Capítulo 22

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Uma equipe expedicionária foi montada. Iriam se juntar a mim e Jake Emma, que se recusou terminantemente a deixar Jake ir sozinho, Bronwyn, que estava contrariada porque ia deixar a srta. Peregrine com raiva, mas insistiu que precisávamos de sua proteção, e Enoch, cujo plano nós íamos executar, e segundo ele, iria me proteger. Millard, cuja invisibilidade podia ajudar bastante, não quis tomar parte naquilo e teve de ser subornado só para que não nos entregasse.

— Se todos formos — raciocinou Emma —, a Ave não poderá banir apenas Jacob e Luana. Terá de banir todos nós.

— Mas eu não quero ser banida! — disse Bronwyn.

— Ela nunca faria isso, Wyn, essa é a questão. E, se conseguirmos voltar para casa antes da hora de dormir, talvez ela nem perceba que saímos.

Eu tinha minhas dúvidas quanto a isso, mas todos concordamos que valia a pena arriscar. Tudo ocorreu como uma fuga de prisão. Depois do jantar, quando a casa estava mais caótica e a srta. Peregrine mais distraída, Emma fingiu que ia para a sala de estar, eu e Enoch, para a biblioteca, e alguns minutos depois nos encontramos no fim do corredor do segundo andar, onde um pedaço do teto tinha sido puxado para revelar uma escada. Enoch subiu e eu o segui, fechando a escada atrás de mim. Estávamos no espaço pequeno e escuro do sótão. De um lado, havia uma saída de ventilação — cujos parafusos foram retirados com facilidade —, que dava para uma área plana do telhado.

Saímos para o ar da noite e vimos que os outros já estavam à nossa espera. Bronwyn deu um abraço esmagador em cada um de nós e nos entregou capas de chuva pretas que pegara num armário. Sugeri que as vestíssemos como medida de proteção contra a forte tempestade do outro lado da fenda. Estava prestes a perguntar como desceríamos até o chão quando Olive surgiu flutuando na beira do telhado.

— Quem quer brincar de paraquedas? — disse ela, com um largo sorriso.

Estava descalça: deixara os sapatos de chumbo em algum outro lugar, e havia uma corda amarrada em torno de sua cintura que estava presa em algo lá embaixo. Curioso para saber a que ela estava presa, debrucei-me para fora do telhado e vi Fiona acenando para mim de uma janela, com a corda na outra mão.

— Você primeiro Jake — disse Enoch.

— Eu? — retrucou, afastando-se nervoso da beirada. — Eu primeiro o

quê?

— Abrace Olive e pule — disse Emma.

— Não lembrava que o plano incluía essa parte em que eu estraçalho a espinha.

— Não vai acontecer nada, bobinho, se você não largar Olive. É muito divertido. Já fizemos isso um monte de vezes. — Então ela parou e pensou por um instante. — Bem, uma vez.

Eu não ia me arriscar, por isso abri minhas asas.

— Desculpa gente, não confio muito nisso ai não, mas eu acho que não aguento muito mais peso comigo não, você quer vir comigo Enoch?

— Claro que sim, qualquer oportunidade que eu tenho para me agarrar eu você eu aceito — ele respondeu com uma cara maliciosa.

—E eu?! — Jake disse com medo — Eu sou seu irmão!

— Não fica com medo não. — respondi rindo. Enoch se agarrou em mim e descemos. Quando chegamos ao solo, ele me beijou.

— Não tenha medo! — Deu pra escutar Olive falando do telhado.

— É fácil para você dizer, já que não cai — Jake falou.

— Foi divertido — disse Olive. — Agora me solte!

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