Quem é você?

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--- Celly,me fala que você não vai se atrasar pro desfile  da empresa hoje!-disse Olívia, na cozinha de sua casa com uma mão segurando o celular ao ouvido e a outra mão segurando seu par de sapatos altos azul marinho. Ela amava muito sua amiga dos tempos de faculdade e sócia Marcelly, mas ficava louca com o péssimo costume que ela tinha de chegar atrasada em todos os lugares.
--Bom dia pra você também Liv!Claro que não vou me atrasar,ainda falta uma hora pro evento e eu já estou acordada -- disse bem-humorada.
--Exatamente!Falta apenas uma hora!Por mim eu já estaria lá mas a Lily e o Thomas estavam aqui ontem e deixaram a maior bagunça. Eles brincaram de guerra de pipoca e depois jogaram o que sobrou no quintal,nas palavras do Thomas: pra nascer mais!-- disse Olívia com carinho na voz.
--Hahahaha,seus sobrinhos são uma gracinha. Fica tranquila,aposto que o pessoal da organização do evento tem tudo sobre controle. E você já deixou as roupas separadas na ordem em que devem ser usadas no desfile,não tem erro. Agora vou levantar e começar a me arrumar. Até mais baby!
--Levantar?ainda?aiaiai. Aceleraaa,bjo.
Olívia acabou de calçar os sapatos,pegou uma fruta,para comer no caminho e procurou as chaves do carro ate encontrá-las dentro de um vaso de plantas artificiais.
-- Crianças.-- Era apaixonada nos sobrinhos e fazia questão de passar pelo menos algumas horas com eles no fim de semana,mas crianças eram bem barulhentas e bagunceiras. Imagine o que seria passar 24 horas por dia com eles. Não era a toa que seu irmão e sua cunhada sempre davam um jeitinho de sair pra jantar fora,passar um tempo a sós,todo fim de semana. O que era bom,porque assim ela nunca ficava sozinha no fim de semana. Ou estava trabalhando,ou estava com Thomas e Lilly.
Estava pegando sua bolsa quando ouviu a campainha tocar.
-- Já vou- disse , pensando em quem poderia ser naquele horário em plena segunda feira. Imaginou que fosse a vizinha do lado, uma senhorinha ranzinza que gostava de aparecer sempre que Olívia estava ocupada ou atrasada e passar horas reclamando do transito,do clima,do preço das coisas e de qualquer outra coisa que ela tivesse  assistido no jornal. Pensou em fingir que não estava mas lembrou que já tinha respondido.Respirou fundo e foi lentamente abrir a porta. Quem sabe a Sra Abigail desistia de esperar.
Mas ao abrir a porta , o que viu foi um bebê-conforto com um lindo bebezinho dentro.Olhou para os lados esperando ver a mãe e não tinha ninguém. Começou a ficar tensa,com a sensação de que estavam lhe pregando uma peça, saiu até a calçada,foi até a esquina,voltou,foi até a outra e nada. Nesse momento o bebê em questão começou a chorar.
--Ai meu Deus,o que eu faço agora?- disse correndo pra perto do bebê,que começou a  ficar com o rostinho vermelhinho e chorar mais alto ainda. Pegou o bebê no colo e tentou acalmar ele enquanto continuava olhando para os lados procurando alguém. Nem sinal. Começou a se desesperar,sem saber se entrava e olhava se estava tudo bem com o bebê ,  se ligava pra alguém.Decidiu fazer tudo isso. Entrou em casa,ninou o bebê até acalma-lo enquanto digitava o número da única pessoa com filhos que ela tinha contato:
--Camila,preciso da sua ajuda.Urgente! Tem como você vir aqui em casa agora?
--Aconteceu alguma coisa Olívia?você está me assustando!
-- Não...Sim... Não,eu estou bem, só vem aqui em casa o mais rápido que puder tá bem?
--Estou indo agora!Estou por perto pois estava deixando as crianças na escola. Em 5 minutos to aí.
--Obrigada-- disse Olívia desligando o celular. Olhou pro bebê em seu colo,que estava com uma carinha tranquila,como se não estivesse berrando há poucos minutos atrás, e perguntou-- Quem é você?Onde está sua mãe? Como você veio parar aqui?... Devo estar parecendo uma louca fazendo perguntas para um bebê que nem sabe falar.
Tentou colocar o bebê de volta no bebê-conforto,ele se mexeu incomodado e recomeçou a chorar baixinho.
-- Não chora,por favor-disse pegando ele no colo novamente e balançando. O bebê se acalmou e começou a fechar os olhinhos azuis,dando sinais de que estava com sono. Olívia respirou fundo e balançou ele devagar até ele dormir completamente mas,ao invés de colocá-lo novamente no bebê-conforto,ficou com ele no colo fazendo carinho em seus cabelos escuros lisinhos e imaginando que quem quer que fossem seus pais,deviam estar desesperados a sua procura.
Nesse momento a campainha toca novamente assustando ela e o bebê,que começa a chorar novamente. Ela abre a porta enquanto tenta acalma-lo. Na porta,sua cunhada,Camilla,faz uma cara de surpresa  e diz:
--De quem é esse bebê?
--Eu não sei!Não sei quem ele é,nem porque está aqui e nada do que eu faço acalma ele. Não sei mais o que fazer - diz Olívia desesperada.

Um bebê em minha porta. (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora