Melhores pais do mundo

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        —Mãe, pai, cheguei! —grito assim que entro em casa e vejo que não tem ninguém na sala.

        Caminho até a cozinha e saio fuçando os armários, para ver se acho algo fácil de fazer para comer e finalmente encontro um pacote, filho único, de miojo. O pego la do fundinho do armário, mesmo sendo de galinha, já que prefiro o de carne. Mas, quando não tem tu, vai tu mesmo. Afinal, quando a fome aperta qualquer sabor nos agrada. Não é mesmo?

        —Ei neném, quem era naquele carro? —minha mãe Antônia pergunta como sempre curiosa, mas é um amor de pessoa, apesar de insistir em me chamar de neném.

        —Uma pessoa que conheci no hospital que fui fazer os exames, ele quis me dar uma carona e como não o achei perigoso, acabei aceitando. —respondo enquanto pego uma panelinha para fazer meu jantar no estilo Masterchef.

         Vocês acreditaram nisso? Masterchef? Não que eu cozinhe mal, mas cozinhar com excelência não é minha melhor qualidade. As vezes eu queimo o arroz, o macarrão sai sem sal ou até mesmo o dia em que eu inventei de fazer uma lasanha. Como eu amo queijo, coloquei delicias e delicias de queijo na lasanha, e levei ao forno. Podem imaginar como ficou o forno quando os queijos derreteram para fora da forma? Fazer um forno gratinado não estava nos meus planos.

        —Você é doida? —ela indaga com as mãos na cintura, vestindo uma camisola toda sexy e sem calcinha.

       Acredite se quiser, mas ja estou acostumada a ve-la assim.

       Ela sempre diz que os homens são atraídos pelo que vêem e por se alimentar bem. Isso seria o que? Mulher bem cuidada e uma boa comida na mesa, mas ela insiste em dizer que se juntarmos mulher bem cuidada com sexo bom, dá no mesmo.

           Eu disse que meus pais não batem muito bem da cabeça e de vez em quando eu os pego, pelos cantos da casa, se beijando como se tivessem fazendo uma endoscopia com a língua.

        —Ele foi muito gentil e não achei perigoso, mãe. –respondo sentando num banco da mesa, para esperar a água ferver e ela faz o mesmo.

          —Podia ter acontecido alguma coisa, eu já te ensinei isso. — dá o sermão como se eu tivesse dez anos.

           —Eu sei e nunca faço isso, a senhora sabe, mas os olhos dele me passaram uma confiança tão grande. —falo lembrando do seu olhar sobre mim.

           —Ele é gato? Charmoso? Gentil? —ela pergunta entusiasmada, imaginando mil coisas, com certeza.

           Estou te falando que ela não bate bem. Estava me passando um sermão agorinha, mas já saiu do papel de mãe e encarnou o de melhor amiga. Eu amo essa mulher!

        —Ele é tudo isso e mais um pouco. —respondo sorrindo e me levantando pra por o miojo na água.

       —Rolou química? —ela pergunta e eu rio da forma jovial que falou.

       —Rolou química e um beijo de... —paro de falar para procurar a palavra certa.

       —Pré sexo! uhuuu!!!! —minha mãe responde e nós duas caímos na gargalhada.

       —Como ele é? —  pergunta visivelmente animada.

        —Moreno claro, sarado, barba bem traçada no estilo "homão da porra" e olhos azuis. Ahh e que olhos azuis! —respondo viajando na imagem dele.

         —Desliga senão vai comer miojo sem caldo. –minha mãe fala rindo, vendo que eu viajei nas lembranças.

        Desligo meu esplêndido jantar e após misturar o tempero, despejo num prato e ponho queijo por cima. Amo queijo, já falei?

Que nada me impeça de te amarOnde histórias criam vida. Descubra agora