Me conta o que você tem feito ultimamente.
- Hmmm – suspirei enquanto meu cérebro funcionava. – Vou para a faculdade, estudo boa parte do dia. Corro durante a noite...
- Vai para a faculdade? – ela me interrompeu.
- Sim. Estou no segundo período de medicina. Passei no teste? – perguntei rindo.
Ela riu também. Mas de uma forma estranha.
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Alucinante
RomanceSofia sempre nutriu amores platônicos por astros do rock. Alucinar com um deles parecia um sonho até virar um pesadelo em potencial. Uma história que, dadas as condições, deve ser interpretada com a devida liberdade poética. TODOS OS DIREITOS RESERV...