VIII. Aan de gang

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Julho

— Eu vou fazer eles entregarem os documentos nem que seja à força! — Hemming berrava assim que Lisa adentrou no cômodo, já não tão impressionada com o temperamento de seu mais novo colega de serviço.

— O que aconteceu?

A psicóloga passou os olhos de Hemming para seu assistente atrapalhado. Em seguida para Grace Collins e duas policiais que ajudavam ela com uma papelada, e por último em Gloria, sentada em uma das poltronas do local.

Gloria Jensen, os cabelos enrolados presos em um coque, tinha uma das mãos na boca, roendo as unhas com nervosismo. O corpo rechonchudo, bem como como os olhos escuros e o sorriso grande e amigável no rosto de pele negra – o que não acontecia no momento devido à situação de alerta, a tornavam praticamente perfeita para seu trabalho.

Gloria Jensen fora especialmente escolhida pela doutora Lisa Clark para ajudar Lucca. O motivo, além da competência e excepcionalidade da assistente social, fora a localidade da mesma. Lisa fora analítica o suficiente para escolher alguém proveniente da mesma cidade que a família Walker, com o objetivo de que isto facilitasse os planos que tinha para Lucca. Fizera uma ótima escolha, visto que o garoto passara a confiar em Gloria com uma facilidade que não ocorreu consigo.

Hemming, com o rosto vermelho de forma que destacava os olhos claros, postou as mãos da cintura. Lisa imaginou que fosse para não quebrar nada de seu escritório. Ou ninguém.

— Eles estão se recusando a nos entregar o resto dos documentos — resmungou com a voz grave, irritado. — A parte importante dos documentos — enfatizou. — Não precisamos saber a extensão de terra utilizada, nem quantos metros de plantação de couve haviam lá. Também estou pouco me fodendo para a idade de cada defunto encontrado no mato! — Gritou, bufando. — O que eu quero saber é o que diabos diziam nos arquivos que eles guardavam, nem que esteja em latim! Necessitamos saber a quantidade de armas que haviam lá, e a quantidade de metanfetamina que eles produziam, porque eu juro pelos meus ovos que ele produziam! Eu vi! — Luke chutou uma das cadeiras, levando os dedos aos cabelos em seguida, respirando fundo. Ergueu-os para Collins e Lisa em seguida. — Precisamos dos registros da quantidade de pessoas que lá haviam. Precisamos daqueles nomes, Clark.

Lisa inspirou fundo, dando razão a Hemming. Ele podia ser tempestuoso e usar de um palavreado nada adequado, mas tinha razão. Eles precisavam dos documentos e tinham de consegui-los, nem que tivessem que processar a delegacia de Amoran por obstrução de justiça e roubo de informação classificada.

Um mês antes, o xerife Gerard Henley havia feito uma ligação que mudara o rumo da investigação da I.E.C, subindo alto no conceito de Lisa. Havia tido alguns desentendimentos com o xerife de Cherub Field, mas não lhe restavam dúvidas de que era um policial e um ser humano íntegro.

Junho

Não entendo por que ninguém mencionou isto antes bufou Hemming, passando as mãos pelos cabelos escuros. Já se passou um mês desde que Lucca apareceu. Como ninguém mencionou isto antes? Aconteceu na cidade ao lado!

Estavam no escritório de Hemming, no departamento da I.E.C de Doubleville.

Luke estava andando de um lado ao outro dentro de seu escritório, ao passo que sua parceira, Collins, fazia inúmeras ligações pelo telefone e seu assistente atrapalhado pesquisava à respeito no computador. Lisa, sentada no sofá para que não tonteasse com a velocidade de seus pensamentos, limitou-se a suspirar.

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