XVIII. Stay

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Janeiro

— Lucca nasceu em 1999? — perguntou Nathan, abismado, trocando o olhar entre todos os presentes.

Mal haviam posto os pés em casa, após a quarta ida ao parque do mês, quando um carro estacionou em frente à residência Walker. Lucca havia subido para seu quarto, para que tomasse um banho quente e esquentasse o corpo, pálido pelo frio do lado de fora. Ameaçava a nevar, mais uma vez.

Fora uma surpresa encontrarem o rosto tenso de Lisa Clark atrás da porta, com o que parecia ser uma expressão muito clara: alguma coisa havia acontecido. Após ouvirem uma explicação rápida e sutil da agora psicóloga forense, nenhum Walker foi capaz de impedir o queixo de cair.

No entanto, havia mais à história para que a psicóloga aparecesse pessoalmente em sua residência.

— Sim — respondeu Lisa, os olhos azuis em seriedade. — Dezesseis de março — indicou ela, as sobrancelhas arqueadas. — Ele fará dezesseis anos em dois meses.

Estavam sentados nos sofás da sala, Lisa na poltrona que havia sido praticamente governada por Lucca.

— Já era de se imaginar, pelo que os médicos disseram — pronunciou-se Abigail, piscando muito. — Você mesmo, querido, havia suposto mais ou menos a idade de Lucca — falou, olhando para Nathan, que assentiu com um sorriso. — Mas é tão estranho...

— Eu sei — disse Nigel, passando um dos braços em torno do corpo pequeno de sua mulher. — Eu apenas... Eu não sei se estou compreendendo, Lisa — contou, olhando para a psicóloga. — Isso quer dizer o quê, exatamente? Você descobriram tudo a respeito dele?

Lisa abriu a boca para responder, mas Nathan também parecia confuso.

— Vocês descobriram quem são seus pais? — perguntou, atônito com a ideia. — Aliás, como vocês descobriram a data de seu nascimento?

Lisa suspirou, piedosa quanto à família unida que eram. Sorriu amarelo.

— Estas são informações confidenciais — respondeu, com uma expressão de quem se sente culpada. — Sinto muito — acrescentou, vendo os rostos serem tomados por frustração. — O que eu posso dizer é que, nos papéis que revelaram o nascimento de Lucca, não havia muito a seu respeito, especificamente. A identidade de seus pais, embora esteja provavelmente dentro dos nomes que temos, permanece desconhecida.

Nathan fechou os olhos, incapaz de saber se sentia-se frustrado com a falta de informação e a lentidão da investigação ou se sentia-se aliviado por não ter que saber. Tinha um medo profundo de descobrir coisas ainda mais perturbadoras a respeito da vida que Lucca tivera durante quinze anos.

Focou os olhos no rosto de Lisa, dando-se conta de que ainda não havia dito tudo o que queria.

— Por que veio até aqui para nos dizer isso? — perguntou ele, franzindo o cenho. — Podia haver ligado.

Lisa sorriu, remexendo-se na poltrona.

— A investigação a respeito do Acampamento tomou novas proporções — disse, lembrando-se da suspeita a respeito da própria polícia federal. — Digamos que o caso é maior do que pensávamos.

— O que isso quer dizer? — perguntou Abigail, com uma das mãos no peito, pesarosa.

— Ilegalidade — murmurou Nathan, perdido em pensamentos. Lisa girou os olhos para si, arqueando as sobrancelhas. — Tudo começou com imigrantes ilegais e imagino que o armamento do local em junção das drogas não fossem legais tampouco — disse, balançando a cabeça com incredulidade. — Suponho que o que a Dra. Lisa quer dizer é que o caso é mais grave do que pensavam — falou, encarando os pais com seriedade. Então, voltou-os à psicóloga. — Estou correto?

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