Capítulo 1

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Estou sentada em minha cama quase estática, com os olhos marejados vejo a luz do sol passar pela fresta da janela e decair sobre meus livros em cima da escrivaninha branca. Meus pensamentos submersos por lembranças e as minhas esperanças que acabaram de falecer junto Mercedes, a mulher que me criou.
Saio do transe pelos gritos de Saulo, neto de Mercedes me expulsando do casarão. Ele tem olhos grandes e cabelos encaracolados, usava uma calça jeans e camisa social mais não me parecia triste. Como alguém pode perder a mãe e não sofrer?

- Saia já, isso tudo é meu... Você não tem direitos aqui! Quando eu voltar espero que não esteja mais. - Ele diz aos berros com os olhos semi cerrados.

Contra um neto de sangue não há o que se fazer... A adoção não foi oficializada. Começo a arrumar os meus bens terrenos, apenas os mais importantes porquê não vou conseguir carregar mais do que uma mala por aí, Pego algumas economias e fotos minhas com Mercedes troco de roupa e saio decidida. Pego um táxi e vou até o aeroporto, pego uma passagem em direção a cidade de São Paulo, com um futuro que me soa uma incógnita. A única coisa que sei é o que li em um livro, a cidade chove sem precedentes... Sento-me em um dos bancos do aeroporto pego uma das revistas e começo a folhear. Meia hora depois o avião chega, passo pelo portão de embarque e entro no avião. Ando até o assento e me sento sem olhar para a pessoa ao lado da janela. Respiro fundo e penso em voz alta.

- Nunca fui muito mais longe que a livraria na rua de baixo e agora estou pegando um avião pra outro estado, meu coração chega a doer... são tantos acontecimentos!

- Poderia viajar calada. - A pessoa ao lado murmura.

Olho disfarçadamente e vejo um homem jovem e de boa aparência. reviro os olhos e me ajeito no assento. Imaginando o que o destino pode me oferecer sem perceber começo a balançar a perna direita como um frenesi, por sorte estava usando calças.

- O que você tem? - O homem pergunta em tom de arrogância.

(silêncio)

- Tem medo? nunca viajou de avião antes?! - O homem persiste, aumentando o tom de voz gradativamente.

- Nunca. - Respondo olhando para seus olhos azuis ou esverdeados, não consegui identificar por causa da réstia do sol que sobressaia da janela.

Ele me observa em silêncio. depois vira-se para frente e encara um papel.

Sim, estava morrendo de medo, mas não diria a um estranho.

Continuo pensando e me lembro de uma das amigas de Mercedes que a muito tempo não vejo, pego o celular e pesquiso o numero na agenda... Agradeço aos céus por ainda estar lá, minutos se passam e o avião começa a chacoalhar; me aguarro no "braço" da poltrona em pânico.

- Pode segurar minha mão se quiser. - Sugere.

Como assim?! Ele está debochando?

Fecho os olhos e continuo do mesmo jeito e sinto uma mão apertar a minha. Não consegui abrir os olhos. A turbulência para e percebo que não estava respirando.

- Você estava apavorada, está com falta de ar?

Continua segurando minha mão.

- Não, falta terra. - Respondo e deço o olhar para nossas mãos juntas.

- Isso é normal, e... Desculpe... Ter sido grosso mais cedo... Você não tem culpa dos meus problemas. - Fala enquanto tira sua mão da minha.

Sorrio sem mostrar os dentes e percebo que estávamos pousando; desço rapidamente, passo pelo portão de embarque e vou até a esteira esperar a minha mala como todos estão fazendo. Pego minhas coisas e caminho para a saída, passo pelo portão e vejo o homem entrando em um taxi. Ele parecia apressado, tiro o celular do bolso e disco o número de Alexandra.

Atende, atende, atende...

Um Chefe Apaixonado Por Mim (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora