- Nossa, quanta hospitalidade – disse quando entrei no meu quarto do hospital.
- Não é? – Cristofer respondeu logo atrás de mim.
- Até lembra o hotel cinco estrelas que ficamos recentemente – ironizei.
- A comida aqui é melhor – falou piscando.
- Cadê Olívia?
- Está em cirurgia, assim que terminar, sabe deus quando, vem aqui te fazer uma visita.
Assenti com a cabeça e sentei na cama que seria minha pelos próximos meses?
Quanto tempo eu vou ficar aqui?
Suspirei quando pensei no fato.
- Você vai ficar bem? – Cristofer quis saber ao ver minha expressão.
- Vou sim – respondi desanimada.
- Logo eu volto para iniciarmos o tratamento, ok?
- Sim, senhor doutor.
Então ele se foi me deixando com a coisa que eu mais tinha medo na vida. Meus pensamentos.
Carter entrou pela porta assim que Cristofer saiu.
- Tava demorando – falei me jogando para trás na cama.
Ficou parado de sua forma usual me encarando com aquele cabelo démodé e a mesma jaqueta de sempre.
- Você podia, pelo menos, fazer turnos alternados com Heaven. É maníaco da minha parte querer ver ele? É. Mas se eu tenho que alucinar, que seja com Heaven!
Ele não se moveu.
- Podia dar um recado para ele? Que eu estou bem louca por ele e que vou sentir saudade quando eu estiver curada? Você me deve isso.
E então comecei a gargalhar sem parar.
- Curada! Você escutou o que eu disse? – falei sem fôlego. – Como se fosse mesmo possível. Adoro que eu ainda tenha senso de humor, mesmo numa situação como estas.
- Não tem a menor graça, Sofia – Olívia me repreendeu da porta me dando um baita susto.
- Isso, vá em frente, me mate de susto e me poupe dessa morte lenta e horrível.
- Você merecia uma surra.
- Tá esperando o quê?
Ela me olhou de canto De olho.
- Sabe – falei me ajeitando na cama – eu fui esses dias no mercado. Estava lá pensando nas coisas que eu queria comer pela última vez quando passei pela área de higiene. Coloquei automaticamente dois frascos de xampu no meu carrinho! – exclamei como se tivesse acabado de contar o maior absurdo da minha vida.
- Sofia... – me repreendeu.
- Eu, justo eu que não vou ter mais que me preocupar com isso em pouquíssimo tempo. Mas olha o lado positivo: economia – terminei fazendo um sinal de jóia.
- Não vou discutir com você logo hoje – falou respirando fundo para se acalmar quando Cristofer e os outros médicos chegaram ao meu quarto.
- Olá, Sofia – o neuro me saudou como eu sempre fiz com meus pacientes. Sem perguntar "oi, tudo bem" como as outras pessoas estão acostumadas a fazer, pois obviamente, eu não estava nada bem.
- Oi – respondi cordial.
- Já conversei com Cristofer e estamos à par de sua decisão. Hoje começamos com o IL 2¹, tudo bem?
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Alucinante
RomanceSofia sempre nutriu amores platônicos por astros do rock. Alucinar com um deles parecia um sonho até virar um pesadelo em potencial. Uma história que, dadas as condições, deve ser interpretada com a devida liberdade poética. TODOS OS DIREITOS RESERV...