Na tentativa de evitar um novo sermão, eu me levantei cedo, mandei uma mensagem pro Jake me encontrar lá em baixo, e saí antes que meu pai acordasse.Antes de sair fui ver o girassol que Enoch me deu, mas ele não estava na mesa de cabeceira onde eu tinha deixado. Uma busca cuidadosa pelo chão revelou uma grossa camada de poeira. Estava começando a me perguntar se alguém tinha o roubado, quando me dei conta de que aquela poeira era o girassol, e que em algum momento durante a noite ele tinha se estragado muito, de decompondo e virando poeira.
Intrigada e com o estômago roncando, joguei fora a poeira e fui ver se Jake já estava lá embaixo, assim que ele chegou, deixamos para trás a chuva que caía em troca do confiável sol da fenda. Dessa vez, porém, não havia ninguém à nossa espera do outro lado do cairn. Tentei não ficar muito desapontada, mas estava, um pouco.
Quando cheguei à casa, imediatamente comecei a procurar por Enoch, mas a srta. Peregrine nos interceptou antes que passassemos pelo saguão de entrada.
— Uma palavra com vocês, senhor e senhorita Portman — disse ela, e nos conduziu
para a privacidade de sua cozinha, ainda impregnada dos cheiros deliciosos do
café da manhã que eu tinha perdido. Eu me senti como se tivesse sido chamada
ao gabinete do diretor.
A srta. Peregrine se acomodou contra o fogão gigante, um equipamento formidável que podia muito facilmente ter cem anos, quando a fenda no tempo ainda era nova.
— Estão gostando dessa temporada aqui conosco? — ela perguntou.
Respondi que estava, muito. Meu estômago roncou.
— Que bom — retrucou ela, e então seu sorriso desapareceu. — Soube que
passaram uma tarde agradável com alguns de meus tutelados ontem. E que também
tiveram uma conversa bem interessante.
— Foi ótimo — disse Jake. — Eles são todos muito simpáticos. — Tentava manter a leveza daquela conversa, mas sabia que ela estava nos preparando alguma.
— Diga-me, como descreveria a natureza de sua conversa? -- ela perguntou pro meu irmão
— Não sei... conversamos sobre várias coisas. Como as coisas são aqui. Como elas são de onde eu venho.
— De onde você vem.
— Isso.
— E você acha inteligente discutir eventos do futuro com crianças do passado?
— Crianças? É isso mesmo que a senhora pensa deles? — deu pra ver que ele se arrependeu de dizer isso antes mesmo de terminar de pronunciar as palavras.
— É como eles também veem a si mesmos — disse ela com irritação. — Do que mais você poderia chamá-los?
Levando em conta seu humor, essa não era uma sutileza a se discutir.
— Crianças, acho...
— Isso mesmo. Agora, como eu dizia — prosseguiu ela, enfatizando as palavras com pancadas dadas com a lateral da mão no fogão —, você acha inteligente discutir o futuro com crianças do passado?
— Não?
— Ah, mas parece que acha, sim! Sei disso porque ontem à noite, no jantar, Hugh nos presenteou com um relato fantástico sobre as maravilhas das tecnologias de telecomunicações do século XXI. — A voz dela estava impregnada de sarcasmo. — Você sabia que quando envia uma carta no século XXI ela pode ser recebida quase instantaneamente?
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Peculiar history
FanfictionUma historia sobre os livros do Orfanato da sta. Peregrine para crianças peculiares mas na visão da irmã mais velha de Jacob Portman, porém, mais focada em um romance um tanto quanto peculiar. Emoção, drama, romance, são algumas das sensações que vo...