Ficamos deitados nas rochas sob o céu que começava a clarear, recuperando o fôlego e tentando superar a exaustão. Millard, Enoch e Bronwyn tinham perguntas. Não tínhamos, porém, fôlego para respondê-las. Mas eles haviam visto o corpo de Golan cair e o submarino emergir e afundar, e a srta. Peregrine sair da água, mas não a srta. Avocet; entenderam o que era preciso. Enoch me abraçou ate para de tremer, pelo frio, e Bronwyn também colocou a diretora embaixo de sua camisa, para aquecê-la contra a barriga. Quando tínhamos nos recuperado um pouco, entramos no barco a remo de Emma e fomos para a praia.
Quando chegamos lá, todas as crianças entraram na água para nos receber.
— Nós ouvimos tiros!
— O que era aquele barco estranho?
— Onde está a senhorita Peregrine?
Descemos do barco e Bronwyn levantou a camisa para revelar a Ave escondida ali. Todas as crianças se aglomeraram em volta dela, e a srta. Peregrine levantou o bico e piou para elas, para mostrar que estava cansada mas bem. Todos comemoraram aos gritos.
— Vocês conseguiram! — berrou Hugh.
Olive fez uma dancinha e cantarolou:
— A Ave, a Ave, a Ave! Emma e Luana salvaram a Ave!
Mas a celebração foi curta. A ausência da srta. Avocet foi logo percebida, assim como a condição alarmante de Millard. Seu torniquete estava apertado, mas ele perdera muito sangue e estava fraco. Enoch lhe deu seu casaco, Fiona, seu chapéu de lã.
— Vamos levar você para ver o médico na cidade — disse Emma a ele.
— Bobagem — retrucou Millard. — O homem nunca botou os olhos num garoto invisível e não saberia o que fazer se visse um. Ou ia esterilizar o membro errado ou sairia correndo aos gritos.
— Não importa que ele saia correndo aos gritos — disse ela. — Depois que a fenda de tempo for reiniciada, ele não vai se lembrar de nada.
— Olhem ao redor de vocês. A fenda devia ter sido reiniciada há uma hora.
Millard tinha razão. O céu estava calmo, a batalha havia terminado, mas colunas de fumaça de bombas subiam e se misturavam com as nuvens.
— Isso não é nada bom — Enoch disse, e todos ficaram em silêncio.
— De qualquer forma — prosseguiu Millard —, todo o material de que preciso está em casa. Apenas me deem um pouco de láudano e limpem a ferida com álcool. Só acertou a carne do meu braço. Em três dias estarei bem de novo.
— Mas ele ainda está sangrando — disse Bronwyn, apontando gotas vermelhas que pontilhavam a areia embaixo de Millard.
— Então aperte mais esse maldito torniquete!
Foi o que ela fez, e Millard engasgou de um jeito que fez todo mundo se encolher de medo, depois desmaiou nos braços dela.
— Ele está bem? — perguntou Claire.
— Só desmaiou, mais nada — disse Enoch. — Ele não está tão bem quanto quer parecer.
— O que devemos fazer?
— Pergunte à senhorita Peregrine! — disse Olive.
— Isso. Ponham-na no chão para que ela possa se transformar — disse Enoch. — Ela não pode dizer para a gente o que fazer enquanto é uma ave.
Então Bronwyn a colocou numa faixa seca de areia e nós nos afastamos e esperamos. A srta. Peregrine pulou para cima e para baixo algumas vezes e bateu a asa boa, depois girou a cabeça emplumada e piscou para nós. Mas foi tudo. Ela continuou uma ave.
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Peculiar history
FanficUma historia sobre os livros do Orfanato da sta. Peregrine para crianças peculiares mas na visão da irmã mais velha de Jacob Portman, porém, mais focada em um romance um tanto quanto peculiar. Emoção, drama, romance, são algumas das sensações que vo...