— Não tente fazer com que eu me sinta melhor! — disse ela. — Isso está acontecendo por sua culpa!
— Há dez minutos você estava me agradecendo! — exclamei.
— Há dez minutos a senhorita Peregrine não tinha sido raptada! — respondeu ela aos berros.
— Emma para de gritar com ela! — interveio Enoch. — O que importa agora é que a Ave sumiu e precisamos trazê-la de volta.
— Isso mesmo — disse eu. — Então vamos pensar. Se vocês fossem acólitos, para onde levariam duas ymbrynes raptadas?
— Depende do que eu quisesse fazer com elas — respondeu Enoch —, e isso nós não sabemos.
— Antes de tudo, seria preciso tirá-las da ilha — disse Emma. — Nesse caso, eu precisaria de um barco.
— Mas que ilha? — perguntou Jake. — Dentro ou fora da fenda?
— Lá fora a ilha está embaixo de uma tempestade — falei. — Ninguém consegue ir longe de barco por lá.
— Então ele deve estar deste lado — disse Emma, começando a parecer esperançosa. — O que estamos fazendo aqui parados? Vamos até as docas!
— Talvez ele esteja nas docas — resmungou Enoch —, se é que ainda não foi embora. E, mesmo que não tenha ido e a gente consiga encontrá-lo no meio dessa escuridão toda, sem sermos esburacados por estilhaços de bombas no caminho, ainda temos de nos preocupar com a arma dele. Vocês enlouqueceram? Preferem que a Ave seja sequestrada ou morta a tiros na nossa frente?
— Está bem! — exclamou Hugh. — Vamos desistir e voltar para casa, combinado? Quem quer uma xícara quentinha de chá antes de dormir? Droga, já que a Ave não está em casa, podemos preparar um drinque! — Ele chorava, e enxugou os olhos num gesto enfurecido. — Como vocês podem deixar de sequer tentar, depois de tudo o que ela fez por nós?
Antes que Enoch pudesse responder, ouvimos alguém na trilha gritando por nós. Hugh se adiantou, tentando ver o que era, e depois de um instante sua expressão ficou estranha.
— É Fiona — disse ele.
Até aquele momento, eu não tinha ouvido Fiona dar nem um pio. Era, porém, impossível entender o que ela dizia em meio ao barulho de aviões e explosões distantes, por isso fomos correndo pelo lamaçal até ela. Quando chegamos à trilha, estávamos ofegantes, e Fiona, rouca de tanto gritar, seus olhos tão estranhos quanto seu cabelo. Ela imediatamente começou a nos puxar, a nos arrastar na direção da trilha para a cidade, gritando em tamanho frenesi com seu sotaque irlandês que nenhum de nós conseguia entender o que dizia. Hugh a segurou pelos ombros e lhe disse para ir mais devagar. Ela respirou fundo, tremendo como vara verde, e apontou para trás.
— Millard o seguiu! — disse ela. — Ele estava escondido quando o homem trancou todos nós no porão, e, quando foi embora, Millard foi atrás dele.
— Para onde? — perguntei.
— Ele pegou um barco.
— Viram?! As docas! — exclamou Emma.
— Não — disse Fiona. — Era o seu barco, Emma, que você achava ser um segredo, o que você esconde naquela sua prainha.
— Oh — disse ela baixinho.
— Ele partiu no barco com a gaiola, mas começou a remar em círculos. E, quando a correnteza ficou forte demais, ele desembarcou na rocha do farol, e é lá que ainda está.
Corremos o mais rápido possível até o farol. Quando chegamos aos penhascos de onde podíamos vê-lo, descobrimos o resto das crianças perto da beirada, atrás de um capinzal.
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Peculiar history
Hayran KurguUma historia sobre os livros do Orfanato da sta. Peregrine para crianças peculiares mas na visão da irmã mais velha de Jacob Portman, porém, mais focada em um romance um tanto quanto peculiar. Emoção, drama, romance, são algumas das sensações que vo...