Concordei com uma revirada de olhos e me virei de costas. Assim que tirei a blusa, ele colocou uma toalha sobre minhas costas e eu imediatamente me enrolei nela. O conforto que senti foi imediato, mas ainda preferia estar lá dentro com ele.
- Você não parecia tímida há cinco minutos.
- Não lembro - brinquei.
- Sei... Seus lábios estão roxos - reparou se secando.
- Acho que a temporada de mergulhos acabou hoje, definitivamente.
- Nem tinha começado - resmungou com pesar.
O ar estava muito fresco. Meu corpo começava a doer de frio.
- Eu trouxe uma camisa minha para você.
- Pensou em tudo mesmo.
Ele foi até o carro e voltou com a camisa mais florida que eu já tinha visto em toda minha vida.
- Mas de onde saem essas suas roupas?
- Isso se chama estilo.
- Às vezes parece que eu fiquei cinquenta anos em coma. As coisas estão tão diferentes - falei sentando na colcha que estava no chão.
- Ainda bem que as coisas mudam, Sofia.
- Eu sei, mas, é estranho quando você não acompanha a mudança.
Ficamos parados contemplando a água em silêncio e enrolados em toalhas gigantes.
- Feche os olhos - pedi.
- Não quero - sorriu.
- Vai...
Ele se rendeu e virou o rosto para o outro lado para que eu pudesse colocar a camisa floral.
- Pronto.
- Ficou linda em você - disse quando abotoei o último botão.
Sorri e me recostei nele olhando para frente e respirei fundo.
- Qual será minha música favorita?
Ele me olhou intrigado estreitando um dos olhos como se estivesse avaliando a música que combinasse comigo.
- Qual sua música favorita? - perguntei antes que ele falasse qualquer coisa.
Ele olhou para frente e sorriu suavemente.
- Hey Jude.
- Sério?
- Sim - voltou a olhar para mim. - Inclusive, pensando bem, ela combina com você.
Eu estava mirando o horizonte, vendo o alaranjado do sol refletido na água, era difícil permanecer de olhos abertos, então os fechei.
A letra me veio na cabeça como se eu pudesse ler. E ele tinha razão. Fazia sentido.
- Não carregue o peso do mundo nos seus ombros - escutei ele falar ao meu ouvido enquanto eu ainda mantinha os olhos fechados.
Me virei para ele e senti um calafrio percorrer minha coluna. Mas dessa vez, não era de frio.
Tive que beijá-lo. Mas ele começou a falar mais uma vez.
- Vamos, antes que você vire abóbora.
- Hoje você está especialmente estraga prazer.
- E eu achando que hoje tinha te proporcionado um pouco.
- Proporcionou prazer sim - falei me levantando e ajudando ele a recolher as coisas. - Obrigada.
- Sempre que quiser.
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Alucinante
RomanceSofia sempre nutriu amores platônicos por astros do rock. Alucinar com um deles parecia um sonho até virar um pesadelo em potencial. Uma história que, dadas as condições, deve ser interpretada com a devida liberdade poética. TODOS OS DIREITOS RESERV...