Desabei na minha cama sem força nenhuma, caindo justamente com toda força.
Quanta mentira.
Espremi meus olhos.
Será que estou sendo orgulhosa demais para enxergar que ele não fez por mal, ou estou sendo condescendente para poder me aproximar dele?
Meia garrafa de vinho depois, as coisas pareciam menos pesadas, como se o álcool fosse um atenuante de gravidade, apesar de nos deixar mais pesados.
Dormia tão torta que meu pescoço parecia estar travado quando eu tentei me mexer. Ainda estava sob efeito do vinho umas duas horas depois quando desci até a cozinha para tomar um analgésico para dor no pescoço.
Eu vou mesmo tomar analgésico com álcool?
Tive a sensação de ter escutado alguém bater na porta. Coloquei o copo que estava na minha boca de volta na pia e olhei em direção à sala. Mais uma vez o barulho.
Andei até lá arrastando as meias. Pelo vidro jateado, pude ver uma silhueta. Mas o álcool não me deixava pensar com clareza.
Abri a porta sem muita preocupação.
- Ah... - falei com excesso. - Mas será possível? - senti minha língua enrolar um pouco.
Ele permaneceu quieto.
- Use o mesmo controle que usou para entrar e dê meia volta - fechei a porta, mas ele a segurou.
- Me perdoa. Estou parecendo um psicopata. E isso está me atormentando. Se quiser chamar a polícia, não vou me opor - falou só com um pedaço do rosto aparecendo pela abertura da porta.
- Pfff - bufei soltando a porta. - Não seja ridículo.
Caminhei para a sala enquanto notei que ele estava receoso.
- Deixe o meu controle onde encontrou. As chaves também. E o que você quer ainda? - me irritei.
- Não sei, não. Pedir desculpa pela cena no café? - arriscou.
- Você é você mesmo? Ou efeito da minha bebida - ri sarcasticamente.
- Sou eu - falou agarrando meu pulso para pousar minha mão no peito dele.
Senti o coração bater enquanto o peito dele se movia ao respirar.
- Mas que coisa mais cafona - falei tirando a minha mão do peito dele. Mesmo que eu tivesse gostado da cafonice.
***
- Oi - falei quando abri meus olhos e vi que ele estava deitado no outro sofá, de frente para mim.
- Oi.
- Você ainda está aqui?
- Não tive coragem de ir. Você podia achar que eu era mais uma alucinação.
Fechei os olhos novamente
- O que aconteceu? - perguntei tentando me lembrar.
- Usei teu controle para entrar.
- Disso eu lembro - interrompi.
- Você apagou - começou. - Estava falando sem parar sobre coisas cafonas. Depois fez uma oferta tentadora. Falou que eu era um idiota e apagou no sofá.
Sentei ajeitando o cabelo.
- O que foi que eu falei?
- Falou para a gente fazer sexo de uma vez e acabar logo com isso.
- E você falou o quê?
- Fiquei puto.
- Ficou?
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Alucinante
RomanceSofia sempre nutriu amores platônicos por astros do rock. Alucinar com um deles parecia um sonho até virar um pesadelo em potencial. Uma história que, dadas as condições, deve ser interpretada com a devida liberdade poética. TODOS OS DIREITOS RESERV...