Capítulo 15

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Corremos de volta para a cidade, molhados e congelando, eu estava sorrindo como uma idiota. Ainda estava a várias quadras do pub quando ouvi um barulho estranho surgir acima do ruído dos geradores — alguém chamando meu nome e o de Jake. Corremos na direção da voz e encontramos meu pai parado no meio da rua com o suéter ensopado, a fumaça de sua respiração à sua frente, como a válvula de uma panela de pressão em uma manhã fria.

— Garotos, eu estava procurando vocês!

— Você disse para voltar para o jantar, então aqui estamos!

— Esqueça o jantar. Venham comigo.

Meu pai nunca pulava o jantar. Algo estava definitivamente errado.

— O que está acontecendo?

— Vamos — disse ele. — Explico no caminho. — Ele me olhou com atenção. — Você está toda molhada! — exclamou. — Pelo amor de Deus, Jacob você perdeu o outro casaco também?

— Eu, hum...

— E por que seu rosto está vermelho? Vocês parecem queimados de sol.

Droga. Uma tarde inteira na praia sem usar protetor solar.

— Estou com calor de tanto correr até aqui — respondi, apesar de a pele nos meus braços estar arrepiada de frio.

— O que aconteceu? Alguém morreu, ou o quê? -- Jake falou

— Não, não, não — disse ele. — Bem, algo do tipo. Uma ovelha.

— O que isso tem a ver com a gente?

— Eles acham que crianças fizeram isso. Como um ato de vandalismo.

— Eles quem? A polícia das ovelhas?

— Os fazendeiros — respondeu. — Eles basicamente interrogaram todo mundo com menos de vinte anos, todo mundo menos você e sua irmã. E, é claro, estão muito interessados em saber onde estiveram o dia inteiro.

Senti um aperto no estômago. Mais uma vez eu não tínhamos uma desculpa muito boa, eu e Jake nos entreolhamos e me apressei a pensar em uma enquanto seguíamos para o Buraco do Padre.

Diante do pub havia uma pequena multidão reunida em torno de um grupo de criadores de ovelhas muito furiosos. Um deles usava um macacão enlameado e se apoiava ameaçadoramente sobre um forcado. Outro segurava Verme pela gola. Verme estava vestido com calças de agasalho esportivo fluorescentes e uma camiseta onde se lia EU ADORO QUANDO ME CHAMAM DE PAIZÃO.

Ele tinha chorado e havia uma bolota de catota acima de seu lábio superior. Um terceiro fazendeiro, muito magro e com uma boina de tricô, apontou para Jake quando nos aproximávamos.

— Por onde você andou, filho?

Meu pai deu um tapinha nas costas dele.

— Conte a eles — disse com confiança.

Ele tentou agir como se não tivesse nada a esconder.

— Eu e minha irmã estávamos explorando o outro lado da ilha. A casa grande.

O homem de boina de tricô pareceu confuso.

— Que casa grande?

— Ele está falando daquele monte de destroços velho na floresta — disse o do forcado. — Só um completo idiota poria os pés lá. O lugar é enfeitiçado e também muito perigoso.

Boina de Tricô apertou os olhos para me ver melhor.

— Na casa grande com quem?

— Minha irmã — respondi, no que meu pai me lançou um olhar engraçado.

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