Meu celular apitou e eu despertei do sono que estava muito leve.
Tateei pela cama, mas não encontrava ele no meio de tanto edredom. Sentei na cama e sacudi a coberta fazendo o celular voar direto para o chão.
Bufei antes de descer da cama para recolher o celular com medo dele ter se despedaçado. Por sorte, e milagrosamente, ele estava inteiro.
Sou eu, o Heaven.
Queria te ver.
- Olívia! - gritei alto demais.
Com certeza ela deve ter dado um jeito de passar o meu número pra ele, mas como?
Encarei as letras por um momento imaginando como responder aquilo. Ele estava sendo normal, teoricamente. Não invadiu minha casa, nem apareceu de surpresa.
Quis falar para ele vir em casa, mas quando ficássemos sozinhos, com certeza usaríamos o sexo e não as palavras. Tinha que ser um lugar público. Azar o dele de ser notório.
Amanhã.
Segue o endereço.
Depois que enviei, me senti péssima por ter sido tão grossa. Apoiei o rosto nas mãos um pouco arrependida. Mas eu não sabia como reagir em relação a ele. Ser ríspida tinha virado meu comportamento padrão.
Você vai gostar de lá.
Mandei logo em seguida.
Segundos depois obtive resposta.
Eu tenho certeza que sim!
***
- Sofia - Olívia me saudou quando me viu no hospital. Já era tarde, mas não tínhamos nos visto ainda.
- Tudo bem?
- Tudo - falou meio sorridente.
Achei melhor não perguntar, mas ela continuou.
- Então... parece que você está em alguns meios de comunicação novamente - sorriu ressabiada.
- Ai não... - soprei.
- Aqui - me mostrou a tela do celular.
Lá estava eu com o segurança ruivo espalmando minhas costas no meio da multidão.
- Joia - falei irônica.
- Estão dizendo que você é o novo affair dele.
Eu tive que rir debochada.
- Preciso trabalhar - falei dando um beijo nela e saí.
- O que temos aqui? - perguntei para Jéssica quando entrei no quarto da paciente.
- Julia, dezessete anos, um aneurisma... - mas ela não conseguiu terminar a frase.
- Você é aquela mulher que está saindo com o Heaven, não é? - Julia interrompeu como se um aneurisma fosse simples.
- Desculpe - a mãe me pediu.
- Sem problemas - falei para a mãe da paciente e ia pedir para Jéssica continuar.
- Não. Não quero ela como minha médica - a garota falou virando o rosto para não ter que me olhar.
Jéssica olhou para mim em desespero.
- Julia! - a mãe interveio. - O que é isso?
- Na verdade, Julia, a doutora Sofia é a melhor e... - tentou Jéssica.
- Não quero - ela continuou de rosto virado para não olhar para gente.
A mãe estava apavorada com o comportamento da filha.
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Alucinante
RomansaSofia sempre nutriu amores platônicos por astros do rock. Alucinar com um deles parecia um sonho até virar um pesadelo em potencial. Uma história que, dadas as condições, deve ser interpretada com a devida liberdade poética. TODOS OS DIREITOS RESERV...