Capitulo 1

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Vamos começar no ano de 2009, pois foi quando meu avô me disse que eu era diferente das outras pessoas, e que não era pra contar pra ninguém isso.

Mas antes, vamos falar um pouco sobre o vovô Abe, era a pessoa mais fascinante que eu conhecia. Ele tinha crescido em um orfanato, lutado em guerras, cruzado oceanos a bordo de navios a vapor e desertos a cavalo. Foi artista de circo, sabia tudo sobre armas, defesa pessoal e sobrevivência na selva, e falava pelo menos três línguas além do inglês. Sempre que o via, eu implorava que me contasse mais de suas histórias. Ele sempre me atendia e as contava como se fossem segredos que só pudessem ser confiados a mim e a meu irmão, que na época tinha apenas 3 anos (e eu 5).

 As histórias mais exageradas sempre eram sobre sua infância, sobre como nascera na Polônia e com cinco anos de idade fora mandado para um orfanato no País de Gales. Perguntei a ele muitas vezes e de diversas maneiras por que ele teve de se separar dos pais, e sua resposta era sempre a mesma: porque os monstros estavam atrás dele. A Polônia simplesmente estava infestada deles. --Como eram esses monstros?-- eu perguntava, com os olhos arregalados. --Daqueles terríveis, com pele podre e olhos negros -- respondia ele. Toda vez que ele os descrevia, acrescentava algum novo detalhe assustador: fediam como lixo podre; eram invisíveis, exceto por suas sombras; tinham tentáculos retorcidos escondidos na boca que podiam se projetar em um instante e puxar você para dentro de suas mandíbulas poderosas.

Ainda mais fantásticas eram suas histórias sobre o orfanato em que viveu no País de Gales. Era um lugar encantado, contava ele, projetado para manter as crianças protegidas dos monstros, em uma ilha onde o sol brilhava todos os dias e ninguém jamais adoecia ou morria. Todos viviam juntos em uma casa grande protegida por uma ave velha e sábia. E todas as crianças possuíam alguma habilidade especial, que as tornavam muito preciosas e precisavam ser protegidas desses monstros.

Havia uma garota que podia voar, um menino que tinha abelhas vivendo dentro dele, um irmão e uma irmã que podiam erguer facilmente pedras enormes, um menino que conseguia fazer viver os mortos. 

As historias que ele contava eram demais, mas eu sempre soube que elas não eram só historias, vovô queria nos preparar para o mundo peculiar, mesmo não sabendo se seriamos ou não.Meu irmão deixou de acreditar nelas bem rápido, quando ele tinha una 7 anos, mas eu não, eu sabia que era peculiar. Foi fácil descobrir uma das minhas peculiaridades, pois assim que eu aprendi a falar eu conversava muito com todos os animais de estimação que eu via, e eles sempre me respondiam. 

Meus pais falavam que era coisa de criança, -- Toda criança fala com os bichos, e na imaginação delas eles estão respondendo-- diziam eles. Mas vovô sempre me disse que acreditava em mim. quando eu tinha uns 10 anos, meus pais começaram a se preocupar comigo, achavam que eu tinha algum tipo de transtorno ou algo do tipo. Fui em mil psicologas e sempre diziam a mesma coisa --Pais, não se preocupem, isso é coisa de criança. A unica coisa que ela tem é uma imaginação fértil-- mas eles não aceitavam isso, até que meu avô resolveu falar comigo sobre isso, --Pequena, lembra das historias que eu te conto, então as crianças não podem contar pra ninguém que elas são diferentes, porque é muito perigoso. Tudo bem? Você não pode contar pra ninguém que você é diferente-- mas eu retrucava, -- Mas vovô, e pre você? Eu posso contar?-- ele disse que sim, e a partir desse dia eu não toquei mais no assunto de falar com os bichos. 

Dês de então, várias coisas começaram a mudar em mim, pode ter sido causado pela puberdade, mas eu não tenho certeza, mas continuando, eu adquiri a habilidade de telecinese, e um dia, quando eu tinha uns 12, 13 anos, comecei a ter uma sensação estranha nas costas, era como se algo quisesse sair. Parecia que eu tinha um aliem invisível atrás de mim, aí, no meio da noite eu notei que tinham penas por todo meu quarto, achei muito estranho, levantei da cama, e fui acender a luz, no meu quarto eu possuía um espelho na porta (que estava fechada), e a porta ficava ao lado do interruptor. Ao acender a luz, quase caí no chão de susto, pois nas minhas costas tinham duas asas negras, no mesmo tom do meu cabelo na época. E o mais legal, eu conseguia "esconder" essas asas dentro de mim e as "liberar" quando quisesse. 

No dia seguinte do ocorrido eu fui na casa do vovô pra contar a novidade, e ele disse que não era pra mim NUNCA MAIS usar aquelas asas, pois os monstros poderiam ir me pegar. Claramente fiquei muito assustada, mas assenti, e ele me fez prometer isso. Por mais incomodo que aquilo fosse (o aliem nas minhas costas) nunca mais as usei, bom, ou pelo menos até o dia da grande descoberta, mas isso, leitor, é história para mais tarde.

NOTA: Esqueci de comentar, que, em meados de 2009 eu comecei a trocar cartas com o menino que fazia os mortos viverem.  

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