Destranquei a porta e a abri com cuidado. Vasculhei a sala com o olhar. Nem sinal de Carter nem Eduardo, quer dizer, Heaven.
- Nome ridículo que meu cérebro achou para me sacanear - sussurrei colocando as duas malas para dentro. Deixei as duas ali mesmo, no corredor de entrada, enquanto avaliava a casa. Nem parecia que tanta coisa tinha se passado na minha vida, como se eu tivesse saído apenas há algumas horas.
Subi as escadas rumo ao meu quarto, vagarosamente, sem muita vontade. Também estava vazio. Nenhuma alucinação. Bufei em desaprovação. Mesmo com muito ódio, mesmo me sentindo a pessoa mais atormentada da face da terra, desejei ver Eduardo. Se eu estava doente, então que ele aparecesse.
Decepcionada fui tirando a roupa que eu usava a caminho do banheiro. Queria tentar lavar minha tristeza.
Lá dentro, me agachei quando vi os resquícios do meu celular no chão. A tela estava inteira trincada, com pedacinhos faltando como se fosse um quebra cabeça inacabado. Cacos brancos estavam espalhados pelo chão de mármore preto, iam até embaixo do gabinete da pia. Balancei minha cabeça em desaprovação quando me levantei. Respirei fundo pensando em tudo que eu ainda tinha pela frente e fiquei exausta.
Queria ligar para Olívia, mas não sabia o celular dela de cabeça, o de Cristofer eu sabia.
- Você o quê? - desconfiei que ele tivesse se sentado depois de ouvir que eu tinha recuperado a memória.
- Sim. E estou muito desapontada com vocês e com meus pais e...
- Sofia! Você não pode me culpar, conhece sua mãe. Eu não tive escolha - não me deixou terminar.
- Eu tenho que fazer exames de rotina. Como acharam que iam poder esconder isso?
- Conversamos sobre isso. Eu dei um prazo seguro à ela.
- Olha, tudo bem - suspirei. - Queria que fizesse um favor.
- Diga - respondeu prontamente.
- Quero encontrar com você e com a Olívia. Pode ser?
- Claro.
- Cristofer?
- Oi?
- Eu estava com saudades - confessei.
- Eu também, Sofia. Estou feliz que esteja de volta.
Combinamos de nos encontrar no café da namorada dele, que não era muito longe do hospital, assim se eles precisassem voltar, estariam por perto.
Fiquei feliz em saber que eles estavam bem novamente depois do que tinha acontecido com os dois, mas não me ative muito a isso. Egoísta
Quando cheguei, vi Cristofer perto do balcão conversando com ela. Ele parecia tão sereno e feliz, como se ele tivesse sido descascado daquela casca grossa e triste que ele tinha virado anteriormente. Fiquei feliz por ele. Um pouco de calor para o meu coração frio.
Me aproximei lentamente, um pouco constrangida de interromper. Mesmo que eles estivessem cada um de um lado do balcão, pareciam estar imersos numa bolha só deles.
- Oi - falei quando cheguei perto dele.
- Oi! - cumprimentou se virando para mim, revelando uma Sofia sorridente atrás dele.
Tentei não ficar carrancuda como havia me habituado.
- Você está bem? - escutei ele falar abafadamente por conta do abraço apertado. - Me diz como está! - olhou para mim preocupado.
- Estou tentando fazer com que tudo fique bem.
- Oi, Sofia. Como está? - ela saudou gentilmente, os olhos verdes brilhantes.
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Alucinante
RomanceSofia sempre nutriu amores platônicos por astros do rock. Alucinar com um deles parecia um sonho até virar um pesadelo em potencial. Uma história que, dadas as condições, deve ser interpretada com a devida liberdade poética. TODOS OS DIREITOS RESERV...